Loading
20 de Junho, 2015 Carlos Esperança

As religiões e a liberdade

A vocação totalitária das religiões está inscrita no código genético. Não há democracia onde o poder da Igreja não se encontre claramente limitado, nem liberdade onde não se tenha imposto o laicismo. Já Pio IX tinha afirmado a incompatibilidade da ICAR com a liberdade e a democracia – sábias palavras de um pontífice que odiava a modernidade e os judeus com igual fervor.

Há muito que o Diário de uns Ateus acompanha o ressurgimento dos neo-cruzados que, como feras esfaimadas se atiram contra governos democráticos na tentativa de imporem a verdade única e fazerem da Bíblia a fonte do direito. Não compreendem que haja mais mundo para além do direito canónico e dos dogmas da sua Igreja.

São bandos de beatos à solta, bárbaros sedentos de proselitismo, clérigos fanatizados em campos de treino do Vaticano e do Opus Dei. A igreja das cruzadas e da inquisição renasce e a Contra-Reforma avança. É o mercado da fé à procura da globalização.

O avanço dos neoconservadores americanos e a infiltração no aparelho do Estado mais poderoso do mundo por beatos evangélicos, em perfeita simetria com o histerismo do islão político, lança a ICAR através das Conferências Episcopais na desvairada deriva contra o poder secular, ora atenuado enquanto não decidem o que fazer a este papa.

Em Espanha a agressividade religiosa, promovida pelos bispos, é um vigoroso ataque à democracia desferido por lacaios do único estado totalitário europeu – o Vaticano.

Na América do Sul, há poucos anos apoiavam os ditadores assassinos, hoje ameaçam e limitam as transformações democráticas em curso.

Em Timor Lorosae, após a independência, dois bispos ameaçaram lançar o País numa guerra civil e humilharam os governantes faltando a reuniões adrede preparadas, sem explicações ou desculpas, exigindo a demissão de quem tinha legitimidade democrática, encaminhando o País para uma teocracia.

Em Timor Lorosae, os bispos começaram por exigir a revogação da lei que criou, a título experimental, o carácter facultativo do ensino religioso em 32 escolas. Depois pediram demissão do chefe do Governo, depois exigiram «a imediata remoção do primeiro-ministro». Saudades de Mussolini que criou o Estado do Vaticano e tornou obrigatório o ensino do catolicismo nas escolas públicas.

O bispo de Baucau, Basílio do Nascimento, declarou então à Lusa, «ter proposto que o poder político se pronuncie a favor da criminalização do aborto e da prostituição, aguardando que o Parlamento se venha a pronunciar sobre esta matéria».

Em todos os países católicos, a ICAR procura penalizar o divórcio e o adultério. Depois, a sodomia, a blasfémia e a apostasia. Acaba por dividir os povos entre os que seguem a ICAR com velas ou com cacetes. É a dialética do poder totalitário. Na ICAR como no Islão.

19 de Junho, 2015 Carlos Esperança

As mutações de Deus

Enquanto o reino animal, ao longo da história, sofreu alterações genéticas que melhoraram as espécies e transformaram o género humano em seres cada vez mais evoluídos, Deus sofreu mutações que o fizeram regredir e o tornaram pior.

As mutações divinas que empobreceram o produto original foram introduzidas pelos charlatães que fabricam Deus, sem terem em conta os benefícios das clientelas, olhando aos seus interesses exclusivos.

O Islão clonou o Deus judaico-cristão, sem conhecer a cultura helénica nem o direito romano. Produziu um aborto que o profeta Maomé, analfabeto e rude, converteu num perigoso inimigo da humanidade e em violento fator de retrocesso civilizacional.

Para piorar as coisas, Deus, per se um produto defeituoso, ficou nas mãos dos clérigos cujo poder e importância dependem da subserviência dos fiéis, da autoridade que conseguem impor e do terror que infundem.

É este o dilema da civilização: ou afasta o clero do poder ou perde os homens para a modernidade, a democracia e o progresso. Deus está a mais num processo de transformação social. É um elemento perturbador da felicidade humana.

18 de Junho, 2015 José Moreira

Os conselhos do papa

O papa Francisco deu conselhos para salvar o Planeta. São bem-vindos. Estragou tudo quando chegou ao “rezar”. Das duas uma: ou rezar chega e os outros são inúteis, ou os outros são úteis e rezar é inútil.

Cá por mim, alinho – e pratico – na segunda hipótese.

Quanto às práticas que aconselha para antes e depois das refeições prefiro, respectivamente, um aperitivo e um digestivo.

Mas respeito os que rezam.

Também há quem tome medicamentos.

18 de Junho, 2015 Carlos Esperança

Aniversário da morte de um ateu

 

No 5.º aniversário da morte do maior ficcionista português de todos os tempos, o Nobel do nosso orgulho e contentamento:

tumblr_mdy4oxGpEJ1ruytpmo1_500

18 de Junho, 2015 Carlos Esperança

A religião é uma mentira sagrada

Se as mentiras religiosas pagassem imposto não havia défice na balança de pagamentos de qualquer país, contrariamente ao que julgam os crédulos e juram alguns leitores do Diário de uns Ateus.

Os livros sagrados, onde tudo e o seu contrário se justifica, revelam a crueldade de uma época onde a sobrevivência era precária e os instintos tribais violentos. A versão atual da Bíblia foi aprovada em 1546, no concílio de Trento, a partir da Vulgata que Jerónimo (séc. IV e V) fabricou com o texto hebreu e o rigor intelectual de futuro santo.

O Corão foi ditado por Deus, durante 20 anos, em Meca e Medina, a um homem que aprendeu o livro sem saber ler nem escrever. Vinte anos a aturar Maomé foi obra.

A ICAR, por exemplo, que se arroga direitos especiais por se julgar a mais frequentada das religiões em Portugal, junta às aldrabices dos evangelhos a imbecilidade dos dogmas e a insânia dos milagres.

Os concílios ajudaram a rever, retificar e aumentar a fábula de Cristo ao gosto de cada época e de acordo com as necessidades do mercado.

O sepulcro de Cristo foi invenção de santa Helena, mãe de Constantino, em 325, tal como o lugar do Calvário situou sob o templo de Afrodite que, por isso, foi destruído.

No séc. VI ainda se discutiu no concílio de Mâcon (585) o livro de Alcidalus Valeus «Dissertação paradoxal onde se tenta provar que as mulheres não são criaturas humanas».

Os católicos dizem que Deus existe porque milhões de pessoas o amam. É um critério que prova a existência de anjos de duas, quatro e seis asas, como garantem pias leituras ou que o Sol gira à volta da Terra, dúvida que conduzia à fogueira.

Se o critério da quantidade fosse científico biliões de moscas decidiriam qual o alimento mais saboroso. O número decide votações, não altera gostos nem factos.

17 de Junho, 2015 Carlos Esperança

As superstições digladiam-se

A Fé e a ciência perante as superstições religiosas

A Fé e a ciência perante as superstições religiosas – REUTERS

As crenças supersticiosas podem ir para além do campo intelectual sobretudo quando se trata de julgar os actos de feitiçaria e mágico-religiosos. Dessa experiencia não escapam intelectuais mesmo os do campo jurídico. Geralmente constata-se nos juristas africanos atitudes de fuga do julgamento dos ditos actos de feitiçaria e mágico-religiosos por motivos supersticiosos. O problema parte da falta de dados e de instrumentos legais e adequados para incriminar ou para incriminar os acusados.

16 de Junho, 2015 Carlos Esperança

Há dez anos

Sr. Ministro de Estado e da Administração Interna

Dr. António Costa – Lisboa

Excelência:

Carlos Esperança, residente em Coimbra, eleitor n.º 1675, vem expor e solicitar o seguinte:

1 – Grassa na cidade de Coimbra uma onda de tal santidade que levou o presidente da Câmara, Carlos Encarnação, a baptizar a Ponte Europa com o nome de Rainha Santa Isabel;

2 – Uma procissão católica recente (creio que do Corpo de Deus) contou com a presença e terminou com uma homilia do dito autarca, temendo eu que, de futuro, em vez da gestão do Concelho, que lhe cabe, passe o pio edil a dedicar-se a tarefas religiosas e à salvação da alma;

3 – Nada tenho contra a presença particular nos actos litúrgicos mas vejo a laicidade do Estado ameaçada quando o autarca participa na qualidade das funções que exerce;

4 – Agora, a Junta de Freguesia passou a exibir um imenso painel na ampla parede que dá para a via pública com uma enorme imagem de Santo António e encimada com os seguintes dizeres:  «António, cidadão de Coimbra». Ao fundo destacam-se as letras garrafais de «Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais».

Em face do exposto, venho solicitar a V. Excelência, senhor ministro, o seguinte:

1 – Que peça à diocese de Coimbra para colocar numa das paredes da Igreja de Santo António, sita no lado oposto do largo que a separa da Junta de Freguesia, um painel de dimensões equivalentes onde se leia: «Afonso Costa, Lente da Universidade de Coimbra», com a foto de igual tamanho à do santo.

2 – Na impossibilidade de se prestar homenagem ao antigo primeiro-ministro nas paredes da Igreja, que seja mandado retirar o painel do Santo, da Junta de Freguesia, para evitar a promiscuidade entre a autarquia e a sacristia.

Certo de que o País não deve menos ao estadista do que ao Santo, confio no ministério  da Administração Interna para exigir o respeito pela laicidade do Estado e preservar o pudor republicano.

Apresento-lhe respeitosos cumprimentos e saudações laicas e republicanas.

a) F…, 16_06_2005