“O Estado Islâmico sempre existiu, é a Arábia Saudita”
SOFIA LORENA
Ziauddin Sardar, reformista muçulmano, acredita que se um grupo terrorista for destruído outro ocupará o seu lugar. Isto, até se atacar a ideologia na base do extremismo, o wahhabismo saudita. Riad e os terroristas usam as mesmas leis, diz.
Sardar esteve em Lisboa a convite da Fundação Champalimaud.
Leia esta entrevista que, na minha opinião, é lúcida e uma opinião indispensável para compreender e combater o terrorismo islâmico.
Um convite pio do Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra
Quando tomei conhecimento deste convite julguei que o reitor era o pároco daSé Velha e a Universidade uma madraça de qualquer monarquia teocrática.
Afinal, é um convite para a missa de hoje, na Universidade de um Estado laico, oriundo da mais alta figura institucional de uma escola secular.
Quando a Constituição e a República são assim agredidas, sem respeito pela separação do Estado e da Igreja, vemos a cidadania desprezada por quem julgávamos ser a reserva intelectual da neutralidade religiosa e da ética republicana.

A explosão demográfica, a exaustão de recursos do Planeta e o aquecimento global são suficientes para provocar insónias a quem ainda sobrevive e se dá ao trabalho de pensar, mas assistir ao medo que o terrorismo provoca, à escala global, é motivo de desespero para quem pensa na sobrevivência da civilização.
Acossada pelo medo, a Europa vacila na defesa dos valores da civilização e a vingança é o único sentimento que decide as eleições. O extremismo político é a reação mimética ao radicalismo religioso. O subconsciente dos povos retém a mensagem de quem lhes promete segurança em troca da liberdade.
O futuro, se o há, é um caminho estreito entre a empenhamento na defesa das liberdade individuais e a exigência do respeito pelas conquistas civilizacionais. A Europa foi uma região mártir das lutas religiosas. A Guerra dos 30 Anos ficou na História pelo sangue derramado e pela submissão, em Vestefália, do catolicismo à diversidade religiosa.
Não podemos permitir hoje o proselitismo que, no passado, ensanguentou a Europa. As religiões anacrónicas, que persistem em evangelizar à bomba, devem ser tratadas à luz do Código Penal e não de um multiculturalismo laxista cujo fracasso já foi confirmado.
Quando um templo se converte em quartel e uma escola num meio de intoxicação pia, a proteção divina tem de ser substituída pelo braço da justiça. Não são um problema de fé, são um caso de polícia.
Fanatismo do DAESH é apoiado pela Arábia Saudita
Os bombardeamentos na Síria não vão resolver nada e não são a solução para esmagar o DAESH é esta a opinião de um dos pensadores mais influentes sobre as questões islâmicas a nível global, Ziauddin Sardar, está em Lisboa para a conferência do futuro da Fundação Champalimaud.
Obviamente, festejo o Natal. Mais exactamente, o “Natalis Solis Invictus”. O tempo em que o Sol, finalmente, começa a vencer as trevas com quem vinha lutando desde o Solstício de Verão, luta que se agravou a partir do Equinócio de Outono, com o Sol a definhar de dia para dia. Por isso, em minha casa se ergue uma árvore, na qual se penduram fitas com pedras nos extremos. Nas noites em que sopra o vento, as pedras batem umas nas outras e/ou nos ramos e troncos da árvore. Com o barulho, os espíritos maus fogem, de modo a que o Sol continue a lutar contra as trevas. As trevas não vencerão, como será confirmado lá mais para diante, no Equinócio da Primavera.
Se não é bem assim, a intenção é que conta.
Claro que poderão afirmar que se trata de paganismo puro. Felicidades! Um ateu pode dar-se a luxos que são interditos a crentes. Já vi, com estes que o fogo há-se consumir, uma testemunha de Jeová solidarizar-se com a morte de um cristão de quem era amiga, acompanhando o respectivo funeral, mas a não entrar na igreja onde se rezavam os responsos. A sua religião não o permitia, disse-me. Eu entrei. Não tenho religião, pelo que posso dar-me ao luxo de entrar em tudo o que seja igreja, mesquita ou sinagoga.
Mas o que me traz aqui é outra questão: por alma de quem o Vaticano ergue uma árvore de Natal na Praça de S. Pedro? Ou antes: o que tem um símbolo pagão a ver com a cristandade?
Alguém me explica?
Ou será que não há grande diferença?
Feliz Natalis Solis Invictus.
Este espaço mantém-se não por mera teimosia mas pela importância de divulgar mais amplamente comunicados e outras atividades da Associação Ateísta Portuguesa (AAP).
Pessoalmente, depois de uma dúzia de anos, algo cansado e esgotado, vou tentando que não seja mais uma voz que se cale e mais um espaço de contestação à superstição e à natureza perversa das várias religiões que desapareça.
Continuo a distinguir os crentes das crenças e a preferir crentes pacíficos e generosos a ateus violentos e desmiolados.
Já várias vezes afirmei e não me cansarei de o repetir, há crentes bem formados e ateus execráveis, tal como é verdadeiro o inverso. Sei que há ateus fascistas e estalinistas mas não representam, seguramente, os sócios da AAP cujo carácter humanista e espírito democrático é um traço comum.
Basta a tragédia das religiões com dogmas, proselitismo e caráter belicista. Não devem os ateus, agnósticos, céticos, enfim, os livres-pensadores imitarem por mimetismo a onda de violência que as religiões transportam.
Deus é a mais infeliz criação humana. Em nome de uma quimera morrem diariamente milhares de inocentes e, paradoxalmente, há quem sacrifique a vida, a sua e a dos outros, por um ente imaginado pelos patriarcas tribais da Idade do Bronze.
Enquanto persistir a nocividade das religiões, já que a falsidade é menos perigosa, este e outros meios de divulgação do livre-pensamento serão aproveitados para desmascarar o espírito beato, vingativo e agressivo dos que não se contentam com as mentiras que lhes ensinaram em crianças e insistem em obrigar os outros a perfilhá-las.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.