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26 de Outubro, 2016 Carlos Esperança

A Santa Inquisição – Homenagem da C. M. Évora às vítimas

Hoje sabe-se mais sobre a origem, funcionamento, apogeu e fim da tenebrosa instituição da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), do que os indefetíveis devotos gostam e a Cúria romana desejaria.

O primeiro “Tribunal Público contra a Heresia”, da ICAR, nasceu em 1022, em Orleães (França), mas o ódio à heresia albigense (cátaros de Albi), superstição pior que a mais idiota e perversa das religiões, levou à criação do Tribunal da Inquisição, em 1184, no Concílio de Verona.

A Inquisição conservou a virtude, alterando o nome: ‘Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício’, em 1904, e ‘Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé’, com João XXIII, em 1965. Ainda hoje defende a doutrina criada no Vaticano com o entusiasmo com que os cães ‘Serra da Estrela’ afastam, dos rebanhos, os lobos famintos.

A Inquisição lembra as ‘Causas da Decadência dos Povos Peninsulares’ e a conferência de Antero de Quental, sob esse nome, integrada nas célebres Conferências do Casino.

Apesar de a Península Ibérica ter sido alheia à Reforma, a Contrarreforma atingiu aqui uma crueldade que urge recordar quando se procura branquear a Inquisição, considerada benigna, e quase indulgente, em relação à violência da época em que torturou e queimou judeus, islamitas, bruxas, calvinistas, hereges, bígamos, sodomitas e endemoninhados.

A nata intelectual da Contrarreforma era jesuítica, mas os inquisidores, com métodos eficazes para converter judeus e muçulmanos ao catolicismo, eram, sobretudo, membros da Ordem Dominicana. Nos autos de fé, festa pia, era vulgar ver o rei a assistir, em gozo místico, ao churrasco de bruxas ou de judeus sefarditas. De 1540 a 1794, os tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora condenaram às chamas 1.175 pessoas vivas.

Quando a santidade era, ainda e só, a indicação da função e estado civil (a canonização viria após a defunção e os milagres), João Paulo II pediu perdão “por erros cometidos ao serviço da verdade”, singulares palavras para designar 5 séculos de Inquisição, onde o fogo era gerido para prolongar a dor e os instrumentos de tortura abomináveis.

A inauguração de um memorial aos milhares de vítimas da Inquisição, para assinalar os 480 anos da criação do Tribunal do Santo Ofício, na Praça do Giraldo, em Évora, não é apenas uma homenagem a 1794 pessoas queimadas vivas por ordem dos Tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora, é um monumento contra a intolerância, a xenofobia e o totalitarismo das verdades únicas. Registe-se a data, 22 de outubro de 2016.

Parabéns à Câmara Municipal de Évora pela homenagem às vítimas da Inquisição.

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25 de Outubro, 2016 Carlos Esperança

Publicidade

Rui Pedro Antunes revela os segredos da Opus DeiO jornalista Rui Pedro Antunes desvenda em «Opus Dei: Eles estão no meio de nós», editado pela Matéria Prima, os segredos da “seita”, assim como apresenta os relatos de quem conseguiu sair da Opus Dei.

«O jornalista Rui Pedro Antunes dá a conhecer neste livro como é a vida e o funcionamento dos centros, igrejas e residências dos membros do Opus Dei, onde os tiques da Inquisição parecem perpetuar-se.

Aqui encontra as listas de livros proibidos, como os de José Saramago, Eça de Queiroz e Lídia Jorge, membros que não podem ir ao teatro, assistir a jogos de futebol ou ter uma conta nas redes sociais.

“Opus Dei: Eles estão no meio de nós” apresenta os testemunhos de ex-membros que conseguiram sair, os rituais de autoflagelação (como o indivíduo que se ajoelha no milho depois do sexo com a namorada), o papel das mulheres, a organização interna, o património e a riqueza escondida. Explica também a rede de influências na política, na banca e no ensino e ainda a ligação a Fátima e ao Vaticano.»

25 de Outubro, 2016 Carlos Esperança

Vaticano

A Igreja católica continua a preferir a inumação dos mortos à cremação, mas consente a última (vai longe o tempo em que a Santa Inquisição só a usava para os vivos). No entanto, aceitando a cremação, proíbe que as cinzas sejam espalhadas, divididas por familiares ou conservadas em casa.

O documento, que consagra a doutrina da ICAR, foi redigido pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício) e assinado pelo Papa Francisco que, com esta proibição pretende evitar qualquer “mal-entendido panteísta, naturalista ou niilista).

Fica agora determinado que não se permite a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou em qualquer outra forma, ou a conversão das cinzas em recordações» – lê-se no El País, de hoje.

24 de Outubro, 2016 Carlos Esperança

Laicidade

Hoje, em Coimbra, a pretexto da homenagem a D. Afonso Henriques.

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20 de Outubro, 2016 Carlos Esperança

A visita do PR a Cuba

Ao contrário do beija-mão ao Papa, com intensa sucção do brilhante do anelão, o encontro a sós, entre Marcelo e Fidel, não terá o mínimo gesto de subserviência pia.

A visita do hipercinético Presidente português não deixará de incomodar a direita, a cuja família pertence, e de provocar ataques de azia e as mais diversas interpretações.

Dada a avançada idade do ex-líder cubano, não é natural que o convide a visitar Fátima, no próximo ano, no centenário da maior encenação religiosa contra a República. Seria, aliás, demasiado arriscado para o brilho do Papa, a repartir o palco mediático e disputar a popularidade de devotos de origem oposta.

Também não é de temer que o PR português se converta à ortodoxia comunista do mais carismático líder histórico vivo nem que o seu fervor religioso o leve a querer converter à fé católica o vetusto comunista.

Não havendo o perigo de heresia, em qualquer deles, trata-se de mera sessão fotográfica para enriquecer o álbum de Belém.

Ámen.