Manifestantes paquistaneses queimam cartazes e presentes alusivos ao dia de São Valentim
| REUTERS/ATHAR HUSSAIN
(Texto enviado por Casa do Oleiro)
A humanidade surgiu como um acidente da evolução, como o produto de uma mutação aleatória da seleção natural.
A nossa espécie foi apenas o resultado final de muitas curvas e contracurvas numa única linhagem de primatas do velho mundo.
Existem hoje em dia várias centenas de outras espécies nativas, descendentes de outras linhagens destes primatas, cada qual o resultado das suas próprias curvas e contracurvas. Podíamos facilmente ter sido apenas mais um australopitecíneo com um cérebro do tamanho do de um macaco, recolhendo fruta e tentando apanhar peixe, e acabando depois, mais tarde ou mais cedo, por extinguir-nos, tal como aconteceu com outros australopitecíneos.
Ao longo de 400 milhões de anos em que animais de grande porte ocuparam terra firme, o Homo sapiens foi o único a desenvolver uma inteligência suficientemente elevada para criar uma civilização.
Os pré-humanos possuíam determinadas vantagens, que influenciaram a direção em que seguiu a sua evolução subsequente. Entre estas incluíam-se, ao inicio, uma vida passada em parte nas árvores e a utilização livre dos membros dianteiros que esse tipo de vida permitia. Situação arcaica depois alterada para uma vida passada maioritariamente no solo.
Antepassados com cérebros grandes e um imenso continente com clima ameno e vastas pradarias intercaladas de florestas secas, a estas pré-condições juntaram-se os incêndios frequentes, que promoveram o crescimento de plantas herbáceas e arbustivas. Mais importante ainda, os incêndios tornaram possível uma mudança dietética para a carne cozinhada (que potenciou, ao longo de milhares de gerações, a diminuição do aparelho intestinal-digestivo e o subsequente aumento do tamanho cerebral).
Esta invulgar associação de circunstâncias no decurso da corrida evolutiva, em combinação com a sorte (ausência de alterações climáticas devastadoras e quaisquer pandemias graves), tudo jogou a favor dos primeiros humanos.
Comportando-se como deuses, os seus descendentes disseminaram-se por vastas porções da Terra. Tornámo-nos senhores do planeta e tagarelamos frequentemente
acerca da sua destruição – Guerra nuclear, alterações climáticas ou segunda vinda apocalíptica pressagiada pelas Sagradas escrituras.
O que nos impede de tornar o planeta num paraíso é o facto de o Homo sapiens ser uma espécie em que a sua disfuncionalidade é inata. Somos prejudicados pela maldição do Paleolítico: adaptações genéticas que funcionaram muito bem durante os milhões de anos da nossa existência como caçadores-recolectores, mas que se revela cada vez mais um obstáculo numa sociedade globalmente urbana e tecnocientífica.
Texto de Edward O. Wilson.
“Mais do que em qualquer outra época, a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto, o outro à extinção. Vamos rezar para que tenhamos a sabedoria de saber escolher a primeira.” Woody Allen.
O Papa Rätzinger, mentor ideológico de Karol Wojtyła, seu antecessor, foi ainda mais conservador, com o pensamento mais estruturado e uma agenda mais apressada.
Frio, inteligente e calculista, não podia ignorar o imenso alarido que provocariam as suas palavras. Bento XVI é a réplica católica do protestantismo evangélico neoconservador dos EUA e, salvas as devidas proporções, o expoente máximo da postura homóloga dos próceres do Islão. Não foi por acaso que chamou Constantinopla à atual cidade de Istambul.
Condenou o relativismo, não se conformando com o pluralismo. Combateu a laicidade e interferiu de forma vigorosa nos países de tradição católica para obstar às leis que regulam o aborto, o divórcio, a eutanásia, a contraceção ou o planeamento familiar.
O Papa não foi apenas ideólogo do teoconservadorismo, o agente do combate obstinado à modernidade e arauto do regresso ao concílio de Trento. Críticas acerbas ao budismo e ao hinduísmo, a cruzada contra o laicismo e o combate ao evolucionismo, que considera uma ideologia, fizeram de Ratzinger mais um obsoleto dignitário do cristianismo.
Da teologia à política, da moral à economia e da ciência à religião, Bento XVI situou-se sempre no campo conservador mais duro, aliando o proselitismo à inflexibilidade da fé.
A expansão do islamismo na sua forma mais arcaica, com laivos de demência fascista, assustou este Papa, que viu os feudos tradicionais em rápida secularização numa Europa que deixou de acreditar em verdades únicas e que mais facilmente se envolve na luta de classes do que em querelas da fé.
Foi a inquietação que o precipitou para o confronto. O Islão disse-lhe que era pacífico assassinando uma freira, perseguindo cristãos e incendiando igrejas. A intolerância não é monopólio de uma religião, é a tradição ancestral das três irmãs abraâmicas.
O seu grande objetivo foi colocar-se na vanguarda do combate ao terrorismo, urgente e necessário, querendo reivindicar para o Vaticano os louros de uma vitória sabendo que, em caso de derrota, a democracia e a liberdade morreriam com o cristianismo.
O conflito entre o Papa e o clero islâmico não nasceu das divergências, surgiu das afinidades.
Setembro de 2006 (texto atualizado)
Manifestantes paquistaneses queimam cartazes e presentes alusivos ao dia de São Valentim
| REUTERS/ATHAR HUSSAIN
Tribunal proíbe qualquer celebração do dia de São Valentim em todo o país
Os paquistaneses foram proibidos este ano de festejar o dia de São Valentim por ser uma data “não islâmica”. A decisão de banir as celebrações em todo o país, assim como a promoção nas redes sociais de qualquer evento que faça referência à ocasião, foi tomada esta segunda-feira pelo Alto Tribunal de Islamabad, a capital do Paquistão.
Governo feminista” da Suécia defende o uso do véu no Irão
Ministra sueca usou véu em visita ao Irão. O governo afirma que qualquer alternativa quebra as leis iranianas, mas a decisão gerou críticas.
INÊS CHAÍÇA 13 de Fevereiro de 2017,
O governo sueco saiu em defesa da ministra do Comércio, Ann Linde, e de membros da sua comitiva que usaram lenços para tapar o cabelo durante uma visita ao Irão, na semana passada. Linde justifica que agir de outra forma seria violar a lei iraniana. No entanto, a governante escandinava tem enfrentado críticas, e algumas delas vêm de mulheres iranianas e de membros dos partidos que apoiam o Executivo, que se intitula como o primeiro “governo feminista” do mundo.
BOM DOMINGO!
Embrenhar Pelos Ouvidos…
De onde vem a expressão que dá nome ao ato de alguém acreditar piamente na primeira conversa que lhe contam, sem questionar a veracidade da mesma,nem tentar ouvir as outras versões de uma mesma estória; e ainda, repassar informações sem rever?
Conta a história que na noite de 23 de dezembro do ano de 428, Procus, arcebispo de Constantinopla, em sermão proferido na presença do patriarca Nestorius, declarou que Jesus Cristo teria entrado no seio da Virgem Maria e dele saído por via auditiva.
Literalmente, assim ele se pronunciou: Le Christ est sortie du sein de la Vierge comme il y est entré, par l’ouïe – O Cristo saiu do seio da Virgem como entrara, pela via auditiva.
Ao adotar essa singularíssima concepção, desde o século 18 a Igreja dá para perceber o raio luminoso do Espírito Santo caindo sobre a orelha esquerda da Virgem-Mãe, fecundando-a….
Vem de longe, portanto, essa incrível lenda, tanto assim que atravessou o milénio e, até recentemente, a maioria das religiosas, freiras e monjas conservavam as orelhas ocultas por toucas, defendendo o seu estado “donzelil” e assim evitando uma fecundação sobrenatural por meio de emanações, sonoridades e sopros, sine concubitu, sem coabitação.
Na atual linguagem popular, aquele que forma julgamento atendendo unicamente às informações orais, desacompanhadas de provas concludentes e positivas, diz-se que se emprenha pelos ouvidos.
Muita gente, aliás, na pureza de sua ingenuidade, entra pelo cano ao aceitar o aparentemente inaceitável.
Todo cuidado é pouco…
Cuidado com a cera nos ouvidos…
Sumo Pontífice respondeu a perguntas dos superiores de ordens religiosas e congregações de religiosos que serão publicadas na revista Civiltà Católica. Francisco abordou temas como o uso do cilício e os abusos sexuais na igreja.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.