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13 de Janeiro, 2007 Palmira Silva

A campanha terrorista da Igreja Católica – II

Imagens tiradas do Calhamaço dos Embustes. Clique nas imagens para apreciar a demagogia e o «debate sério» sobre o tema da Igreja de Roma.

Um dos nossos leitores habituais digitalizou e reproduziu no seu blog todo o folheto ignóbil com que a Igreja Católica e seus apaniguados têm andado a conspurcar as caixas de correio de todos. De facto, o mailing católico foi massivo e mesmo em caixas de correio como a minha que ostenta um visível «Publicidade aqui Não» foi despejado o lixo em questão, quiçá por temerem que a distribuição do dito folheto nas igrejas atingisse uma faixa muito pequena da população – suspeito que se um inquérito análogo fosse feito cá no burgo, os resultados seriam muito semelhantes aos de França, em que a percentagem dos que se dizem católicos caiu para 51% dos quais apenas 8% vai regularmente à missa.

Mas este folheto vergonhoso é apenas uma pequena amostra da campanha de intimidação, completamente sem argumentos e, espero eu, contraproducente da Igreja Católica. De facto, ao restringir-se estritamente a argumentos religiosos torna-se óbvio para todos que vamos referendar apenas um dogma religioso, que não há uma única razão objectiva – científica, biológica, ética ou de Direito – para criminalizar o aborto.

O aborto é apenas uma questão religiosa, explícita neste folheto, implícita naqueles que se restringem a objecções misóginas, como aceitar o aborto por opção médica mas não por opção das mulheres – umas desmioladas em que não se pode confiar – e especialmente evidentes na ululação de que a despenalização do aborto «tira direitos» ao homem!

Que o que está em jogo é pesporrência da Igreja Católica, que se arroga ao direito de impor a todos como «crime» o que a sua hierarquia considera «pecado», é ainda evidente na peregrinação de hoje em Fátima – em que se coloca formalmente o referendo sob os auspícios da ICAR, em nome da «Senhora» de Fátima, e na organização de «marchas pela vida» um pouco por todo o país, com especial ênfase na que se realiza em Lisboa a 28 de Janeiro, com terminus na Fonte Luminosa, e para a qual a sua máquina bem oleada – e com recursos financeiros inesgotáveis que se mobilizam apenas para este tipo de iniciativas- está em marcha frenética!

Estou completamente certa que as nossas televisões, que têm ignorado a maioria das inicitativas do SIM, como o jantar de ontem no Mercado da Ribeira, vão estar em directo a transmitir todos os passos de mais esta campanha da Igreja Católica! Para os mais incautos, e como a Alameda é fácil de encher, especialmente agora com as obras do Metro e especialmente com os recursos da ICAR – que vai encher autocarros em todo o país -, com uma escolha judiciosa de ângulos é fácil de fazer passar a mensagem de uma adesão em massa à dita! Quando na realidade apenas se congrega num espaço pequeno os fundamentalistas católicos e alguns turistas religiosos – que aproveitam o passeio e refeições à borla – de todo o país!

Importa mais que nunca que todos os que não querem uma regressão civilizacional do nosso País esclareçam amigos, vizinhos e conhecidos que num país moderno e civilizado não se pode admitir esta imiscuição da religião na política e no Direito! Que o que vamos referendar de facto é a talibanização de Portugal ! O que vamos decidir nas mesas de voto é o modelo de sociedade que queremos seja a nossa, se queremos ou não uma teocracia!

Ninguém pense que se os pró-prisão vencerem o referendo a Igreja se contenta com tão pouco! De facto, o referendo é apenas um teste que se ultrapassado será o primeiro passo para a regressão civilizacional ao totalitarismo católico medieval por que o Vaticano tanto almeja!

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13 de Janeiro, 2007 Carlos Esperança

A Virgem Maria pode curar-se

Aqui, no Diário Ateísta, não tememos o castigo divino mas estamos atentos ao perigo clerical. Deus não existe mas os padres, sim. Não há um ser supremo mas há imensos beatos que debitam a bíblia a destilar ódio e repetem as palavras do Papa a tresandar ao Concílio de Trento.

Os partidários dos movimentos pró prisão usam as imagens mais repelentes e os ícones mais falsos para violentarem as consciências, assustarem os crédulos e aterrorizarem os beatos.

Não está em curso qualquer campanha contra os clérigos que violam crianças, mas está no auge um movimento contra as mulheres que, em desespero, interrompem a gravidez, para continuarem sujeitas à prisão.

Se fôssemos cínicos, diríamos, aos que atearam as fogueiras da inquisição, que querem proteger os fetos para poderem, mais tarde, matar as pessoas.

A imagem da virgem, mal parida, com lágrimas de sangue, é um ultraje à inteligência e a manutenção da burla feita dogma, por Pio IX, e transformada no negócio de Fátima e doutros centros comerciais da fé espalhados pelo mundo católico.

É surpreendente que a Virgem de Fátima, tão ansiosa com a conversão da Rússia, seja indiferente às mulheres lapidadas no Islão e não apareça em Meca, já não digo a chorar lágrimas de sangue mas, pelo menos a corar de vergonha pelos crimes que o seu filho, omnipotente, permite.

O controlo da sexualidade, sobretudo da mulher, é uma forma de dominação que as multinacionais da fé exploram em proveito próprio.

Os coxos não treinam atletas para a maratona, os cegos não se dedicam à educação visual, os mudos não dão aulas de dicção. Por que raio os padres se intrometem na educação sexual e reprodutora?

12 de Janeiro, 2007 Palmira Silva

A campanha terrorista da Igreja católica


Imagens tiradas do Arrastão. Clique nas imagens para aumentar.

Ontem quando cheguei a casa tinha este lixo da Associação Acção Família plantado na minha caixa do correio. Um folheto de apelo ao voto no NÃO no referendo de 11 de Fevereiro próximo do mais primário, básico e imbecil que tive o desprazer de ler nos últimos tempos. Só faltava uma imagem do churrasco de fetos como o do folheto terrorista de há dois anos e meio para podermos apreciar em toda a sua glória ao que se resume o mentecapto argumentário da Igreja de Roma na sua campanha desesperada de manutenção de poder!

Acho interessante que uma organização que pela voz do bispo da Guarda ulula ser «indigno da maturidade política de um povo» que se vote SIM no referendo por ser «essa a orientação do seu partido ou do partido da sua preferência», apele desta forma desprezível ao voto de acordo com as orientações da Igreja! Será que consideram que em vez de uma democracia Portugal é uma teocracia em que o Direito e a política são determinados pela religião? Querem emular o Afeganistão dos talibans?

Que resquício da «objectividade» que tanto bramem ser necessária para discutir o tema se vislumbra neste folheto completamente imbecil? Será este tipo de anacronismos inaceitáveis numa sociedade moderna o que os pró-prisão consideram um debate sério? Será o recurso à irracionalidade, ao insulto dos que não aceitam as crenças dogmáticas da Igreja – apelidados de terroristas – e o apelo ao catolicismo mais jurássico um debate sério para a Igreja?

Que raio de argumentos «científicos» e «universais» são as lágrimas de um mito no nonagésimo aniversário da sua invenção?

Espero bem que Portugal e os portugueses, com a distribuição massiva deste folheto – já que o cerne da campanha do NÃO para além da religião parecem ser considerações económicas, gostaria de saber onde foram buscar o muito dinheiro necessário para um mailing destas dimensões -, percebam finalmente o que está em jogo neste referendo: a decisão sobre a sociedade que queremos seja a nossa, uma teocracia sob os auspícios de um estado estrangeiro, o Vaticano, ou um país moderno – necessariamente laico e pluralista- em que as concepções religiosas de cada um se remetem ao foro intímo e individual e não são impostas na letra da lei a todos!

Porque Portugal não é nem o Afeganistão nem a Nicarágua; porque uma democracia participativa moderna do século XXI necessita ter legislação afirmativa, leis positivas, o que significa que as pessoas possam optar sobre as suas convicções e decisões morais; porque a liberdade religiosa que Bento XVI exigiu na homilia de Ano Novo para os cristãos nos países em que estes são minoritários tem como contrapartida a liberdade religiosa dos não cristãos nos países em que o cristianismo é maioritário; porque uma Igreja que brame contra a perseguição e prisão dos que não aceitam as concepções religiosas islâmicas em teocracias muçulmanas não pode exigir a perseguição e prisão dos que não aceitam as concepções católicas nas democracias ocidentais, espero que as últimas sondagens sobre as intenções de voto no referendo se concretizem nas urnas.

Só nos países em vias de desenvolvimento ou sub-desenvolvidos encontramos teocracias e sociedades que não reconhecem a mulher como um ser humano de plenos direitos. A construção de um Portugal melhor passa pelo resultado do referendo: a vitória do SIM será igualmente a vitória do Portugal moderno!

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12 de Janeiro, 2007 jvasco

Agnosticismo: possível, mas difícil

«Todos somos agnósticos em relação a alguma coisa. E podemos ser agnósticos em relação a tudo. O que determina o agnosticismo é a confiança que exigimos para aceitar algo como verdadeiro. Como não há certezas, e como podemos exigir o nível de confiança que quisermos, não há nada que possa escapar ao agnosticismo.

Imaginem que temos resultados que indicam que o chocolate faz bem ao coração, com uma confiança de 80%, e que o tabaco faz mal aos pulmões, com uma confiança de 95%. Se decidirmos aceitar como verdadeiro apenas aquilo em que se tenha mais que 99% de confiança, somos agnósticos em relação a ambos. Se pomos a fasquia nos 90% aceitamos apenas os malefícios do tabaco, e se somos pouco exigentes podemos acreditar em ambas as proposições.

Mas é incoerente aceitar que o chocolate faz bem e permanecer agnóstico acerca dos malefícios do tabaco, pois isso só com duas fasquias diferentes. Mesmo sem valores concretos, isto é válido: não é coerente rejeitar uma hipótese mais bem fundamentada quando aceitamos uma com menos fundamento. Esse é o problema dos que são agnósticos em relação a deuses e coisas sobrenaturais.

A teoria da relatividade é talvez a teoria mais bem fundamentada que temos hoje. Não deve haver algo que se saiba com mais confiança que ser impossível levar uma laranja da Terra a Marte em menos de um minuto (contado na Terra). Mas podemos ser agnósticos em relação a um deus omnipotente que possa pegar numa laranja e leva-la para Marte a uma velocidade superior à da luz. Basta exigir ainda mais evidência que aquela que apoia a teoria da relatividade.

O problema é a micose. Temos muita confiança que o clotrimazol ajuda a curar infecções por fungos, mas muito menos confiança na sua eficácia que temos na teoria da relatividade. Um agnóstico coerente não pode aceitar o conselho do médico se rejeita as conclusões de Einstein. Uma escapatória comum é que um ser sobrenatural não está sujeito à teoria de Einstein, mas isto revela um mal entendido. A teoria da relatividade não obriga; descreve. E o que descreve é ser impossível acelerar laranjas para além da velocidade da luz, seja quem for que as empurre. Não há excepções para seres que se intitulem sobrenaturais, nem evidências que indiquem que um ser sobrenatural seja imune à relatividade. Nem resolve a micose. O agnóstico coerente terá que considerar como pelo menos igualmente provável um fungo sobrenatural escapar ao clotrimazol. Isto não permite que se rejeite a relatividade e se aceite os antibióticos com coerência.

Regra simples para avaliar a coerência de um agnóstico: observem-no por uns momentos. Se não se coçar, ou é incoerente ou teve muita sorte.»

——————————–[Ludwig Krippahl]

11 de Janeiro, 2007 Carlos Esperança

Como se mantém a religião

Para fazer um padre católico era necessária uma longa reclusão no seminário onde se dominava a vontade e se vigiavam as hormonas numa camarata de adolescentes sob a guarda de um vigilante que lhe exigia as mãos fora dos lençóis, nas noites frias de Inverno, ou lhe velava o sono com o bafo quente no pescoço.

Para criar uma freira era preciso que a miséria fosse grande ou os interesses da família aconselhassem a reclusão.

Para criar um bispo sempre foi necessário um padre dócil que seguisse os ensinamentos do Papa e andasse de rastos junto dos superiores e fosse autoritário perante os crentes.

Para sustentar uma religião é preciso o braço secular, a mentira milenar e milhões de supersticiosos que divulguem, ampliem e façam proselitismo da intrujice.

Mas é preciso, sobretudo, que o clero domine o poder.

11 de Janeiro, 2007 jvasco

Ciência e Sobrenatural

«Por azelhice minha não reparei que o Santiago tinha criticado o meu post sobre as alegadas limitações naturalistas da ciência. Peço desculpa pela falha, e vou aqui responder às criticas, que desde já agradeço.

Eu proponho duas coisas. Primeiro, que não importa para a análise científica de um fenómeno se o chamamos de natural ou sobrenatural. Segundo, que o conhecimento científico moderno é naturalista porque não há nada de sobrenatural no universo em que vivemos.

Vou começar pelo segundo, que o Santiago criticou desta forma:

«O meu agnosticismo militante impede-me de aceitar sem um pio a peremptória afirmação de o Universo não ter sido equipado com “acessórios” sobrenaturais (como é que ele sabe? Foi algum “ser sobrenatural” que lhe garantiu a sua própria não existência?)»

O agnosticismo é irrefutável, pois podemos decidir exigir sempre mais evidência. O que é difícil é fazê-lo com coerência, mas disso falarei noutra altura.

No século XVII o químico alemão Georg Ernst Stahl propôs que as substâncias combustíveis contém flogisto, que se libertava para o ar durante a queima e que era absorvido pelas plantas. Lavoisier acabou por demostrar que era ao contrário, que era o oxigénio que se ligava ao combustível e não o flogisto que se libertava. Mas antes da ideia do flogisto ser consensualmente rejeitada houve quem propusesse que o flogisto tinha massa negativa, para explicar porque a queima de algumas substâncias fazia aumentar a sua massa. Parece-me que já era uma hipótese bem próxima do sobrenatural. A lepra, as tempestades, a origem da vida e das espécies, e muitos outros fenómenos já foram rotulados de sobrenatural enquanto não foram compreendidos. Hoje em dia tudo o que observamos e compreendemos aparenta ser natural. O sobrenatural foi, e é, sempre o que nunca se observou (deuses e espíritos invisíveis) ou o que não se compreendeu. Não posso rebater o agnosticismo do Santiago se ele exige certezas absolutas, mas a tendência é clara e a preponderância da evidência reunida até agora favorece a hipótese de não haver acessórios sobrenaturais neste universo.

A outra questão é se a ciência como método pode avaliar hipóteses acerca do sobrenatural. Eu dei o exemplo de dois modelos para a fertilidade do solo, um baseado na química e outro na influência de espíritos ou deuses, e propus que se comparasse os modelos numa experiência controlada: fertilizantes químicos de um lado, rezas do outro, e ver o que produzia mais. A objecção do Santiago parece-me estranha:

«Não me parece particularmente feliz ir buscar o exemplo de uma actividade puramente tecnológica (a agricultura) para argumentar que devemos preferir a explicação científica por ser a mais bem sucedida.»

Não vou comentar a implicação que devemos preferir, como explicação, a explicação menos bem sucedida. O importante aqui é que a ciência, como método, consiste em compreender um fenómeno através de modelos desse fenómeno. Para cada modelo deduzimos consequências, comparamo-las com o que observamos do fenómeno, e seleccionamos os modelos mais adequados ao que observamos. É praticamente inevitável que um modelo adequado permita alguma aplicação prática, tecnológica, desse conhecimento, daí ser estranha a objecção do Santiago. Mas não preciso ficar-me pela agricultura. Qualquer modelo que faça previsões acerca dum fenómeno observável pode ser testado desta forma, seja natural ou sobrenatural. Talvez o Santiago possa dar um exemplo de um modelo sobrenatural que faça previsões concretas mas que não se possa testar.

O problema é a ideia comum que a ciência lida com a natureza. Não é verdade. A ciência lida com modelos: ideias, hipóteses, teorias, especulação. São esses que a ciência constrói, rejeita, repara, compara, aperfeiçoa. Como os modelos são sempre modelos de algo, é necessário observar algum aspecto desse algo para obter os modelos mais adequados. Mas esse algo basta que seja observável. Se é natural não natural é indiferente.

O que está para além da ciência é aquilo que não se pode observar (como criar modelos disso?) ou modelos que não se consegue ligar a nada (mas para que servem esses?). Mas talvez seja isso que quer dizer a palavra sobrenatural: modelos incompreensíveis de coisas que nunca se observa.»

——————————–[Ludwig Krippahl]

11 de Janeiro, 2007 Ricardo Alves

Do direito a acreditar que a Terra é plana

Eu acho que os crentes têm direito a acreditar que a Terra é plana. Têm direito a propagandear essa boa nova e o «conforto espiritual» que lhes dá. A juntarem-se para cantar canções sobre a felicidade planista. Podem até fundar escolas e ensinar que a Terra é plana e que nós vivemos do lado de baixo durante a noite, e do lado de cima durante o dia. E podem editar jornais e comprar canais de televisão que promovam essa ideia salvadora, a planura do nosso planeta.

O que me aborrece é que quando digo que a Terra é (aproximadamente) esférica me chamem intolerante; que quando apresento provas da sua esfericidade, me insultem e me tentem calar; que quando defendo que a escola pública deve ensinar apenas a teoria da Terra esférica e suas provas, me acusem de promover o ateísmo de Estado (mesmo que eu garanta que a escola não deve refutar a teoria da Terra plana…); finalmente, quando digo que acreditar na Terra plana é uma credencial menos do que boa para fundamentar opiniões sobre a IVG ou sobre se a mulher pode iniciar o divórcio, acusam-me de querer ilegalizar a religião.

Arre!