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6 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Uma questão de prudência

TRADIÇÃO

O Patriarca Policarpo cumpriu ontem o ritual de lavar os pés, tal como Jesus o fez aos apóstolos – segundo a ICAR.

Os escolhidos deste ano foram 12 pessoas, entre estudantes e ex-alunos, da Universidade Católica de Lisboa, confiante nos hábitos higiénicos da clientela seleccionada.

É uma sorte (para o Patriarca) que os apóstolos não tivessem o hábito de tomar banho completo.

6 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Páscoa, milagres, relíquias e carbono 14

A ICAR mantém o Cristo morto, por masoquismo, para sofrer a Quaresma, e enche de júbilo os créus, que se alambazam em comidas, com a certeza de que o patrão ressuscita na Páscoa.

Enfrascam-se os devotos, indiferentes ao peso e ao colesterol, ansiosos por assistirem ao número, todos os anos repetido, da Ressurreição.

Para matar o ócio, o Vaticano vai servindo missas, procissões, homilias e orações numa fúria beata que afaste o rebanho do pecado. Para aumentar a panóplia de engodos, serve milagres de JP2 ao público e beatifica-o.

Dos muitos milagres que o taumaturgo obrou, escolheram o de uma freira que também era tremente a Deus e se curou, graças à intercessão do cadáver do polaco.

A ICAR esconde milagres provados: a impunidade do homicídio do chefe da Guarda Suiça, da mulher e de um soldado (o Vaticano atribuiu o assassínio do casal ao último, que se suicidou com a mesma pistola e uma bala de calibre diferente). Milagre!

JP2 opôs-se à extradição do arcebispo Marcinkus que os tribunais italianos queriam julgar pela falência fraudulenta do Banco Ambrosiano. Milagre! Já eram dois.

Só a ciência prejudica a ICAR. Os restos mortais de Joana d´Arc, fartos de aliviar moléstias e de curar devotos, constam de uma costela humana enegrecida, uma tíbia de gato e fragmentos de pano de uma múmia com a idade compreendida entre os séc. VII e III anteriores à nossa era.

O carbono 14 faz pior às relíquias da ICAR do que o CO2 ao aquecimento global.

6 de Abril, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Mas comparem as duas Páscoas. Numa Deus comete atrocidades, por culpa Dele o Faraó não pode libertar os Judeus, e no fim mata os filhos inocentes de uma data de gente. Na outra os homens cometem atrocidades, Deus é um primogénito inocente, e por culpa dos homens é torturado e morto na cruz. Em ambas mata-se carneiros.

    Parecem contraditórias, mas une-as algo profundo, algo que define a religião Judaico-Cristã. O Amor. Não parece amor, mas o Amor Divino não é como o amor humano. O Amor que chacinou os primogénitos do Egipto não foi o amor dos namorados. O Amor que condena ao inferno quem não acreditar em torturar inocentes para redimir os culpados não é o amor que os pais sentem pelos filhos.»Páscoas Felizes», no Que Treta!)

  2. «Concordo que conhecimento e fé são distintos, mas não que se complementem. O bife e as batatas fritas complementam-se. Ou a flauta e o violino, ou as calças e a camisola. A fé e o conhecimento são o gato e o rato. Ou se separam, ou há chatice. Tanto uma como outro pretende legitimar que se aceite algo como verdade, mas muitas vezes indicam precisamente o contrário. O conhecimento diz que num sistema que não troca energia com o exterior a entropia não diminui. A fé diz que há um deus que, se quiser, faz com que a entropia diminua num sistema isolado. Isto não é complementaridade. É contradição. Ou se rejeita o conhecimento acreditando que isto é possível, ou se rejeita a fé como uma hipótese refutada. Este é apenas um exemplo entre muitos. Em geral, ou se tem fé, ou se compreende. Não há complementaridade. Quem tem o bife, quer batatas, mas ninguém precisa de ter fé naquilo que já compreende…» («Fé e Conhecimento», no Que Treta!)
  3. «Os piedosos irmãos Kaczynski decidiram promover um discurso abertamente anti-semita, ao mesmo tempo que planeiam «proibir» a homossexualidade e impedir os homossexuais de trabalhar na função pública (tendo mesmo já começado pelo ensino)[…]

    Ainda no âmbito da sua «Revolução Moral», os católicos gémeos anunciaram que o divórcio será terminantemente proibido e será novamente equacionada toda a legislação que possa conduzir à igualdade entre o homem e a mulher.[…]

    Finalmente, e como se não bastasse, e ao mesmo tempo que se tornou obrigatório o ensino da religião católica em todas as escolas do país, foi decidido que nas aulas de ciências, e a par do evolucionismo, fosse ensinado também o «criacionismo», proclamado como um teoria científica perfeitamente válida.» («Dois Conceitos Inseparáveis», no Random Precision)

5 de Abril, 2007 Ricardo Alves

ARL no Rádio Clube Português

Hoje, às 17 horas e 30 minutos, uma delegação da ARL estará no Rádio Clube Português para uma entrevista de trinta minutos.

As frequências locais do RCP podem ser consultadas aqui. É também possível ouvir a emissão na internete.

5 de Abril, 2007 Ricardo Alves

A secularização da sociedade portuguesa(5): a idade da razão

A idade da razão

O gráfico seguinte mostra a evolução da percentagem de alunos inscritos em Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) entre o 5º e o 12º anos de escolaridade (os dados referem-se ao ano lectivo de 2004/2005).
Fica claro que, à medida que os jovens se emancipam da tutela dos encarregados de educação, aumenta a percentagem de alunos que não querem ter aulas sobre religião. No 5º ano de escolaridade, 71% do total de alunos frequenta EMRC. No 12º ano, restam apenas 6%. A maior queda dá-se entre o 9º e o 10º anos, por uma razão óbvia: a partir dos 16 anos, a escolha de frequentar aulas de religião passa a ser dos alunos. Enquanto no 9º ano, quando a escolha de frequentar EMRC ainda é dos pais, a percentagem de alunos inscritos em EMRC é de 39%, essa percentagem cai para 15% no 10º ano, quando a escolha passa a ser dos alunos.

Às portas da universidade, 94% dos alunos não querem estudar «Religião e Moral Católica». É uma percentagem esmagadora, que demonstra que as famílias católicas têm dificuldade em transmitir a sua religião aos filhos, que parecem mais interessados na sociedade secularizada que os rodeia.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
5 de Abril, 2007 Carlos Esperança

A agonia da fé aumenta a raiva do Vaticano

A mitologia cristã vive, há dois mil anos, da liturgia e dos embustes. Nos produtos mais refinados da mitologia constam a virgindade de Maria e a Ressurreição do patrão.

Pio IX, um déspota cheio de ódio e de fé, digeriu mal a perda do poder temporal e criou dois dogmas, para compensar. Colocou um hímen na vagina da Virgem e atribuiu-se o dom da infalibilidade. A síntese do seu pensamento está na frase: «O catolicismo é incompatível com a democracia» – ideia que a história confirma e os sucessores honram.

De todos os déspotas que usaram a tiara, Pio IX foi, nos últimos duzentos anos, o mais violento e amoral. O rapto de uma criança judia, seguido de baptismo e de catequização, criou um padre católico perante o desespero dos pais que o perderam. Pio IX foi o Papa mais anti-semita dos últimos dois séculos, Pio XII incluído.

Agora que B16 chegou ao trono que a tradição atribui ao apóstolo Pedro, complica-se a vida para o último ditador europeu. A democracia é o inimigo que não pode afrontar por palavras. A laicidade é o calcanhar de Aquiles da vocação totalitária do Vaticano, mas o Papa não desiste de a combater e de aliciar outros dignitários das religiões concorrentes.

A possibilidade remota de ter sido encontrado o túmulo do improvável Jesus põe B16 em estado de choque. Não que ele estivesse convencido de que o patrão emigrasse em corpo para as paragens celestiais, mas era o truque que Maomé e Buda não fizeram.

B16 conseguiu que várias sucursais do Vaticano tivessem proibido o documentário produzido por James Cameron – «O Túmulo Perdido de Jesus» -, mas o mundo tem espaços de liberdade e o filme faz o seu percurso. O que irrita o celibatário do Vaticano é a possibilidade de o patrão ter tido filhos, uma heresia que podia pôr as beatas a pensar como seria doce afagar-lhe o corpo e mordiscar-lhe as orelhas.

Assim, o perigoso ditador procura minar as democracias e fazer regredir a humanidade. O perigo que representa o velho déspota é objecto de uma excelente análise neste artigo do jornal francês «Le Monde». Grande lucidez e terrível premonição.