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11 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

Cristo Rei

 

No próximo dia 17 de Maio passarão 50 anos sobre a inauguração daquilo a que se convencionou chamar o «santuário de Cristo Rei».

 

O monumento foi erigido como pagamento de uma promessa dos bispos portugueses:

“Se Portugal fosse poupado da Guerra, erguer-se-ia sobre Lisboa um Monumento ao Sagrado Coração de Jesus, sinal visível de como Deus, através do Amor, deseja conquistar para Si toda a humanidade».

 

Portugal livrou-se efectivamente da II Guerra Mundial o que, se pensarmos na quantidade de países que não tiveram essa sorte, dá até azo ao desenvolvimento de teorias de que Deus afinal é português.

 

O pior é o impacto visual que a porcaria de um monumento à mais bacoca crendice de meia dúzia de mitómanos causa na paisagem de Lisboa e Almada.

De facto, quando tanto se fala da necessidade de protegermos as zonas ribeirinhas do Tejo do impacto de contentores e de armazéns decrépitos e inúteis, é estranho que ninguém se abalance a falar da poluição visual que causa uma porcaria de uma estátua – ainda por cima feia como tudo – de um sujeito de braços abertos e empoleirado numa enorme peanha de betão.

 

Já faz 50 anos que o monumento foi inaugurado.

Não era já tempo de tirar aquele mamarracho dali?…

 

 

10 de Maio, 2009 palmirafsilva

Não se importa de repetir?

O tema blasfémia tem estado na ordem do dia um pouco por todo o mundo, facto que não me tenho esquivado de notar. Agora é a Irlanda, cuja Constituição no seu artigo 44 reza que o «Estado reconhece que é devida a Deus Todo Poderoso a homenagem de culto público. O Estado deve mostrar reverência ao Seu Nome e deve respeitar e honrar a religião», que se prepara para debitar uma lei anti-blasfémia dracónica, que esperemos seja rejeitada como o monte de lixo anacrónico que é e que muitos irlandeses denunciam.

A blasfémia não era criminalizada na Irlanda, embora seja proibida pela Constituição no artigo 40 (Direitos Fundamentais), em que o Estado garante:

O direito dos cidadãos de se expressarem livremente suas convicções e opiniões.

A Educação da opinião pública é, contudo, uma questão de tão grave importância para o bem comum, que o Estado deve empenhar-se em assegurar que órgãos de opinião pública como o rádio, imprensa, o cinema, enquanto preservando suas liberdades de expressão, incluindo críticas às políticas do Governo, não devem ser usadas para afectar a ordem pública ou a moralidade ou a autoridade do Estado.

A publicação ou emissão de conteúdo blasfemo, sedicioso ou material indecente é um delito que deve ser punido em conformidade com a lei.

Ou seja, a Constituição Irlandesa diz que todos têm liberdade de expressão desde que não afectem coisas tão intangíveis e subjectivas como a moralidade (?) ou a autoridade do Estado e, em particular, não blasfemem. Mas pelo facto de serem subjectivas, estas disposições não têm sido aplicadas. No único caso irlandês ao abrigo deste artigo, Corway x Jornais Independentes, em 1999, o Supremo Tribunal concluiu que era impossível dizer «em que consiste o crime de blasfémia». O Supremo pronunciou-se igualmente sobre a protecção especial para o cristianismo que considerou incompatível com a liberdade religiosa prevista nas disposições do artigo 44.

O devoto ministro da Justiça, Dermot Ahern, resolveu recentemente pôr termo a este inadmíssivel estado das coisas e pretende introduzir na legislação penal irlandesa um novo crime, a blasfémia, como uma alteração à Defamation Bill, ou seja, à lei anti-difamação. Mais concretamente, propõe a introdução de uma nova secção na lei, que reza «Uma pessoa que publica ou pronuncia matérias blasfemas será culpado de um crime e deve ser penalizada se considerada culpada de uma multa não superior a €100.000».

Leram bem, uma multa de 100 000 libras por material «blasfemo», sendo que este é definido como «aquilo que é ofensivo ou insultuoso em relação a assuntos considerados sagrados por um qualquer religião, causando assim indignação entre um número substancial dos aderentes dessa religião».
Como as nossas caixas de comentários espelham, um número substancial de crentes considera-se ofendido nas suas convicções «sagradas» por tudo e mais botas , em particular pela existência de ateus que não finjam serem crentes, pelo que, se a referida talibanização da Irlanda for para a frente, não é preciso grande presciência para prever um futuro inquisitorial na Irlanda.

Aliás, alguns crentes já reagiram à proposta da forma esperada, um deles propondo mesmo a criminalização do ateísmo. Citando um cretino cujo pen name é Vox Day, que se tem distinguido não só no seu blog como no World Nut Daily pelas barbaridades que debita, o devoto senhor propõe que, no interesse da racionalidade (???) e do senso comum (???), a legislação irlandesa deveria emular a Sharia e declarar o ateísmo um crime do pensamento. Não é muito complicado imaginar qual a pena que Eric Conway gostaria ver aplicada aos perigosos [sic] ateus!

10 de Maio, 2009 Carlos Esperança

A opinião muda segundo o local

Num discurso frente a líderes religiosos muçulmanos na maior mesquita de Amã, o Papa Bento XVI denunciou a “manipulação ideológica da religião” que pode levar à violência, no seu segundo dia de visita à Jordânia.

Criticou aqueles que defendem que “a religião é necessariamente uma causa de divisão no mundo”.

Comentário: B16 estaria a lembrar-se da manipulação ideológica dos bispos espanhóis contra o PSOE nas últimas eleições?

8 de Maio, 2009 palmirafsilva

Uma questão de princípios

Há quasi um ano e a propósito de um editorial da Nature elogioso do recém-falecido John Templeton, Matthew Cobb e Jerry Coyne publicaram uma carta na revista, que pode ser lida na íntegra no Pharyngula para quem não tenha acesso à Nature. A carta, que ajuda a explicar como o mundo social, em especial a religião, influencia para tantos a forma como veêm o mundo natural, foca-se num dos temas que mais inflama o nosso espaço de debate e vale a pena ser lida por ajudar a esclarecer algumas questões recorrentes nesse espaço e que podem ser apreciadas neste excerto:

«Ficámos perplexos com seu Editorial sobre o trabalho da Fundação Templeton (‘Templeton’s legacy’ Nature 454, 253–254; 2008). Com certeza ciência é sobre encontrar explicações materiais para o mundo – explicações que podem inspirar aqueles sentimentos de assombro, maravilhamento e reverência no hiper-evoluído cérebro humano. A religião, por outro lado, é sobre humanos pensando que assombro, maravilhamento e reverência são a pista para entender um Universo construído por Deus. (O mesmo é verdade para a prima pobre da religião, a ‘espiritualidade’, que introduziu no seu Editorial da forma como um criacionista usa o ‘design inteligente’.) Há um conflito fundamental aqui, um que nunca pode ser reconciliado até que todas as religiões parem de fazer alegações sobre a natureza da realidade.» (…)

O seu editorial sugere que a ciência pode trazer “avanços no pensamento teológico”. Na realidade, a única contribuição que a ciência pode fazer para as ideias religiosas é o ateísmo».

Lembrei-me desta carta quando li no blog de Coyne que o cientista recusou um convite para participar no Festival Mundial de Ciência por este ser financiado pela Fundação Templeton, fundada pelo senhor cuja elegia na Nature tanto desagradou a Coyne e Cobb (e a muitos outros cientistas, certamente).

Vale a pena referir o curioso Prémio Templeton, que até 2001 era o prémio Templeton para o Progresso da Religião e que premeia com a módica quantia de 1,4 milhões de dólares as individualidades que supostamente consigam a improvável façanha de aproximar a ciência da religião.

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6 de Maio, 2009 Ludwig Krippahl

Transubstanciação

Segundo a doutrina católica, «a consequência da Transubstanciação, como a conversão da substância total, é a transição de toda a substância do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo»(1). Esta conversão é apenas da substância. «[D]o conceito de Transubstanciação está excluída qualquer forma de conversão meramente acidental, seja puramente natural (e.g. a metamorfose dos insectos) ou sobrenatural (e.g. a Transfiguração de Cristo no Monte Tabor). Finalmente, a Transubstanciação difere de todas as outras conversões substanciais nisto, que só a substância é convertida noutra — os acidentes ficam mesma — como seria se a madeira milagrosamente se convertesse em ferro, a substância do ferro permanecendo escondida sob a aparência externa da madeira.»

Estes termos referem-se à distinção aristotélica entre substância, aquilo que uma coisa é, e os seus acidentes, o que a coisa tem. Um cão é cão (substância) e tem pêlo, patas e dentes (acidentes). Assim “explicam” que a transubstanciação preserva todos os acidentes da hóstia, a sua composição química, forma, peso, aspecto e, felizmente, sabor, mas transforma a sua substância na substância de Jesus.

Uma coisa tão maravilhosa não podia ficar só no âmbito da religião. Em 1973, Michael Craig-Martin criou uma escultura transubstanciada, “Um Carvalho”, que podem ver na imagem abaixo.

Carvalho

É maravilhoso como Michael Craig-Martin conseguiu transformar de forma tão radical a substância completa do copo de água, que agora é um magnífico carvalho, deixando intactas todas as características acidentais de forma, tamanho, peso, composição química, cor, aspecto e, presume-se, sabor. A imagem liga à página de onde a tirei, e onde podem encontrar a explicação mais detalhada (em Inglês). Deixo só aqui uma citação:

«P: Mas este carvalho só existe na mente.
R: Não. O carvalho está fisicamente presente, mas na forma de um copo de água. Tal como o copo de água era um copo específico, assim também este carvalho é um carvalho específico. Concebê-lo como a categoria “carvalhos” ou imaginar um carvalho é não compreender nem experienciar aquilo que aparenta ser um copo de água como sendo um carvalho. Tal como é imperceptível também é inconcebível.»

Mistério da transubstanciação.

Têm-me dito que eu ridicularizo a religião católica. Agradeço o elogio, mas o mérito é todo dos teólogos que se esforçaram durante séculos para engendrar estas coisas. Sem esse esforço criativo ridicularizar o catolicismo seria tão fútil como ridicularizar a mecânica quântica ou o cálculo diferencial. Termino com esta citação que me parece dispensar quaisquer comentários que a ridicularizem.

«Whereas in mere changes one of the two extremes may be expressed negatively, as, e.g., in the change of day and night, conversion requires two positive extremes, which are related to each other as thing to thing, and must have, besides, such an intimate connection with each other, that the last extreme (terminus ad quem) begins to be only as the first (terminus a quo) ceases to be, as, e.g., in the conversion of water into wine at Cana.»(1)

Também no Que Treta!

1- Catholic Encyclopedia, Transubstantiation

4 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Feitiçaria e religião

Nunca percebi bem onde acaba a feitiçaria e começa a religião. A primeira é uma crença de sociedades mais primitivas e a segunda o feitiço de outras mais desenvolvidas.

Os feiticeiro entram em transe, fazem sinais cabalísticos, receitam mesinhas e lançam maus-olhados. Os clérigos exibem vestidinhos exóticos e, com gestos rituais, distribuem bênçãos e excomunhões. Uns e outros vivem de rituais e poções a que atribuem poderes mágicos.
Desconheço a diferença entre o corno do rinoceronte e o pão ázimo para fins curativos, dado que desconheço o simples mecanismo de acção de ambos, mas sei que o primeiro se destina, reduzido a pó, a aumentar a virilidade e o segundo, servido em rodelas, a fortalecer a virtude e a fé.
Há rituais inofensivos.  Os borrifos do hissope são inócuos se for potável a água e as fogueiras dos índios também o são, se não pegarem fogo à floresta.

Crenças são crenças. La Palisse não diria diferente ou melhor. O pior é o respeito que alguns exigem em nome do multiculturalismo por não saberem bem a diferença entre a barbárie e a civilização. Que em África, sobretudo na Tanzânia, os feiticeiros atribuam  aos albinos virtudes terapêuticas, quando incorporados nas poções para dar sorte e atrair riqueza, é apenas uma crença, mas quando caçam homens e mulheres albinos para lhes extraírem a pele e outros órgãos, a fim de melhorarem a qualidade dos remédios que fabricam, a minha arrogância cultural e xenófoba faz estalar o verniz e trato a questão cultural como assassínio.

É, aliás, a mesma razão que me leva a considerar um crime contra a saúde pública a obsessão contra o preservativo cultivada por algumas tribos de estados civilizados e pelo Vaticano. Não é a crença que se condena, é a sabotagem à utilização de métodos científicos de prevenção das doenças pelas mesmas tribos que se opuseram às vacinas e aos antibióticos.

Considerar bruxa uma mulher não será grave, mas queimá-la, para erradicar a peçonha, como fez a Inquisição, torna a crença crime e desperta a ira das pessoas civilizadas.

Nota – Por falar em albinos, que se estima haver cerca de 170 mil em África, nasce 1 em cada 20 mil habitantes na Europa e na América. Em África, nasce 1 em cada 4 mil nascimentos porque sendo um problema de hereditariedade se agrava com as tradições endogâmicas.

4 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

Suprema hipocrisia

 

O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que «a Igreja sabe o que fazer se forem detectados casos de gripe suína em Portugal» e ainda que «os padres são das pessoas que mais perto estão das populações e que por isso, podem fazer os avisos necessários».

 

À primeira vista poderíamos até pensar que se trata de uma declaração digna de elogio por parte dos responsáveis católicos portugueses. De facto, se houver uma pandemia todas as ajudas serão poucas, muito mais se vierem de uma instituição que está efectivamente «perto das populações» e que poderia bem «fazer os avisos necessários».

 

Tudo seria muito bonito se estas declarações não revelassem a costumeira hipocrisia de quem persiste em aproveitar cada má notícia, cada calamidade que grassa pelo mundo em proveito de um proselitismo bacoco e de mais uma manobra publicitária dessa tenebrosa multinacional do terror e do negócio da vida eterna que dá pelo nome de Vaticano.

 

A suprema hipocrisia reside obviamente no anúncio de que a Igreja pode fazer às populações «os avisos necessários» a conter a propagação da pandemia.

 

E será que pode?

Lá poder, pode. O pior é quando não quer!

 

Vejamos:

Imaginemos, por mera hipótese, que a Organização Mundial de Saúde anunciava que o vírus desta gripe também se podia transmitir por via sexual e que, por isso, as pessoas deveriam precaver-se do contágio também por esta via e passar a usar preservativo quando tivessem relações sexuais.

 

Pergunto:

Será que também neste caso a Igreja Católica continuava a fazer às populações «os avisos necessários» para conter a propagação do vírus e aconselhava o uso do preservativo?

 

A resposta é mais do que sabida:

– Decerto que não!

 

Como é bom de ver, tal como acontece com uma outra pandemia bem real chamada SIDA, a Igreja Católica continuará sempre a pôr os seus dogmas estúpidos e anacrónicos à frente da própria vida humana.

 

Se a Igreja Católica poderia, em caso de necessidade, «fazer os avisos necessários» às populações de forma a ajudar as autoridades governamentais a conter a propagação de uma pandemia?

– Deixem-me rir!

          

26 de Abril, 2009 palmirafsilva

Morte e miséria nas Filipinas

Embora se debata com uma inexplicável míngua de vocações, a Igreja católica é toda-poderosa nas Filipinas, país no qual são seguidas à risca as emanações vaticânicas em especial no que à sexualidade diz respeito, pelo menos a nível das disposições legais. Assim, o divórcio não é permitido, excepto para a reduzida comunidade muçulmana na qual se aplica a… Sharia, são censurados abertamente todos os programas de televisão que mostrem modos de vida diferentes do preconizado pela Igreja, os direitos da mulher são uma aberração do «feminismo radical» e, claro, falar em saúde reprodutiva das mulheres é uma blasfémia.

Todos os métodos contraceptivos «artificiais», preservativo incluído, são assim um anátema neste tão católico país. Aliás, para não haver quaisquer dúvidas, o ano passado a Igreja Católina filipina emitiu um comunicado oficial informando que o Vaticano não permite que usem preservativos duas pessoas casadas em que uma delas está infectada com o vírus da SIDA .

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25 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Viva o 25 de Abril

25_de_abril_1974_portugalNo dia de todos os sonhos e de todas as liberdades caiu a ditadura e tremeu a Igreja que a apoiava.

24 de Abril, 2009 Ricardo Alves

Ex-bispo do Paraguai terá seis filhos

Parece que ser bispo deve entusiasmar as mulheres. Fernando Lugo, actual presidente do Paraguai e ex-bispo da ICAR, já confirmou a paternidade de uma criança de dois anos, e tem mais cinco mulheres que afirmam que ele é o pai de um dos seus filhos. Uma delas terá iniciado o seu relacionamento com o então bispo aos 16 anos de idade.

Este curioso pai de família, profílico, polígamo e que vive, aparentemente, separado dos filhos, deveria ser motivo de reflexão para conferência episcopal portuguesa, essa especialista em «modelos de família».