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31 de Maio, 2009 palmirafsilva

Em defesa «intransigente» da vida…

Depois de várias tentativas, George R. Tiller foi assassinado hoje, mais um entre a lista crescente de médicos mortos por terroristas em nome da religião.

Update: A polícia do Kansas já prendeu o suspeito do assassinato de Tiller e em breve, espero, saberemos as motivações do assassino. Entretanto, os fanáticos do costume rejubilam

Update 2: O suspeito detido pela polícia é Scott Roeder, membro/simpatizante da Operation Rescue, uma organização que se descreve como «Operation Rescue/Operation Save America unashamedly takes up the cause of preborn children in the name of Jesus Christ. We employ only biblical principles. The Bible is our foundation; the Cross of Christ is our strategy; (…) abortion is preeminently a Gospel issue. The Cross of Christ is the only solution.» Pois….

em stereo na jugular

31 de Maio, 2009 palmirafsilva

Fundamentalismo e intolerância

Henry Louis Mencken definiu uma vez o fundamentalismo como «o terrível, omnipresente medo de que alguém, algures, se esteja a divertir (the terrible, pervasive fear that someone, somewhere, is having fun)». Embora o «sábio de Baltimore» tenha morrido há mais de meio século, o seu pensamento continua actual. Aliás, como nos recorda um artigo do principal jornal do Alasca, com o recrudescer de fundamentalismos sortidos, talvez seja ainda mais necessário hoje em dia «an outspoken defender of freedom of conscience and civil rights, an opponent of persecution and of injustice and of the puritanism and self-righteousness that masks the oppressive impulse.»

Muitas notícias dos últimos dias, para além do «Fundamentalists raise bar of intolerance», que reminesce sobre a tolerância em relação às opções sexuais na época em que Mencken acordava a consciência pública dos Estados Unidos, recordaram-me não apenas esta mas outras citações de Mencken. Em particular, o que se passa na Irlanda, com a infame lei da blasfémia e a impunidade da pedofilia clerical, é bem definido por «Todos os homens decentes têm vergonha do governo sob o qual vivem ( Every decent man is ashamed of the government he lives under)».

De facto, o ministro da Justiça tem afirmado ad nauseam que apenas introduziu a anacrónica lei por insistência do procurador geral irlandês. Esta afirmação é desmentida pelo relatório anual de 2008 da comissão de Veneza, ou a Comissão Europeia para a Democracia através do Direito, o órgão consultivo sobre questões constitucionais do Conselho da Europa. O relatório, que contou com a colaboração de Finola Flanagan, a directora geral e conselheira legal do gabinete do procurador geral da Irlanda, recomenda exactamente o oposto do que pretende Dermot Ahern, isto é, recomenda que a ofensa blasfémia seja abolida e que não seja reintroduzida nos códigos penais.

Pior ainda, num apêndice ao relatório, Flanagan responde a uma série de perguntas sobre a Irlanda no qual explicitamente diz não ser necessário introduzir qualquer lei da blasfémia na Irlanda e cita várias recomendações legais para que seja retirada da Constituição irlandesa a parte do artigo 40 referente à «publicação ou emissão de conteúdo blasfemo, sedicioso ou material indecente», a tal parte cuja alteração Ahern considera só ser possível por referendo e um referendo, por sua vez, é «a costly and unwarranted diversion».

Vale a pena ler o referido relatório que diz claramente que o propósito de qualquer restrição da liberdade de expressão se deve destinar a proteger indivíduos e não a proteger de críticas sistemas de crenças. Diz ainda que as sociedades democráticas não devem ser reféns das sensibilidades excessivas de certos indivíduos e que a liberdade de expressão não deve vacilar mesmo no caso de reacções violentas por parte desses indivíduos de pele religiosa demasiado fina.

O relatório termina com um parágrafo que subscrevo na íntegra: «Democracy must not fear debate, even on the most shocking or anti-democratic ideas. It is through open discussion that these ideas should be countered and the supremacy of democratic values be demonstrated. Mutual understanding and respect can only be achieved through open debate. Persuasion, as opposed to ban or repression, is the most democratic means of preserving fundamental values.»

em stereo na jugular

30 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Almoço do 1.º aniversário da AAP – Saudação

ENA/2009
Caros ateus e ateias:

Faz hoje 1 ano que a Associação Ateísta Portuguesa se constituiu. Dezassete dias antes tinha havido uma peregrinação a Fátima, contra o ateísmo, presidida pelo então criador de milagres, santos e beatos – cardeal Saraiva Martins. Algum tempo depois o patriarca Policarpo considerava o ateísmo a maior tragédia da actualidade.

São exagerados estes publicitários. Até nos quatro bispos mobilizados para afrontarem a Associação Ateísta Portuguesa (AAP).

Neste primeiro ano de existência associativa, tornámos visível o ateísmo como filosofia de vida, ética e socialmente válida; defendemos os legítimos interesses de ateus, agnósticos, pessoas sem religião e crentes de religiões minoritárias, contra os privilégios da religião dominante; denunciámos o obscurantismo religioso e o espectáculo aviltante da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, queimado com salpicos de óleo fervente de fritar peixe, por intercessão de Nuno Álvares Pereira, fraude que envolveu as mais altas figuras do País, constitucionalmente impedidas de autenticar milagres, e que, só na véspera, tiveram o decoro de desistir da deslocação a Roma; mas foi sobretudo na defesa da laicidade que o nosso empenhamento cívico constituiu uma referência ética, certos de que o Estado não pode ser ateu pela mesma razão por que não deve ser confessional, convictos de que só a absoluta neutralidade é factor de paz e garantia de respeito pelas crenças, descrenças e anti-crenças a que cada cidadão tem direito num país civilizado.

O nosso apego às instituições democráticas é irrepreensível, o respeito pela Constituição da República Portuguesa é autêntico e é calorosa a defesa que fazemos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Somos ateus por razões intelectuais, incapazes de acreditar nas religiões, indisponíveis para acatar dogmas ou aceitar os deuses que os homens criaram no auge do tribalismo. Somos ateus, também, por razões morais, recusando a violência, o racismo, a crueldade, a misoginia e a homofobia do deus raivoso que os homens criaram na Idade do Bronze e cujo paradigma está vertido num livro abominável – o Antigo Testamento –, que inspira os monoteísmos: judaísmo, cristianismo e islamismo, todos belicistas e os dois últimos implacavelmente prosélitos.

Não nos intimidamos com as piedosas mentiras do catolicismo, que atribui ao alegado ateísmo de Hitler o Holocausto, porque sabemos como o anti-semitismo cristão inspirou a barbárie nazi, como protestantes e católicos lhe deram listas dos baptizados, como sempre se considerou crente e como foi mandada celebrar uma missa solene em todas as igrejas católicas alemãs pela alma do ditador.

De Mussolini a Franco, de Salazar a Pinochet, de Ante Pavelic e Josef Tiso não faltaram torcionários amigos do Papa e da hóstia. No Islão basta lembrar as teocracias do Irão e da Arábia Saudita para percebermos a tolerância e a bondade pregadas nas madrassas. E não esqueçamos os judeus das trancinhas que ameaçam derrubar o Muro das Lamentações à cabeçada com a mesma paixão com que anseiam exilar palestinos e proibir o toucinho.
Porque pensamos que não há sociedades livres sem respeito pela liberdade individual e pela igualdade de género, repudiamos a moral imposta pelas religiões, com prémios e castigos para depois da vida, este bem único e irrepetível que queremos fruir até ao limite da nossa existência ou da nossa decisão.

Caros ateus e ateias, parafraseando Dawkins: Deus provavelmente não existe, portanto gozemos este almoço e esqueçamos a última ceia.

Bem-vindos a Coimbra. Viva o livre-pensamento.  Carlos Esperança

28 de Maio, 2009 palmirafsilva

As tolices dos arcebispos

Está a fazer ondas esta entrevista à catalã TV3 do cardeal Antonio Cañizares Llovera, arcebispo de Toledo e prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.

Numa entrevista devotada quasi na totalidade a carpir a legislação que não criminaliza o aborto, o cardeal comenta en passant o escândalo da pedofilia na Irlanda, coisa pouca que não lhe merece mais de uns segundos de atenção numa entrevista de quase 20 minutos, e mesmo esses poucos segundos são devotados a explicar que não há sequer comparação entre esta minudência e o aborto.

Mais concretamente, Cañizares considera que o abuso sexual, torturas e maltratos a que foram submetidos ao longo de décadas milhares de crianças entregues pelo estado a instituições católicas configura condutas condenáveis pelas quais, aparentemente, basta pedir perdão. Mas é irrelevante o que aconteceu «em alguns poucos colégios», em que foram abusados uns meros milhares de crianças, face aos «milhões de vidas destruídas» pelo aborto.

O El pais dá-nos contaque o governo espanhol já classificou de «muito graves» as enormidades debitadas pelo arcebispo. Mais concretamente, Trinidad Jiménez, ministra da Saúde e Política Social, considerou as declarações de Cañizares «completamente irresponsáveis e inoportunas», acrescentando aquilo que devia ser óbvio para qualquer pessoa com vestígios de bom senso e com um mínimo de sensibilidade, que não são comparáveis o abuso sexual de menores e o aborto. Parece no entanto que sensibilidade e bom senso não se coaduna com a direcção de arquidioceses, pelo menos em Toledo e Westminster

em stereo na jugular

Adenda: por indicação de um leitor da jugular, um vídeo que diz mais que quaisquer palavras. Vale igualmente a pena ler os comentários…

27 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Momento zen de segunda

João César das Neves (JCN), parecendo um troglodita, é um profeta. Para ele o sexo é como o toucinho para Maomé, uma abominação, um erro da natureza que da reprodução fez prazer e popularizou esse método repugnante.

A homilia desta segunda-feira, no DN, execra o sexo. A parábola «Deseducação sexual» abomina alusões a essa sujidade, ao preservativo e à sordidez da reprodução humana.

JCN é um profeta que usa a língua e os dedos para defender a castidade. Fala e escreve para glorificar o Senhor e repetir as palavras do papa numa sociedade onde o erotismo é a arma de Satã. É um sofredor, apertado pelo cilício, a usar a ironia: «A masturbação é natural, o impulso sexual deve ser promovido [sic], se praticado com segurança, e há perfeita equivalência entre todas as opções sexuais. Pudor, castidade e matrimónio são disparates».

Por mais difícil que seja descobrir «impulsos sexuais promovidos… com segurança» adivinha-se que JCN é contra os impulsos e contra a segurança. O profeta não é rigoroso na gramática mas é impoluto no pensamento. O texto é um pesadelo para a inteligência mas um refrigério para a alma. Um dia o Evangelho de S. João César há-de registar esta parábola: «As gerações futuras vão rir à grande com a tolice dos nossos políticos que se encarniçam a regular o baixo ventre». Pensemos nas gargalhadas dos vindouros quando descobrirem como agora se fazem meninos, quando bastar inserir peças numa linha de montagem, carregar num botão e produzir bebés a chorar. Talvez usem o método para fazer triciclos.

JCN, entre as reflexões pias e os louvores à castidade, ainda informou os leitores de que há 50 anos o PS defendia as ideias económicas que o Bloco de Esquerda defende hoje. Tendo o PS 36 anos de existência facilmente entendemos como JCN despreza a verdade e o tempo para salvar a alma.

27 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Momento de Poesia

Dissertação sobre o Santo Ofício

Nenhuma imagem é perfeita

nenhuma imagem envelhece o tempo

se não for purificada pelo fogo,

Roma ficou a arder

ao longo de dias e de noites

para que Nero se masturbasse

ao som da lira

também os severos inquisidores

e os tentaculares poderes seculares

ergueram os patíbulos do Santo Ofício

na praça pública, para gáudio da populaça,

e purificaram hereges, cristãos-novos e ateus,

com o incenso dos fumos da palha seca

para iluminar os longos braços de Deus.
a) Alexandre de Castro

26 de Maio, 2009 palmirafsilva

Crime e castigo na Irlanda

Clique na imagem para a aumentar ( retirada daqui).
Na Irlanda, a justiça é no mínimo bizarra. Enquanto Estado e Igreja fazem um acordo para conceder imunidade aos muitos membros do clero católico que durante anos abusaram sexualmente de milhares de crianças em instituições da Igreja Católica, o ministro da Justiça inflama-se contra os que contestam a sua lei que pretende criminalizar a blasfémia. Ou seja, para o ministro da Justiça irlandês abusar e maltratar crianças é coisa pouca que nem sequer merece castigo. Pelo contrário, blasfemar é um crime abominável que não pode passar sem punição.

De facto, depois de deplorar a «inacreditável intolerância» dos que se opõem à fantástica lei da blasfémia, que poupará aos contribuintes a maçada de decidirem sobre a sua oportunidade em referendo, e de denunciar os histéricos apóstolos, com cérebros do tamanho de ervilhas, de teorias da conspiração, Dermot Ahern declarou-se mistificado pela reacção da Organisation for Security and Cooperation in Europe (OSCE) à sua fantástica lei. O representante da organização para a liberdade de imprensa afirmou que a proposta de lei da blasfémia irlandesa viola todos os acordos internacionais sobre liberdade de expressão.

Ahern, que numa sessão parlamentar do Justice Committee em que se debateu a lei referiu os comentários blasfemos sobre a sua pessoa e comparou a sua pureza à do «menino Jesus» – dando origem com a sua intervenção a uma nova religião, a Igreja da Dermotologia – não percebe porque razão apenas os países islâmicos aplaudem a sua iniciativa de punir estes criminosos maiores. Ou por que razão na Irlanda o público se indigna por os crimes da Igreja ficarem impunes em vez de perceber que o que é realmente urgente é punir os que se atrevem a criticar essa mesma Igreja – que se recusa a sequer rever os acordos que lhe garantem que não só ficará impune como não pagará mais um tostão às vítimas dos seus crimes.
Aliás, estas prioridades bizarras não são exclusividade da Irlanda ou do clero irlandês. De facto, o ex-arcebispo que afirmou que os ateístas não são «totalmente humanos», reafirmou as acusações na tomada de posse do seu sucessor. Cormac Murphy O’Connor aproveitou a ocasião para verberar a falta de fé, «o maior de todos os males», e depositar no mal maior que qualquer pecado a culpa de guerras e destruição. Assim, não é de espantar que o seu sucessor, depois de ter pedido «mais respeito» pela religião, tenha comiserado sobre o «corajoso» (sic) clero pedófilo, que foi obrigado a enfrentar o seu passado com este ignóbil relatório, contra o qual a Igreja tanto lutou. Mais concretamente, numa entrevista àITV News at Ten, o arcebispo afirmou:

«I think of those in religious orders and some of the clergy in Dublin who have to face these facts from their past which instinctively and quite naturally they’d rather not look at. That takes courage, and also we shouldn’t forget that this account today will also overshadow all of the good that they also did

Também acho que sim, que não se pode deixar de louvar a coragem de quem abusa, maltrata e tortura crianças durante décadas … haja paciência para tanto autismo!

em stereo na jugular

24 de Maio, 2009 Ludwig Krippahl

Treta da semana: “Lixo mental”

A ironia é irresistível. No dia a seguir ao relatório sobre abusos a crianças por parte da Igreja Católica irlandesa, o João César das Neves defende, na sua forma rebuscada e parca de conteúdo, que a «descida ao abismo espiritual a que se assiste» se deve ao «Lixo mental».

«Filmes boçais, sites infames, programas idiotas, revistas escabrosas, videojogos obscenos, séries imbecis constituem a dieta intelectual dos cidadãos […]. Na ficção como nas notícias, a violência extrema, pornografia descarada, egoísmo, gula, desonestidade são produtos comuns.»(1)

O lixo mental não é novo. Recordo-me da Crónica Feminina que a minha avó materna lia há 30 anos. Tinha umas listas semanais com os números da sorte para jogar na lotaria, que indicavam um número diferente para cada signo. Hoje lê a Caras ou coisas dessas, mas a diferença é pouca. O meu pai tem uns livros do final do século XIX, que eram do pai dele, com compilações do Fliegende Blätter, um semanário satírico alemão especializado em estereótipos sociais(2). Na altura talvez tivesse graça mas, hoje, aquele humor é fraquito*. Portugal teve dois reis que sabiam escrever. Um escreveu sobre caça e o outro sobre montar a cavalo. E se compararmos o que vemos na televisão com o que assistia o camponês medieval vemos que era bem pior no auge da “espiritualidade” católica do João César das Neves. A superstição, a ignorância, a injustiça, a misoginia, os autos de fé e execuções públicas superavam qualquer Big Brother em “lixo mental”.

A diferença não é haver mais lixo mental. Uma diferença é compreendermos que o lixo para uns pode não o ser para outros. O Kama Sutra tanto pode ser pornografia obscena como um livro sagrado. As revistas que a minha avó lê parecem-me perda de tempo e não vejo graça nas piadas que o meu avô adorava. Mas, ao contrário do camponês medieval e do João César das Neves, eu percebo que estas divergências são inconsequentes. Meros gostos subjectivos onde o bom e o mau se distinguem de forma arbitrária. Ao contrário de queimar pessoas na fogueira ou sancionar legalmente a blasfémia, que prejudica pessoas em vez de lesar apenas os preconceitos.

Esta compreensão inibe o que o João César das Neves chama de “espiritualidade”, porque revela que qualquer religião é tão arbitrária, e relativa à sua cultura, como qualquer outra. Ao contrário do que cada uma apregoa, a religião não é um bastião contra o relativismo moral. É um exemplo extremo de relativismo, derivando tudo daquilo que se lembram de inventar acerca dos deuses.

Mas a causa mais importante do “abismo espiritual” é o mesmo factor que permite ver este relativismo da religião. É a liberdade de expressão e de acesso à informação. É verdade que quando todos se podem exprimir e ter acesso ao que os outros dizem muita coisa vai parecer lixo. Mesmo que não haja consenso acerca do que é, ou não é, lixo. Mas, infelizmente, também é verdade que a religião sempre foi uma desculpa para injustiças e abusos. Tal como o lixo mental, o abuso de crianças em instituições religiosas não é recente. O que é recente é que agora falamos disso. E essa violência e pornografia afasta muito mais gente da “espiritualidade” que os filmes do Bruce Willis ou da Cicciolina.

* Mas é humor alemão; é preciso dar um desconto. Como dizem os ingleses, a german joke is no laughing matter.

1- João César das Neves, 21-5-09, Destak, Lixo mental. Via Espectadores
2- Podem descarregar os volumes mais antigos na Arthistoricum.net

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