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SER BOA PESSOA É SER CRENTE?

Texto de Onofre Varela

A resposta à pergunta formulada no título desta crónica pode ser encontrada por cada um de nós no juízo que fazemos do comportamento das pessoas que conhecemos, incluindo familiares, amigos e pessoas públicas. É verdade que o juízo é nosso e nada garante que possamos ser correctos na avaliação, porque obedecemos a preconceitos que alteram a honestidade da nossa apreciação.

Eu parto do princípio que o Ser Humano é igual em qualquer parte do mundo. Todos temos as mesmas emoções. Somos capazes de fazer o amor… mas também fazemos a guerra! As sociedades regem-se por valores éticos que não são muito diferentes entre elas. O respeito pelo outro parece-me ser a marca comportamental de todos nós, e na sociedade cristã onde nasci, fui criado e vivo diariamente, há uma ética comportamental que, se fosse observada por todos, viveríamos no melhor dos mundos. Obviamente que há sempre excepções que confirmam a regra… mas no essencial acredito que o Ser Humano é bom e fraterno por imposição não só das leis, mas também, se não principalmente, de uma ética natural ditada pelo cérebro que possuímos e registada na herança genética que recebemos e que a evolução vai aprimorando. O simples facto de haver regras sociais democráticas, comprova a nossa boa intenção, porque fomos nós quem as criou!

Steven Weinberg é um académico dos EUA que recebeu o Prémio Nobel da Física em 1979. É dele esta frase lapidar: “Com ou sem religião teremos sempre boas pessoas a fazer coisas boas, e más pessoas a fazer coisas más. Mas para termos boas pessoas a fazer coisas más, para isso, precisamos de uma religião”. Para comprovar a verdade da sua frase, basta-nos ver os actos bárbaros de religiosos muçulmanos fundamentalistas que matam excelentes pessoas sem outra “razão” que não seja a fé que têm de que “Deus quer vê-las mortas”. A barbárie religiosa muçulmana fundamentalista dos nossos dias pede meças com as históricas Cruzadas (1096-1270) que alimentaram uma guerra religiosa entre cristãos e muçulmanos por quase dois séculos.

Hoje, para além dos actos terroristas de religiosos muçulmanos (os mais recentes ocorrem no norte de Moçambique), também temos, no ocidente, dois casos de governantes que professam a fé cristã e são exemplos negativos pelas suas acções políticas: Bolsonaro no Brasil e Trump nos EUA. Ambos são profundamente crentes (Bolsonaro até se deixou “benzer” pelo explorador da fé Edir Macedo Bezerra, fundador da seita IURD). Usam o nome de Deus nos seus discursos, não respeitam etnias, agridem o ambiente e não esboçam qualquer gesto de combate à pandemia Covid, transformando os seus países em cemitérios de vala-comum para sepultar milhões de vítimas, não só do Covid, mas principalmente das suas atitudes perante os outros, imbuídos de um poder dado pelo povo… que já o retirou a Trump. É necessário retirá-lo, também, a Bolsonaro… e ao Edir, já agora!…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

OV