Loading

Dia: 21 de Junho, 2018

21 de Junho, 2018 Vítor Julião

A tumba vazia

 

As argumentações dos cristãos na defesa das suas crenças sobre o divino, têm variado entre as “gastas” e as “ridículas”.
Argumentações “gastas” são aquelas que já têm teias de aranha de tão velhas, como são os vários argumentos teológicos, sejam os tomasinos ou os de kalam, mesmo que renovados com novas falácias como o Craig tem nos tem presenteado.
Já quanto às argumentações “ridículas”, estas são mais numerosas e normalmente mais utilizadas por quem possui menos conhecimentos. Algumas são bem conhecidas como a analogia do “vento que não se pode ver” ou a falácia circular da bíblia ser a prova da existência de deus pois deus escreveu a bíblia.
E quando, aparentemente, estas últimas argumentações pareciam ser o máximo que se podia atingir na escala de estupidez, eis que os cristãos nos surpreendem e apresentam um novo argumento que sobe mais uns valores na escala do ridículo.  Refiro-me ao argumento para a existência e ressurreição de Jesus, o da “tumba vazia”.

Segundo os cristãos, lá para os lados de Jerusalém, existe esse local sagrado onde está o túmulo de Jesus – mas vazio. E tem de estar vazio, pois se o judeu ressuscitou, é lógico que não pode estar no túmulo. Mas se nada está dentro do túmulo, como se pode aferir que ele lá esteve?

Entretanto, e para ajudar a confusão em toda esta estorinha de fantasia, vários túmulos têm aparecido e muitos também são do Yeshua (Jesus), como é o caso do túmulo de Talpiot. Só que nome de Yeshua era tão vulgar nessa época e lugar que ele aparece em 98 tumbas e 21 outros ossários. Este túmulo de Talpiot meteu mesmo ao barulho James Cameron, acabando por dar origem a um documentário em 2007.

Parece que o milagre de ele se multiplicar depois de morto, por vários túmulos ou tumbas, não foi devidamente relatado nos evangelhos canónicos. Tal como não foi devidamente relatado o local exato onde ficava o túmulo. 
Ah, a falta que fez o Google Maps nessa altura… 

Mas para o argumento dos cristãos fazer algum sentido lógico (lógico para eles), seja qual for o túmulo ou tumba, tem de estar vazio pois assim seria a “prova” da ressurreição do dito cujo. Mas se está vazio, nada há para fazer prova! Alegam os cristãos que o nome de Yeshua está lá, Yeshua filho de Yossef. Alegam que está no sítio perto do Monte das Oliveiras. Ok, mas o túmulo continua vazio e esses nomes eram vulgares nesse local.

Mas será que o facto dum túmulo estar vazio será prova da ressurreição? Então se fosse encontrado um túmulo pertencente a Horus e estivesse vazio, seria igualmente prova que Horus também ressuscitou?
Ou se fosse encontrado o túmulo de Krishna vazio, também seria uma prova que esse deus ressuscitou ou não?
E se a tumba de Mitra for encontrada vazia, também é prova que esse deus ressuscitou?
E quanto a todos esses túmulos que são encontrados por aí, com e sem nomes, mas que estão vazios, também são provas de que quem lá deveria estar, ressuscitou?

Crentes, usem os neurónios pelo menos uma vez na vida: um túmulo vazio apenas prova que o túmulo está vazio. Ter escrito Yeshua no túmulo, nome vulgar, continua a nada provar. Estar o túmulo perto do local onde os romanos executavam os criminosos, continua a ser irrelevante para provar que o judeu existiu.

Lamento, mas continua a não haver provas que esse judeu tenha existido.

Vítor Julião

21 de Junho, 2018 Luís Grave Rodrigues

Adultério