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Dia: 8 de Fevereiro, 2015

8 de Fevereiro, 2015 Carlos Esperança

Pedagogia papal

Comissão do Vaticano critica papa por dar aval a ‘castigos físicos’ em crianças

Integrantes darão recomendações ao Pontífice sobre a proteção de crianças em casos de castigo corporal.

sábado 7 de fevereiro de 2015 – 11:41 AM

Estadão Conteúdo / [email protected]

Papa foi alvo de críticas após manifestar seu posicionamento sobre palmadas em criançasFoto: AFP

Os membros da comissão do Vaticano para tratar de questões relativas ao abuso sexual criticaram os comentários do papa Francisco sobre punições corporais a crianças, impostas por seus pais. Para o Pontífice, é aceitável que pais batam em seus filhos desde que sua dignidade seja respeitada.

Em resposta, os integrantes da comissão afirmaram que não há espaço para a disciplina física e que o painel irá fazer recomendações ao papa sobre a proteção de crianças em casos de castigo corporal. “Não se bate em crianças”, afirmou um dos membros, Peter Saunders.

Todos os 17 membros da comissão se reuniram pela primeira vez esta semana e anunciaram progressos neste sábado. Eles dizem ter rascunhado políticas para responsabilizar os bispos que derem cobertura a padres pedófilos. Também serão organizados seminários para autoridades do Vaticano e bispos sobre a proteção de crianças. Fonte: Associated Press.

8 de Fevereiro, 2015 Carlos Esperança

“EM VERDADE VOS DIGO” (13)

Por
Onofre Varela

Limites da Liberdade de Expressão

“Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até à morte o vosso direito de dizê-lo”. Este pensamento é de Voltaire (1694-1778), filósofo da Ilustração e do Iluminismo. Profundamente religioso, foi também um polemista satírico que usou as suas obras para criticar a Igreja Católica, as instituições francesas, os reis absolutistas e os privilégios do Clero e da Nobreza. Defendeu a liberdade de pensamento e expressão, e criticou a censura.

Os vis assassinatos no jornal Charlie Hebdo fizeram ressurgir o espírito crítico de Voltaire, e a reimpressão dos seus livros são êxito de vendas em França.
“A sátira é a gargalhada da Razão, frente à solenidade da loucura”, disse Alberto Manguel, em artigo defendendo a crítica satírica, no suplemento cultural Babélia (jornal El País, 17/1/2015). Os fundamentalistas do Islamismo não sabem que o próprio Maomé valorizou o riso e condenou a falta de humor, ao dizer “mantém sempre o coração ligeiro, porque quando o coração se ensombra a alma fica cega”. São as
almas-cegas islâmicas que matam em nome de Maomé e de Deus (Alá).

A sátira é intemporal e usa a ironia para criticar uma situação, uma personagem ou uma sociedade inteira. É utilizada por artistas e escritores de todos os tempos, desde os discursos filosóficos de Sócrates (399 aC), até às pinturas de Goya e aos escritos de Eça, passando pelos filmes de Chaplin. A sátira escrita ou desenhada é atacada por ser justa, por apontar imoralidades e por denunciar. Por isso provoca a fúria dos que acusa. A censura, a prisão e a morte são, habitualmente, as reacções dos impotentes fundamentalistas e arrogantes ditadores (políticos ou religiosos) que se sentem visados nas críticas dos bem-pensantes. A liberdade de expressão tem os seus limites, sim: o caricaturista não critica doentes ou portadores de deficiência, não ri com a fome em África, nem defende a violência doméstica. O humor é a capacidade humana de realçar o ridículo e o absurdo da realidade. Quem não entende o humor e a sátira, e pretende estabelecer outros limites à liberdade de expressão… será, ele próprio, o ridículo e o mais alentado dos absurdos.

OV
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)

Diário de uns Ateus – Texto publicado na GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA, um jornal acolhe a opinião de um ateu.