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  • 17 de Agosto, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

Madre Teresa de Calcutá (2)

BEATIFICAÇÃO POLÉMICA

Por

C S F

No dia 19 de Outubro de 2003, o papa João Paulo II beatificou Madre Teresa justificando o seu acto com milagre ocorrido com Monica Besra, uma indiana, que foi curada de um tumor no ovário após tocá-lo com uma medalha de Madre Teresa

A madre é fortemente atacada por diversos estudiosos como Christopher Hitchens e Richard Dawkins por ter desviado dinheiro de doações para proveito próprio de sua irmandade, promovendo o sofrimento dos pobres como um meio de arrecadar fundos.
O livro de Christopher Hitchens revela o relacionamento da madre com figuras como Jean-Claude Duvalier e o economista Charles Keating. Este foi responsável pelo roubo de 250 milhões de dólares pertencentes a dezessete mil investidores. Doou 1,25 milhões à irmandade de madre Teresa, que não comentou os acontecimentos.
Sanal Edamaruku, presidente do grupo Rationalist International, no dia da beatificação da freira, acusou-a de mostrar uma imagem distorcida de Calcutá, onde o grupo da religiosa nem se nota. Sanal demonstrou que diversos argumentos e factos defendidos pela freira não terem fundamento ou terem sido manipulados para se adequar à sua visão de pobreza, e que os abrigos da irmandade de Teresa eram construídos de modo desorganizado, tornando-se focos de contaminação e desordem.

Christopher Hitchens foi convidado pelo Vaticano para testemunhar numa audição para a beatificação de Agnes Bojaxhiu, uma ambiciosa freira albanesa que se tomou muito conhecida sob o nome de «Madre Teresa». Muito embora o então papa tenha abolido o famoso cargo de «Advogado do Diabo», para canonizar rapidamente um enorme número de «santos» novos, a igreja continuava a ser obrigada a procurar o testemunho de críticos e assim que aquele jornalista representou o diabo, por já ter ajudado a denunciar um dos «milagres» relacionados com Agnes Bojaxhiu.

O homem que a tornou famosa foi um evangelista (mais tarde católico) inglês chamado Malcolm Muggeridge. Foi o seu documentário Something Beautijül for God, transmitido pela BBC em 1969, que lançou a marca «Madre Teresa» no mundo. O operador de câmara do seu filme era um homem chamado Ken Macmillan, que tinha ganho um prémio pelo seu trabalho na grande série sobre história realizado por lorde Clark, Civilisation. A sua percepção de cor e luz era excelente. Eis a história tal como Muggeridge a contou no livro que acompanhou o filme:
A Casa dos Moribundos de Madre Teresa é mal iluminada por pequenas janelas no cimo das paredes e Ken MacmilIan foi inflexível na recusa de fiImar naquele local. Tínhamos trazido apenas um holofote pequeno e seria completamente impossível iluminar adequadamente o espaço no tempo que tínhamos ao nosso dispor. Não obstante, ficou decidido que Ken tentaria, mas para ter uma garantia de qualidade filmaria igualmente num pátio no exterior onde alguns dos habitantes estavam sentados ao sol. Depois de revelado o filme, a parte filmada no interior estava banhada por uma luz suave e especialmente bela e a parte filmada no exterior encontrava-se bastante esbatida e confusa…
Eu próprio estou absolutamente convencido de que a luz tecnicamente inexplicável é, de facto, a Luz Bondosa a que o cardeal Newman se refere no seu maravilhoso e muito conhecido hino.

Este terá sido o primeiro milagre fotográfico autêntico…
O testemunho verbal directo de Ken Macmillan, o operador de câmara foi os eguinte:
Durante Something Beautifull for God, aconteceu um episódio quando fomos levados a um edificio a que a madre Teresa chamava a Casa dos Moribundos. Peter Chafer, o realizador, disse, «Ah, bem, está muito escuro aqui dentro. Achas que vamos conseguir filmar alguma coisa?» Como tínhamos acabado de receber na BBC uma película nova fabricada pela Kodak que não tinhamos tido tempo de testar antes, eu disse para Peter, «Bem, podemos tentar». E filmámos. E quando voltámos, várias semanas depois, cerca de um ou dois meses mais tarde estávamos sentados na sala de visionamento de filmes não editados dos Ealing Studios quando foram projectadas as imagens da Casa dos Moribundos. E foi surpreendente. Viam-se todos os pormenores. E eu disse, «É surpreendente. É extraordinário». E preparava-me para dizer que devíamos dar três vivas para a Kodak. No entanto, não tive tempo para falar porque Malcolm, que estava sentado na primeira fila, voltou-se e disse: «É luz divina! É a Madre Teresa. Vais descobrir que ê luz divina, meu rapaz.» E passados três ou quatro dias comecei a receber telefonemas de jornalistas de jornais londrinos que diziam coisas do género: «Ouvimos dizer que acabou de voltar da Índia com Malcolm Muggeridge e que foi testemunha de um milagre.»

Em fui convidado pelo Vaticano para uma sala fechada que continha uma Bíblia, um gravador, um monsenhor, um diácono e um padre, e pediram-me se poderia dar a minha opinião sobre a questão da «serva de Deus, a Madre Teresa». Porém, enquanto eles pareciam estar a perguntar-me isto de boa-fé, os seus colegas do outro lado do mundo certificavam o «milagre» essencial para permitir a concretização da beatificação (prelúdio para a canonização plena).