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Dia: 3 de Abril, 2010

3 de Abril, 2010 Carlos Esperança

Vaticano – É preciso topete

O pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, leu na sexta-feira, frente ao Papa, uma carta onde são comparados os «ataques» contra a Igreja a propósito dos casos de pedofilia com os «aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo», noticiou a agência Lusa.

O Vaticano perdeu a vergonha e a compostura. A denúncia dos crimes que atingem as sotainas é um dever, para proteger as crianças e intimidar os predadores sexuais. O seu clero não é excepção nem a pedofilia um crime exclusivamente pio. O que repugna, em primeiro lugar, é a ocultação ao longo dos anos com a cumplicidade dos bispos e de três papas. Depois é a fuga às responsabilidades e a tendência para se armarem em vítimas.

A Igreja católica arruinou a alegada superioridade moral. Dá normas para a sexualidade e comportamento das famílias e impede a interrupção voluntária do celibato ao clero.

Mas o que é verdadeiramente obsceno é a comparação ao anti-semitismo, a nódoa mais vergonhosa do cristianismo em geral e da Igreja católica em particular (não vem a aqui a propósito referir o anti-semitismo demente do Islão).

A Igreja católica já retirou do Novo Testamento as centenas de referências anti-semitas? Já pediu perdão pela expulsão dos judeus de Portugal e Espanha? Já se redimiu dos que queimou nas fogueiras da Inquisição? Já esqueceu o sequestro do menino judeu de seis anos Edgardo Mortara, sob o pretexto de que uma criada o havia baptizado? Não se recorda já da entrega a Hitler das relações dos baptizados para que se identificassem os judeus, por exclusão, atitude que os bispos protestantes também tomaram?

Quem acusou os judeus de terem matado Cristo, um judeu que morreu como tal, quem sempre os perseguiu e rezou pelos «pérfidos judeus», ao dizer-se vítima dos «aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo» está a enjeitar a sua conivência no anti-semitismo e, ao mesmo tempo, a minimizar as graves acusações de que é alvo.

Há um livro «A vida sexual do clero» exclusivamente escrito com casos cujas sentenças transitaram em julgado, em Espanha. Será que o Vaticano o desconhece?

Bastava o apoio a Hitler e às leis racistas de Mussolini para levar o pudor ao bairro de 44 hectares, sem maternidade nem pudor.

3 de Abril, 2010 Ricardo Alves

Da futilidade dos pedidos de perdão

O Policarpo saiu-se com esta: «Continuamos a precisar do Vosso amor redentor, por causa dos nossos pecados. Perdoai os pecados da Vossa Igreja».

Para que raio serve um pedido de perdão? Não serve para nada. Policarpo está numa posição ainda mais recuada do que Ratzinger. Poderia apelar à colaboração com os tribunais. Poderia investigar o que houver para ser investigado. Poderia denunciar à polícia o que descobrisse. Não. Em vez disso, pede «perdão».

O catolicismo é isto.