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Dia: 5 de Novembro, 2009

5 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

Casamentos homossexuais e religião

Os bispos entraram em febre referendária que alastra de forma epidémica aos padres e seus assalariados que descobriram agora as delícias da participação popular.

Não vou acusar os actuais bispos da cumplicidade com a ditadura salazarista, um delito dos antecessores,  mas é bom lembrar-lhes que o divórcio, por exemplo, é hoje um direito dos cidadãos que foi conquistado contra a vontade do clero e a exigência de uma Concordata que o Vaticano negociou com Portugal e vários outros Estados fascistas.

Em matéria de direitos individuais talvez valha a pena dizer que a liberdade religiosa só foi reconhecida pelo Concílio Vaticano II e que vem incomodando o actual pontífice.

Voltemos à febre referendária que agita as mitras e faz tremer os báculos: os direitos individuais não se referendam. Entendem os senhores bispos que deve ser submetida a referendo a possibilidade de ser budista, adventista do 7.º dia ou Testemunha de Jeová?

Além de o referendo ter demonstrado que não interessa ao eleitorado, há o direito de pôr em causa a legitimidade representativa da Assembleia da República, legitimidade que os bispos da ditadura não contestaram em mais de quatro décadas de partido único?

Acresce que os partidos disseram durante a campanha eleitoral qual era a posição sobre os casamentos homossexuais e até houve partidos que se comprometeram a viabilizá-los. Foram esses programas que os portugueses sufragaram e cujo cumprimento cabe aos partidos honrar.

O casamento gay é um direito de uma minoria discriminada injustamente, não é uma decisão a que alguém se sinta obrigado.

5 de Novembro, 2009 Fernandes

A Bíblia (I)

– Para aqueles que acham que o mundo devia ter a Bíblia como guia, que esse livro foi “revelado” por Deus e quem aspira à santidade deve adoptá-lo como código moral:

Há milhões de pessoas que acreditam ser a Bíblia a “Palavra de Deus”, ou por Ele inspirada. Milhões de pessoas acreditam que a Bíblia é um guia moral, um livro conselheiro e consolador que incentiva a paz e esperança no futuro.

Milhões de pessoas acreditam que a Bíblia é a fonte da lei, da justiça e da clemência, pela qual o mundo devia reger-se na base da liberdade nela expressa e na riqueza civilizacional dos seus sábios ensinamentos. Milhões de pessoas acreditam que a Bíblia é a revelação do amor de Deus ao homem. Mas também milhões de pessoas ignoram ou tentam omitir, a selvajaria, o ódio à liberdade, o incentivo à perseguição religiosa, à vingança e à dor eterna, expressa na Bíblia. Omitem que ela é inimiga da liberdade intelectual, e incentiva à superstição.

A Bíblia tem na sua origem umas famílias errantes, pobres e ignorantes, sem educação, sem qualquer forma de arte ou poder. Descendentes daqueles que foram escravizados, acabaram fugidos dos seus senhores, no deserto. O seu líder, Moisés, é descrito como um homem criado pela família do Faraó. Aprendeu a lei e a mitologia egípcia, falava assiduamente com Deus, chegando inclusivamente a encontrar-se “face a face” com Ele, recebeu das mãos deste, umas tábuas de pedra com dez mandamentos escritos. Deus informou Moisés sobre os sacrifícios que lhe agradavam ou não, e as leis que deviam governar esse povo.

Afirmaram que o Pentateuco era da autoria de Moisés. Hoje sabemos de fonte segura que não,  porque nele são mencionadas cidades que nem sequer existiam na época em que Moisés viveu, é mencionado dinheiro que só foi cunhado muitos séculos após a sua morte. Muitas leis que são mencionadas no livro, sobre agricultura, sacrifício, sobre tecelagem de roupas, sobre o cultivo da terra, sobre as colheitas, o debulho do grão, casas e templos, sobre cidades e sobre muitos outros assuntos; não têm relação possível com uns quantos viajantes famintos, errantes no deserto.

Todos os teólogos são unânimes em afirmar que o Pentateuco não foi escrito por Moisés, nem por uma só pessoa. Todos admitem que não é possível saber quem foram os autores daqueles livros. Todos são unânimes em reconhecer que esses textos estão repletos de erros e contradições, por exemplo:

– Jusué não escreveu o livro que tem o seu nome, porque nele existem referências a eventos que ocorreram muito tempos após a sua morte. Ninguém conhece o autor de Juízes; mas sabe-se que foi escrito séculos após os juízes terem deixado de existir. No 25º capítulo de I Samuel, é narrada a criação de Samuel pela feiticeira de Endora, mas ninguém conhece o autor do Primeiro ou do Segundo de Samuel; sabe-se apenas que Samuel não escreveu os livros que têm o seu nome. Ninguém sabe quem foi o autor de Rute ou o autor de I e II Reis ou de I e II Crónicas; tudo o que sabemos, é que tais livros não têm qualquer valor. Sabemos que os Salmos não foram escritos por David. Neles fala-se da escravidão, a qual só ocorreu cinco séculos após David ter “dormido” com os seus pais. Sabemos que Salomão não escreveu os Provérbios nem os Cânticos; que Isaías não foi o autor do livro que tem o seu nome; que ninguém conhece o autor de Jó, Eclesiastes, Éster ou qualquer outro livro do Novo Testamento, com excepção de Esdras. Sabemos que Deus não é citado no livro de Éster, mas basta lê-lo para constatar que o livro é cruel, absurdo e impossível.

Podemos constatar que Deus não é mencionado no Cântico dos Cânticos, – o melhor livro do Velho Testamento. Mas sabemos que Eclesiastes foi escrito por um incrédulo, e que até ao século II da N.E. (nossa era), os judeus não haviam decidido que livros seriam considerados como “inspirados”. Sabemos também que a ideia da “inspiração” se foi difundindo lentamente, e que essa pretensa inspiração foi determinada por “indivíduos” que tinham objectivos muito bem definidos.

O problema começa quando estes ”indivíduos” alegam que essa lei foi “revelada” e estabelecida para ser aplicada a toda a humanidade.

5 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

As novas e as velhas questões do Islão…

Por

E – Pá

Foi publicado pela The Pew Forum on religion & public life link um estudo sobre a distribuição da população muçulmana no Mundo – intitulado Mapping the Global Muslim Population. A report on the Size and Distribution of the World’s Muslim Population link

Na realidade o “peso demográfico” é significativos :
Os muçulmanos representam 1,57 mil milhões de crentes, quase um quarto da população mundial (23%), e 60% deles, vivem na Ásia, nomeadamente na Indonésia, Paquistão, Índia, Bangladesh, etc.

Nas “zonas mais turbulentas” no Norte de África e Próximo Oriente, vivem 315 milhões de muçulmanos, seguidos da África subsahariana.
Uma grande maioria dos muçulmanos é sunita, sendo apenas 10% deles xiitas que se encontram concentrados no Irão , no Paquistão e na Índia.
Na Europa (do Atlântico aos Urais) acolhem-se cerca de 38 milhões de muçulmanos. A Rússia é o país com maior número de muçulmanos residentes, seguida da Alemanha e da França.
Este é um quadro demográfico avassalador. A sua repercursão na vida política e social do Mundo não será menor.

E a grande interrogação é o que pensam verdadeiramente os muçulmanos?

Quem, na verdade, fala em nome do Islão ?

Algumas questões pertinentes, não estão esclarecidas, muito menos respondidas.

1.) – Os muçulmanos não têm uma visão monolítica do Ocidente e conseguem distinguir a suas políticas, cultura e religiões ;
2.) – O seu principal sonho é arranjar trabalho ;
3.) – Os muçulmanos que aprovam actos de violência é uma minoria ?
4.) – Essa minoria é mais religiosa do que os outros muçulmanos ?
5.) – Os muçulmanos admiram a tecnologia ?
6.) – Os muçulmanos acreditam na democracia ?
7.) – As mulheres muçulmanas desejam direitos de igualdade mas desejam manter a religião na sua vida social ?
8.) – a grande maioria dos muçulmanos desejam que os dirigentes religiosos tenham um papel directo na condução política dos seus países ?
9.) Os muçulmanos acham indispensável que a sua religião seja uma fonte e a raiz da sua legislação ?
10.) Existem muçulmanos laicos ?

Estas são uma pequena parte das questões que se colocam entre a convivência entre os muçulmanos e o Mundo.

Muitas outras haverá que, de alguma maneira, equacionem e respondam às perguntas candentes :
– Democracia ou teocracia ?
– Como um muçulmano se torna num radical (fundamentalistas) ?
– Quais as reivindicações das mulheres muçulmanas ?
– Guerra (clash) ou coexistência ? ».