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Ratzinger recentrado

Ratzinger conhecia a Fraternidade São Pio X e os seus (ir)responsáveis bispos, quanto mais não fosse porque foi ele próprio que, há duas décadas e enquanto prefeito da «Congregação para a Doutrina da Fé», tentou impedir o afastamento destes católicos tradicionalistas. Sabia portanto o que estava a fazer. Pode não ter adivinhado todas as consequências, mas sabia quem eram, e o que pensam, as ovelhas que voltariam ao redil.

Portanto, a verdadeira questão é o porquê destas re-comunhões. A resposta mais óbvia é que considera os católicos tradicionalistas parte da sua ICAR, da igreja que imagina e que deseja. E as opiniões políticas e históricas dos lefebvristas, provavelmente, não o chocam intimamente por aí além. Outra resposta é que Ratzinger deseja criar um contrapeso aos «católicos progressistas». E está a consegui-lo. Por compreender isto, Hans Kung pede a demissão do Papa e Leonardo Boff chama-lhe «pastor medíocre» e «politicamente desastrado», e sugere também o afastamento de Ratzinger. Para azar deles, Ratzinger parece preferir uma ICAR mais pequena mas mais coesa.

Nota final: Williamson não é o único anti-semita dos bispos reintegrados. Outro desses bispos, Tissier de Mallerais, já proclamou que «os judeus são os mais activos artesãos da vinda do anti-Cristo». Esse mesmo Mallerais já anunciou a intenção dos lefebvristas de «converter Roma». (E o próprio Lefebvre era crente no «complô judaico-maçónico-comunista».)

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]