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Dia: 22 de Janeiro, 2009

22 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança

Brasil – Igreja Renascer em Cristo

SÃO PAULOParecia dia de estreia em Hollywood, com show de bailarinas, telões e transmissão via satélite, enquanto celebridades ecumênicas como o Bispo Gê desfilavam pelo chão de mármore e avançavam sobre o tapete vermelho para tomar seus postos no palco do templo evangélico Assembleia de Deus, que ontem à noite recebeu os convidados da Igreja Renascer em Cristo.

22 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança

Regresso ao passado

O Papa Bento XVI decidiu anular a excomunhão decretada em 1988 por João Paulo II contra os bispos ultraconservadores do movimento católico fundado pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, informa o jornal italiano Il Giornale. (A F P)

O fundamentalismo está de volta. Enquanto os neoconservadores americanos lambem as feridas da derrota republicana, o Islão promove a jihad e a sharia, os cristãos ortodoxos ocupam o espaço deixado vago pela utopia estalinista, o Vaticano retorna em força ao Concílio de Trento pela mão firme do pastor alemão.

O regresso ao latim foi um sinal eloquente do pontífice romano que terá sofrido muito com a excomunhão do bispo Lefebvre quando a correlação de forças ainda exigia algum respeito pelo Concílio Vaticano II.

Agora, com os teólogos progressistas sucessivamente silenciados ou afastados, é a apoteose da tradição, o regresso ao arcaísmo, o triunfo de um Papa extasiado com os milagres obrados por respeitáveis defuntos nem sempre recomendáveis em vida.

Não sei que mea culpa terá feito no túmulo o ex-excomungado bispo integrista para se ver reabilitado e começar, quiçá, a carreira da santidade.

Na cidade e no Universo sopram ventos do passado mas o Universo há muito que deixou de se rever em Roma.

22 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança

A ICAR e o casamento

O casamento entre pessoas do mesmo sexo, cuja aprovação o primeiro-ministro anunciou para a próxima legislatura, vai contar com a oposição enérgica por parte da Igreja Católica, que não aceita a utilização da palavra casamento.

Mais uma vez reconheço à ICAR o direito de manifestar a sua oposição ao Código Civil mas é útil que admita que as normas do Código  Canónico não devem ser impostas ao Estado laico e, muito menos, aos não crentes ou crentes de outra fé.

A ameaça de missas contra a lei que autorizará os casamentos homossexuais é um direito cuja eficácia não temem os que, há muito, esperam que a lei não os discrimine e se, a alguns, isso os torna infelizes, só têm de culpar a religião que os exclui.

Pode haver confusão entre a liberdade, que a lei concederá, e a obrigação que a Igreja parece temer. O casamento não é obrigatório e a futura lei apenas iguala direitos, sem discriminação sexual, como manda a Constituição.

Quanto à palavra «casamento», que a ICAR abomina para matrimónios homossexuais, como durante  o salazarismo  reprovava uniões que escapassem à sua bênção, é património da língua portuguesa e consagra uma concepção jurídica que esteve reservada – e mal – apenas para as núpcias heterossexuais.

Nem que fosse para tornar feliz uma única pessoa já valia a pena mexer na lei actual pois não prejudicará ninguém e, decerto, vai permitir a felicidade de muitos.