Loading

Dia: 6 de Dezembro, 2007

6 de Dezembro, 2007 Ricardo Silvestre

Prémios «Má Fé»: Vote no seu favorito

A revista New Humanist no Reino Unido está a fazer o concurso: 2007 New Humanist Bad Faith Award.

Para decidir quem é o mais ofensivo dos «inimigos da razão», foram encontrados 10 candidatos. Podem votar aqui.

Chuck Norris: Numa coluna semanal no website cristão WorldNetDaily, um antro de gritaria evangélica, Chucky disse que, se ele fosse Presidente dos Estados Unidos «tatuava uma bandeira Americana com as palavras «in God we trust» na testa de cada ateísta.

O Bispo de Carlisle: [Macaquinho de imitação dos Americanos], este senhor disse que as cheias na Inglaterra no último verão era punição de deus pela atitude liberal dos Britânicos em relação à homossexualidade.

Dr Joyce Pratt: Um medico que recomendou um exorcismo a uma mulher que se queixava de dores no estômago

Dr Richard Dawkins
: [esta entrada vai fazer a delícia dos crentes que adoram vir dizer dilates para o D.A.] Um leitor da New Humanist acha que Dawkins virou «as dúvidas sobre o dogma religioso do século 19, num novo tipo de dogma»

Cardeal Keith O’Brien: Cardeal Escocês que comparou a taxa de abortos na Escócia com «dois massacres de Dunlane por dia»

A Igreja Baptista de Westboro: Este grupo [de fanáticos enlouquecidos] faz demonstrações em funerais de soldados Americanos mortos em combate, com sinais que dizem «deus permite a morte dos nossos soldados devido aos USA tolerar a homossexualidade»

Arcebispo Francisco Chimoio
: Líder da Igreja Católica de Moçambique afirmou que preservativos feitos na Europa são deliberadamente infectados com o vírus HIV de forma a «rapidamente exterminar o que resta da população Africana»

Dinesh D’Souza: Autor conservador [e um tipinho intragável e demagogo do pior que pode haver, acrescento eu] que a seguir ao massacre de Virginia Tech disse «reparem num ponto interessante, depois do tiroteio e de tudo ter terminado, não havia qualquer ateísta no rescaldo da tragédia».

General Sir Richard Dannatt: Chefe do General Staff e evangelista, disse que «na minha profissão, tenho de pedir às pessoas para colocar a sua vida em risco, no entanto, eu fazer isso sem lhes explicar que existe uma vida depois da morte, é como se fosse uma traição para essas pessoas». [qual é a diferença entre este estilo de pensamento, e pedir a um islâmico para se estoirar a si e a outros porque tem virgens à espera no «paraíso»??!]

Papa Benedict XVI: Claramente o favorito. Há muito por onde escolher com este.

E que tal criar o «Prémio Má Fé em Portugal»??

Aproveitem na caixa de comentários para deixar as vossas entradas.

Começo eu:

Acácio Marques do Diário das Beiras: Por dizer que os ateus atacam a religião «sem conhecerem nada dela, apenas levados por preconceitos, meias verdade, falhas e erros» e a seguir apresentar o livro de «Dawkings, the God Delucion»

Eduardo Pinto do Jornal de Notícias: Por apresentar uma peça sobre «Padre Exorciza males do corpo e alma com recurso a oração» ajudando assim a um retorno ao obscurantismo, à superstição e ao sobrenaturalismo em Portugal.

PS: Este desafio não inclui os crentes que visitam o D.A. para dizer idiotices.

6 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Dissertação sobre a livre expressão

A liberdade de pensamento e a liberdade de expressão são dos Direitos Humanos mais violados, se no caso da liberdade de pensamento se pode indagar sobre a sua realidade ou ausência da mesma, na expressão a percepção das coisas é mais simplificada e a conclusão mais acessível de obter. A liberdade de pensamento não é um facto adquirido, uma característica meramente inata ao Ser Humano, é o produto da sua integração social, a mistura da sua personalidade com aquilo que recolhe pelos sentidos da realidade circundante, se a liberdade se poderá resumir a questões de escolha, poder-se-á definir como quebra absoluta da liberdade o facto de as escolhas não serem todas atingíveis, algumas nem mesmo cognoscíveis.

Faltando as escolhas e os padrões de comparação ao indivíduo, este terá consciência da liberdade absoluta, mas meramente dentro do seu campo de cognição, faltando um único parâmetro de comparação a liberdade deixa de o ser, muito embora o indivíduo se declare livre. O leque de escolhas pode ser incomensurável e ao indivíduo serem atribuídas apenas algumas, se ele nunca tiver noção do leque completo dirá que as suas escolhas serão o leque completo.

Na emanação do pensamento advém a maior complicação, a filtragem externa e interna, derivada de conceitos e preconceitos religiosos, políticos, sociais, uma panóplia de encruzilhadas mentais por onde o pensamento passa sem que o indivíduo tenha noção de tal facto, involuntário labirinto que muitas vezes metamorfoseia completamente o pensamento em expressão desajustada, desajuste relativo ao pensamento, externamente será ajustado pois os labirintos de filtragens assumem padrões bastante similares numa mesma sociedade.

As emanações de expressão livre são assim extremamente utópicas, e basta um único factor de expressão ser proibido que a livre expressão deixa de o ser, se algo deixa de ser debatido ou criticado a livre expressão morre, e ao existirem determinados temas fora do debate se indagará porque é que outros temas são debatidos, logicamente se afigura uma necessidade de abordagem de todos os temas ou de nenhum. A crítica e o debate abrem as portas à propagação da racionalidade, as cortinas de ferro impostas a determinados contextos fomentam a exclusão e o choque social, a caótica intempérie advinda da falta de abertura social e da irracionalidade que deriva sem rumo certo.

Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 19º – Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

Também publicado em LiVerdades

6 de Dezembro, 2007 Carlos Esperança

As três religiões abraâmicas

Às vezes dou por mim a pensar como foi possível, a partir de um texto bárbaro da Idade do Bronze – o Antigo Testamento -, desenvolver três negócios rivais: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, cada um deles dominando uma área geográfica e aspirando ao monopólio.

À semelhança das Máfias, surgidas na Idade Média, as religiões abraâmicas têm uma tradição violenta, guerreando-se de forma cruel, com a obsessão do domínio planetário. Assemelham-se no carácter tribal, na tendência para se infiltrarem na esfera pública, na protecção dos seus membros e na impiedade para quem quebre os códigos de honra. O afastamento, que nas religiões se denomina apostasia, é punido com a pena capital. Em regra as direcções são colegiais, só o catolicismo romano evoluiu para o poder pessoal de um único e infalível autocrata que acumula com a profissão de santo.

A conversão e a morte são armas tradicionais da fé. A Espanha, filha dilecta de Roma, atingiu o apogeu do proselitismo com os Reis Católicos, Fernando e Isabel, quando os judeus e os muçulmanos eram convencidos à conversão pela tortura, não descurando os churrascos na Inquisição quando suspeitavam da falta de convicção de um cristão-novo.

No Afeganistão libertado a Constituição mantém um artigo que pune com a morte o crime de apostasia. Em 1992, na Arábia Saudita, Sadiq Abdul Karim Malallah, após legalmente condenado por blasfémia e apostasia, foi decapitado em público, ao gosto do Profeta, dos clérigos e dos devotos autóctones.

Do mundo muçulmano soltam-se crentes desvairados, carregados de bombas, em busca do Paraíso, numa louca orgia de sangue e de proselitismo. Aquele Deus vingativo, cruel e apocalíptico que se esconde nas páginas do Antigo Testamento é a matriz genética do Deus dos judeus, cristãos e muçulmanos que continua a ser o único mito mais mortífero do que qualquer bactéria ou vírus.