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Dia: 25 de Março, 2007

25 de Março, 2007 Carlos Esperança

Bento XVI – Perigoso talibã

Diário Ateísta/Pitecos – Zédalmeida

Bento XVI acusa União Europeia de renegar origens cristãs

Bento XVI aguardou o 50.º aniversário do Tratado de Roma para surpreender a Europa com um discurso agressivo e imiscuir-se nos assuntos internos da União Europeia.

A acusação de que a Europa renega as origens cristãs, corrobora o ressentimento que se agravou com a progressiva tendência dos Estados laicos de descriminalizarem o aborto, legalizarem as uniões homossexuais, aceitarem a eutanásia e facilitarem o divórcio, ao mesmo tempo que a Igreja católica vê a sociedade secularizar-se.

As uniões de facto aumentam e os casais prescindem cada vez mais da festa religiosa e da bênção eclesiástica para os seus projectos comuns. A sexualidade emancipou-se da reprodução e o clero romano envelhece e reduz-se.

O rancor e a vocação teocrática de um Papa que quer regressar ao latim e ao cantochão, que deseja integrar a Fraternidade Sacerdotal S. Pio X, do falecido e excomungado bispo Lefebvre, e que odeia a modernidade, estão na origem do insólito discurso e na obsessão de impor os critérios morais da Igreja não apenas aos católicos mas a todos os europeus e, se as condições se tornarem favoráveis, ao mundo.

Voltaríamos à evangelização e às cruzadas, ao cristianismo tridentino, à contra-reforma, às monarquias absolutas e confessionais e à submissão do poder temporal ao espiritual, com a Europa transformada em protectorado do Vaticano e a esquecer o Renascimento, o Iluminismo, a Revolução Francesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Não há anticlericalismo sem clericalismo. Esta recidiva teocrática de Bento XVI põe em perigo a tolerância e o pluralismo que as democracias consagraram. No seu proselitismo Bento XVI vem perturbar a paz e abrir feridas numa Europa que sacrificou milhões de vidas às lutas religiosas.

Se não houver firmeza na defesa da liberdade religiosa – o direito de cada cidadão ter a religião que entender, não ter religião, ser anti-religioso ou apóstata -, criar-se-ão as condições para o regresso às guerras religiosas que dilaceraram a Europa e se limitaram a produzir santos, mártires e bem-aventurados.

Diário Ateísta/Ponte Europa

25 de Março, 2007 Carlos Esperança

Consagração da Universidade Católica fora de prazo

A Universidade Católica portuguesa foi a Fátima renovar a consagração. Nada temos com os gestos gratuitos ou desvarios de quem tem alucinações. Se alguém ousasse proibir uma tal manifestação teria o meu activo repúdio na defesa da liberdade religiosa que muito prezo.

Mas não se confunda o respeito e a defesa da liberdade religiosa com a solidariedade na mentira e na demência mística.

Algumas considerações:

1 – Se a Universidade Católica foi a Fátima é porque não acredita que fosse ouvida a partir de Lisboa;

2 – Se renovou a consagração é porque o prazo de validade da anterior estava a esgotar-se ou tinha sido mal feita;

3 – Ao agradecer à Virgem toda a ajuda ao longo da existência e pedir-lhe que continue, é uma injustiça enorme para o Governo, que a subsidia, não constando que a Senhora de Fátima desembolse um único euro;

4 – «O docente João César das Neves, no final da Eucaristia, explicou a presença de Cristo na vida da Universidade Católica» – segundo se lê -, sem explicar se integra o corpo docente, se tem currículo académico e que disciplinas lecciona, ou

5 – Se faz parte do pessoal menor (pouco provável, dado o relevo que lhe deu), se é chefe da secretaria ou o chantagista de serviço para obter benefícios do Estado.

Mais importante do que Cristo e a Mãezinha têm sido os sucessivos Governos que, ao arrepio da laicidade a que estão obrigados, têm constituído a caixa de esmolas da referida instituição particular. Uma vergonha.