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Dia: 26 de Fevereiro, 2007

26 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

O mundo das religiões (26/2/2007)

  1. Zilla Huma Usman, uma ministra paquistanesa da província do Punjab e lutadora pelos direitos das mulheres, foi assassinada em Gujranwala por um fundamentalista islâmico. Em Abril de 2005, Zilla Usman tinha apoiado uma competição desportiva em que participaram mulheres, o que levou, na altura, a motins. O assassino declarou o seguinte a um canal de televisão: «não estou arrependido. Obedeci aos mandamentos de Alá. Se for libertado, matarei todas as mulheres que não sigam o caminho certo». Acrescentou ainda que o Islão não permite que as mulheres exerçam posições de chefia.
  2. Uma organização judaica fundamentalista, com grande influência num bairro de Jerusalém, iniciou uma campanha contra as mulheres que não se vestem adequadamente. O objectivo é que as mulheres se tapem da cabeça aos pés. A campanha inclui cartazes afixados nas ruas, ataques com sprays às mulheres que não se vestem de forma religiosamente correcta, e incêndios de lojas de roupa. (Notícia descoberta via Federación internacional de ateos.)
  3. Em Auckland, na Nova Zelândia, um estudante foi expulso do Colégio do Sagrado Coração de Maria por ter feito uma tatuagem. A escola argumentou que a tatuagem «não estava de acordo com os valores mariânicos da escola».
26 de Fevereiro, 2007 Carlos Esperança

O crepúsculo da Igreja católica

Não são os ateus que destroem a Igreja Católica, como o Papa e os bispos nos acusam, atribuindo-nos uma importância que não temos e intenções que nos são alheias.

O ateísmo não faz proselitismo, limita-se a denunciar as mentiras em que as Igrejas se fundamentam, os crimes com que escreveram algumas das páginas mais negras da sua história e a obstinada resistência à democracia e à modernidade.

A ICAR foi a voz do feudalismo quando as transformações económicas e sociais se encarregaram de o liquidar; defendeu o absolutismo monárquico contra o liberalismo, a monarquia contra a república, o nazismo contra a democracia. As posições reaccionárias foram sempre bandeiras dos padres, bispos e Papas, assumidas com particular zelo nos dois últimos pontificados.

Numa sociedade de classes a ICAR quis ser a porta-voz de interesses antagónicos; num mundo que evolui e se transforma quis manter os dogmas e o imobilismo moral e social. Ficou só, num combate em que os jovens fugiram dos seminários e a sociedade entrou em choque com a última teocracia europeia – o Vaticano.

A contracepção, o aborto, o divórcio, a eutanásia, a homossexualidade, a clonagem e, sobretudo, a emancipação da mulher, reduziram a moral católica a um anacronismo que nem os crentes tradicionais estão dispostos a suportar.

E, se o apoio a todas as ditaduras, com excepção das comunistas, não contribuiu para o prestígio do último Estado totalitário da Europa, também o comportamento do seu clero não ajudou o prestígio do seu Deus.

Assim, a ICAR vai morrendo enquanto outras Igrejas, quiçá mais fanáticas, surgem com a violência das suas mentiras apoiadas no poder dos Estados que controlam, numa orgia mística e num desvario de violência e crueldade, como sucede com o fascismo islâmico.

Há-de ser a laicidade a ganhar a inteligência dos homens e a impor o Estado de direito ou serão as religiões a ditar as regras de conduta da Humanidade e a fazer regredir a civilização.

As religiões são incompatíveis com a democracia. A vocação totalitária só lhes permite fingir que se acomodam enquanto as não podem minar. As religiões fogem da liberdade como a ICAR diz do diabo em relação à cruz e os islamitas de Maomé face ao toucinho.