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Dia: 12 de Novembro, 2006

12 de Novembro, 2006 Palmira Silva

Exorcismo em vez de contracepção

Uma médica inglesa que trabalha em várias clínicas de planeamento familiar em Londres aconselhou uma paciente que pretendia uma injecção contraceptiva a procurar um padre católico na catedral de Westminster para ser exorcizada.

A médica em questão, Joyce Pratt, por uma razão que o Fitness to Practise Panel do General Medical Council pretendeu em vão descortinar qual seja – a médica não compareceu no primeiro de três dias de audição pelo painel – determinou que as queixas da jovem K. se deviam a «magia negra» e, para além do exorcismo, recomendou-lhe crucifixos e água benta como «cura».

12 de Novembro, 2006 Palmira Silva

Freira católica condenada por genocídio

Theophister Mukakibibi, uma freira católica, foi condenada a 30 anos de prisão pelo seu papel na chacina que desabou em 1994 no Ruanda, país maioritariamente católico, quatro anos depois de uma visita de João Paulo II.

A freira foi condenada por ter contribuído para o massacre de centenas de Tutsis que se refugiaram no hospital em que Theophister trabalhava. De acordo com dezenas de testemunhas «Ela foi responsável por seleccionar Tutsis e expulsá-los do hospital e as milícias matavam-nos. Esta freira organizava pessoas para serem mortas». A freira, que negava comida aos Tutsis que se refugiaram no hospital, mantinha reuniões regulares com as milícias Hutu.

Theophister Mukakibibi junta-se a duas outras freiras, Gertrude Mukangango e Maria Kisito, condenadas em 2001 pelo seu envolvimento no massacre de 7000 Tutsis que se tinham refugiado no convento Sovu em Butare, no sul da Ruanda. Os refugiados foram reunidos num dos estábulos do convento e incinerados vivos com combustível fornecido pelas duas freiras.

Ainda não se concluiu o julgamento do padre Athanase Seromba no International Criminal Tribunal for Rwanda (ICTR) em Arusha, Tanzânia. O padre Seromba é um dos membros da ICAR envolvidos no genocídio que ocorreu há 12 anos no Ruanda. Genocídio de quasi um milhão de Tutsis e hutus moderados conduzido sob o olhar indiferente e muitas vezes colaborante da ICAR. O padre é acusado de ter promovido o assassínio de milhares de Tutsis que se tinham refugiado na sua igreja de Nyange, onde os trancou. A igreja foi depois arrasada por bulldozers com os refugiados lá dentro. Aliás, incontáveis milhares de Tutsis foram assassinados em igrejas

Continuam igualmente à espera de julgamento por genocídio outros «homens de Deus» como os padres Hormisdas Nsengimana, reitor do colégio Christ-Roi em Butare, e Emmanuel Rukundo, capelão do exército ruandês.

O padre Guy Theunis, acusado de incitar ao genocídio nas páginas da revista «católica, o «Diálogo», que dirigia, conseguiu que o seu julgamento fosse transferido para o seu país de origem, a Bélgica, onde para já continua em liberdade, recebendo de instituições católicas prémios … pelo seu esforço de paz (!?), e não há notícias se e quando será julgado.

O padre Wenceslas Munyeshyaka, neste momento sob protecção da Igreja Católica francesa, está a ser julgado in absentia pelo Tribunal Militar de Kigali pelo seu papel nos massacres levados a cabo sob sua supervisão na catedral desta cidade. A sentença deve ser conhecida no próximo dia 16 de Novembro. Os acusadores pedem prisão perpétua para o padre…

12 de Novembro, 2006 Palmira Silva

Elton John: Religiões deveriam ser proibidas

Numa entrevista conjunta com Jake Shears dos Scissor Sisters à edição dominical do Guardian, The Observer, Elton John afirma que as religiões deveriam ser proibidas devido à sua falta de compaixão em geral e em particular devido ao ódio em relação aos homossexuais que acirram.

De facto, embora considerando que existem coisas boas na religião, Elton John, um humanitário que criou em 1992 uma fundação de combate à SIDA, tida como a maior do mundo no género, afirma que na prática as religiões organizadas apenas transformam as pessoas em lemmings (ratos) cheios de ódio.

Por outro lado, considerando que a religião está na origem dos conflitos da actualidade – que segundo Elton John podem escalar para uma III Guerra Mundial -, o cantor interroga-se porque razão os líderes religiosos mundiais não se reunem, discutem o problema e apelam à paz. Porque razão a paz parece não estar na agenda dos líderes religiosos enquanto o ódio aos homossexuais merece tanto destaque, isto é, porque razão estão apenas unidos pelo ódio e não por um desejo de paz…

Elton John queixou-se ainda do facto de muita gente se ter de certa forma demitido da cidadania, e aquelas que não o fizeram protestam apenas na Internet, em blogs e afins, em vez de irem para as ruas protestar, destacando a eficácia das manifestações de Fevereiro de 2003 contra a invasão do Iraque, que mobilizaram milhões de pessoas ao redor do Globo.

Em relação à sua homossexualidade, o cantor, que se casou em Dezembro passado com o companheiro de 11 anos, David Furnish, comentou o facto de aparentemente ser considerado a «face aceitável da homossexualidade», circunstância que aproveita para tentar lutar em prol da causa gay, destacando o facto de dentro de duas semanas se deslocar à Polónia, em que a homofobia, instigada pelos mui católicos gémeos Kaczynski, eleitos com base na «retórica do ódio», atingiu dimensões inaceitáveis num país da UE.

Para Elton John a situação na Polónia e outros países dominados pelo catolicismo, inseparável do ódio cristão à homossexualidade, não se trata de uma questão homossexual mas sim de uma questão de direitos humanos.

«Eu vou lutar por eles, quer o faça em silêncio fora das luzes da ribalta quer o faça vocalmente e seja preso. Não posso simplesmente cruzar os braços. Além disso, não é essa a minha natureza. Tenho quase 60 anos. Não posso cruzar os braços e ignorar o que se passa e não o farei».