Loading

Dia: 13 de Setembro, 2006

13 de Setembro, 2006 Ricardo Alves

Karol Wojtyla: «a evolução aplica-se a todos os animais menos um» (1)

Se é verdade que o Papa Karol Wojtyla afirmou que «a teoria da evolução é mais do que uma hipótese», é também verdade que a considerava «incompatível com a verdade sobre o homem». A contradição é só aparente: lendo a sua «Mensagem à Academia Pontifícia de Ciências», compreende-se que Wojtyla pretendia conciliar o evolucionismo com a «revelação» judaico-cristã, limitando o campo de aplicação do primeiro a todos os animais à excepção do homem.

A ideia aparece claramente no final do quinto parágrafo, quando Wojtyla diz que «teorias da evolução que (…) consideram a mente como emergindo das forças da matéria viva, ou como um mero epifenómeno desta matéria, são incompatíveis com a verdade sobre o homem. Também não podem fundamentar a dignidade da pessoa». No início desse parágrafo, Wojtyla explicara claramente que a preocupação do «magistério da Igreja» com a evolução se deve às consequências desta para a «concepção do homem», que a ICAR considera que foi «criado» separadamente dos outros animais por «Deus». Portanto, a divergência fundamental com a ciência funda-se na repugnância católica em reconhecer que o ser humano é um animal.

No parágrafo seguinte, Wojtyla precisa que o ser humano constitui «uma diferença ontológica, um salto ontológico», e afirma que esta «descontinuidade ontológica» não contradiz a «continuidade física» do universo, porque o «momento da transição para o espiritual» não seria «observável» pelas ciências da natureza.

A cosmovisão «excepcionalista» de Karol Wojtyla seria compatível com várias situações: a «criação» do ser humano, mas não dos outros animais (existentes e passados); ou a aceitação da origem evolutiva do homo sapiens, seguida da «inoculação espiritual» da «alma» em momento histórico incerto.

Em qualquer dos casos, Wojtyla parte de várias premissas erradas: que o homem é um animal fundamentalmente diferente dos outros; que o universo foi «criado» para o homem; que o universo foi «criado» com um propósito ético benigno; que a separação disciplinar entre vários ramos do conhecimento corresponde a uma compartimentação das parcelas da realidade; finalmente, que existe uma hierarquia entre as disciplinas do conhecimento humano, com a teologia no topo.

(continua)

13 de Setembro, 2006 Carlos Esperança

Timor – Igreja católica abriu Caixa de Pandora

Timor-Leste: PM Ramos Horta ameaça com demissão se persistir a instabilidade

Díli, 13 Set (Lusa) – O primeiro-ministro timorense, José Ramos Horta ameaçou hoje que se demitiria do cargo, para que foi empossado no passado dia 10 de Julho, caso persista a instabilidade no país.

O padre Domingos Soares, defendeu a intromissão da Igreja católica na política, numa missa celebrada em Gleno, ontem, «pelas almas dos que já tombaram e também por aqueles que estão agora a lutar pela verdade e pela justiça», de entre os quais destacou o major Alfredo Reinaldo – lê-se no Diário as Beiras, de hoje (sítio disponível).

De destacar que o referido militar anda foragido e é acusado de assassínio, sedição e outros crimes.

A iniciativa da realização da missa partiu da Frente Nacional para a Justiça e Paz (FNJP), a organização responsável pelas manifestações em Díli que contribuíram para derrubar Mari Alkatiri.

13 de Setembro, 2006 jvasco

A Bíblia merece a nossa repulsa?

Este video argumenta que a resposta a esta pergunta deverá ser afirmativa.
Que a mensagem bíblica é incompatível com os valores de uma sociedade civilizada, humana e tolerante.

13 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Robert Trivers e Noam Chomsky


Robert Trivers é um biólogo evolucionista e um sociobiólogo que se distinguiu ao propor a teoria do altruismo recíproco. Em 1971 Trivers despoletou uma controvérsia que se transformou na época nas «guerras sociobiológicas» com o seu famoso artigo «A Evolução do Altruísmo Recíproco» que, recorrendo à Biologia Evolucionista e à Teoria de Jogos, responde à pergunta: se cada indivíduo maximiza os seus benefícios através do comportamento egoísta, por que razão algumas espécies (inclusive, mas não só, o Homo sapiens) evoluíram através de um mecanismo de trocas altruístas?

O seu trabalho deu uma base evolucionista para a compreensão das actividades sociais dos humanos, nomeadamente foi o primeiro a questionar o dualismo cartesiano res cogitans e res extensa e a propor que comportamentos altruistas e sentimentos como a compaixão tinham uma base genética. A base da psicologia evolutiva assenta no reconhecimento que à medida que pressões selectivas específicas condicionaram a evolução do nosso cérebro, essa evolução traduziu-se numa evolução de comportamentos. E determinados comportamentos, como o altruísmo, representam um trunfo evolutivo para o homem. Isto é, reconhece que tal como as capacidades cognitivas, as capacidades comportamentais, nomeadamente morais, únicas aos humanos decorrem da nossa evolução biológica, igualmente única. Ou seja, evoluiram connosco ao longo de milhões de anos, não nos foram concedidas por especial favor de um qualquer implausível Criador!

Trivers deu igualmente um contributo importante para percebermos os mecanismos biológicos subjacentes ao auto-engano que descreve como uma ferramenta para manipulação social. Como Trivers observou, a principal função do auto-engano é enganar mais facilmente os outros. A pessoa que se auto-engana julga falar a verdade, e acreditar na própria história permite-lhe ser ainda mais persuasiva.

Auto-engano especialmente importante para percebermos a propagação e manutenção de mitos, isto é, das religiões que não passam de formas (muito) eficientes de manipulação social.

A revista Seed oferece-nos este momento fabuloso em que Trivers e Chomsky, que dispensa apresentações, discutem o papel do auto-engano e da mentira numa série de comportamentos humanos, desde impressionar os membros do sexo oposto às invasões do Afeganistão pela URSS, do Koweit por Saddam ou do Iraque pela administração Bush. Para quem estiver interessado a transcrição do debate encontra-se aqui.