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Dia: 13 de Fevereiro, 2006

13 de Fevereiro, 2006 Carlos Esperança

Um talibã açoriano

Ainda ecoam os dislates do padre Serras Pereira, em entrevista ao «Independente», e já a voz de outro sacerdote católico, padre Cláudio Franco, me chega por amável envio de um amigo de Ponta Delgada [«Açoriano Oriental» da passada quinta-feira, dia 9].

É a mesma demência mística, idêntico desvario, igual desvelo prosélito. O padre Serras Pereira não é um epifenómeno numa Igreja moldada pelo concílio de Trento e dirigida por uma horda de Papas reaccionários e fiéis à Contra-Reforma.

O padre de S. Miguel dá pelo nome de Cláudio Franco e exerce o múnus na paróquia do Cabouco. Desorientado com a baixa prática religiosa, acusa de «pagãos» e «amantes do demónio» os católicos não praticantes.

No boletim paroquial «A voz do Mestre», essa luminária publicou os «10 mandamentos do demónio aos católicos não praticantes» – uma obra esgotada a que o meu amigo não teve acesso mas cujo labor teológico é registado no «Açoriano Oriental»:

«Sermos católicos não praticantes é uma mera ilusão, é não ser-se na realidade nada. Mais ainda, é uma autêntica blasfémia, é escarnecer as coisas divinas, é adulterar a Redenção que Cristo nos veio trazer como caminho certo e único que nos conduz à Salvação».

Diz o pio catecúmeno que, quem não vai à missa no Cabouco, sujeita-se, no dia-a-dia, a «amar o demónio e todas as tentações a que ele nos convida».

O padre Cláudio, que criou os «Mandamentos do Demónio», associa os católicos não praticantes a pessoas que vivem a «servir os inimigos do homem (o mundo, demónio e carne) e ao serviço e no estado de pecado mortal».

O paroquiano que me enviou o «Açoriano Oriental» aguarda que o bispo de Angra, António de Sousa Braga, ponha o padre Cláudio de penitência, a ler o «Diário Ateísta», para o redimir das asneiras que profere e do terrorismo religioso que pratica.