Loading

Dia: 31 de Dezembro, 2005

31 de Dezembro, 2005 Palmira Silva

Um novo ano

Men whose historical superiority
Is always greatest at a miracle.
But Saint Augustine has the great priority,
Who bids all men believe the impossible,
Because ‘t is so. Who nibble, scribble, quibble, he
Quiets at once with «quia impossibile.»

And therefore, mortals, cavil not at all;
Believe: — if ‘t is improbable you must,
And if it is impossible, you shall:

Don Juan, Canto XVI, Lord Byron (1788-1824)

Na altura em que simbolicamente encerramos 2005 e enunciamos os nossos propósitos para 2006, o nosso, neste cantinho virtual dos ateístas nacionais, é contrariar o conselho supracitado: não acreditar no improvável nem no impossível porque sim, mas continuar a promover «um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza». Mas certamente seguiremos a asserção de Byron que «Fools are my theme, let satire be my song»!

E já que Lord Byron foi o inspirador do post, recomendo para o início de 2006 a leitura do manifesto do seu par numa das mais firmes amizades na história da literatura, Percy Bysshe Shelley (1792-1822), «The Necessity of Atheism».

31 de Dezembro, 2005 Palmira Silva

Documentário do ano

A BBC4 passou este ano um documentário em três episódios, que espero chegar a Portugal, escrito por Jonathan Miller, um médico que se tornou um dos mais aclamados directores britânicos de ópera e teatro, intitulado Jonathan Miller’s Brief History of Disbelief (Breve história da descrença).

Num ano marcado pelas IDiotias dos fundamentalistas cristãos americanos que têm na ciência a principal inimiga da fé são interessantes as declarações do produtor/director desta série, Richard Denton, que confessa que as suas ideias preconcebidas de que tinha sido a ciência a grande culpada da erosão da fé foram abaladas pela descoberta proporcionada pelo documentário de que fora a filosofia, ou antes a atitude filosófica que consiste em não aceitar certezas e crenças estabelecidas, o factor que mais contribuira para a descrença.

Em adição ao documentário foram emitidas seis entrevistas de meia hora, The atheism tapes, com alguns dos colaboradores do documentário. De realçar a primeira entrevista da série, um tributo ao recentemente falecido dramaturgo americano Arthur Miller, o autor, entre outras, da peça «Morte de um caixeiro-viajante».