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Dia: 20 de Setembro, 2005

20 de Setembro, 2005 Palmira Silva

Padre ensina o valor do sofrimento

O padre Arthur Michalka resolveu ensinar as crianças da sua paróquia, em Austin, Texas, que «o sofrimento faz parte da vida». E nada melhor para isso que espetá-las com um alfinete para demonstrar a dor que Cristo experimentou durante a crucificação.

Aparentemente o grande problema do procedimento reside no facto de o padre ter usado o mesmo alfinete, não esterilizado, nas 15 crianças que submeteu à demonstração. As autoridades sanitárias de Austin investigam agora a possibilidade de alguma das crianças ter uma doença que tenha transmitido durante tão louvável cerimónia.

Entretanto alertado para os riscos desta forma tão cristã de mostrar que a vida é um vale de lágrimas, o padre Michalka pretende, na próxima missa, pedir desculpas por … não ter utilizado um alfinete esterilizado.

20 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

Os amigos são para as ocasiões

A procuradora do Tribunal Penal Internacional, Carla del Ponte, em entrevista ao jornal britânico Daily Telegraph , acusou hoje o Vaticano de proteger o general croata Ante Gotovina, criminoso de guerra acusado da morte de 150 sérvios, de que a procuradora tem informações de se encontrar num mosteiro franciscano.

Carla del Ponte afirma que o Vaticano, com quem abordou a questão, se recusa totalmente a colaborar.

Face aos antecedentes da 2.ª Guerra e à protecção dada aos fascistas, o comportamento do Vaticano é coerente. Evitou que respondessem em Nuremberga destacados nazis, dando-lhes abrigo e concedendo passaportes para países da América do Sul, onde o clero católico os acolheu piedosamente.

Aliás, a protecção ao arcebispo Marcinkus por JP2, cuja extradição nunca autorizou, na sequência do desfalque e falência do Banco Ambrosiano, inserem-se numa política que transforma aquele bairro de 44 hectares num Estado pária.

Claro que o Vaticano nega as acusações, à semelhança do que acontece com toda a sua história que não seja revista e autorizada pela Cúria.

20 de Setembro, 2005 Palmira Silva

O caçador de nazis

Morreu Simon Wiesenthal, a consciência do Holocausto. O sobrevivente do Holocausto, que dedicou a sua vida a trazer perante a justiça criminosos nazis e a combater o anti-semitismo e discriminação contra qualquer grupo, morreu pacificamente durante a noite na sua casa em Viena.

O Rabi Marvin Hier, presidente e fundador da ONG de defesa dos direitos humanos que tem o nome de Wiesenthal, afirmou «Quando o Holocausto terminou em 1945 todos foram para casa para esquecer, apenas ele permaneceu para recordar. Ele (Wisenthal) não esqueceu. Ele tornou-se o representante permanente das vítimas, determinado em trazer os perpetradores de um dos maiores crimes da história à justiça. Não houve uma conferência de imprensa e nenhum presidente ou primeiro-ministro ou líder mundial anunciou a sua nomeação. Ele apenas tomou conta do trabalho. Era um trabalho que mais ninguém queria»

20 de Setembro, 2005 Cristiane Pacheco

A cruz que o Estado carrega

O juiz brasileiro Roberto Arriada Lorea, de Porto Alegre, proporá na próxima semana, durante o 6º Congresso de Magistrados Estaduais, a retirada dos crucifixos das salas de audiências e de julgamentos nos foros e no Tribunal de Justiça (TJ) do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Ele afirma, com toda a razão, que «A presença dos símbolos religiosos – basicamente crucifixos – coloca os foros e o tribunal sob suspeição».

É vergonhoso ter que noticiar algo que já deveria ser regra num país que se diz laico. Mas o fato é que os crucifixos são elementos decorativos indefectíveis em repartições, escolas, ministérios e demais órgãos públicos brasileiros. Num país de maioria católica, tal distorção – um indiscutível descumprimento da Constituição Federal – raramente é contestada e, quando o é, encontra como resposta apenas desprezo, pouco caso, quando não escárnio. O presidente do TJ gaúcho, Osvaldo Stefanello, declarou por exemplo que não dará importância à proposta do juiz Lorea, pois «O Judiciário tem coisas mais importantes com que se preocupar do que símbolos nas paredes». A Igreja Católica disse que a idéia é fruto de uma «onda secularista» e a entidade que representa os judeus no Rio Grande do Sul declarou ser indiferente à presença do crucifixo nos tribunais. Por enquanto, apenas a Federação Espírita gaúcha apoiou publicamente a proposta do juiz.