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Dia: 29 de Agosto, 2004

29 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

A crença pode tratar-se

Deus quimicamente é um placebo, mas a fé pode transformá-lo em droga dura. Provoca ansiedade, tremores, suores, transe e alucinações. Produz habituação e dependência. Em doses exageradas até exala cheiro – o cheiro a santidade, que se nota em quem descura o banho e exagera nas orações.

Como acontece com as outras drogas, não se combate com a repressão às vítimas, exige uma terapêutica de substituição: raciocínio fáceis, para começar, instrução, algumas dúvidas e erradicação do sentimento de culpa. A pouco e pouco o medo vai minguando, o sentimento de pecado esfuma-se e a cura surge.

A fé tem cura.

29 de Agosto, 2004 André Esteves

Björk, uma ateia até à medula.

No suplemento «Y» de música do Público da passada sexta-feira encontra-se uma entrevista com a artista islandesa Björk Gudmundsdottir, sobre o seu ultimo trabalho publicado, o album Medúlla. Na entrevista encontramos a seguinte passagem:

«O próprio princípio da convicção religiosa é para mim nefasto. Reenvia necessariamente à obrigação, à obediência. Prefiro acreditar na autodeterminação, no sentido em que todo o culto tende a privar o indivíduo das suas faculdades intuitivas mais elementares. A ideia de que um livro escrito há dois mil anos possa servir, ainda hoje, de modo de emprego existencial parece-me estranha, até despropositada. É mais gratificante descobrir as coisas por nós próprios.»

Confesso que passei a gostar ainda mais desta grande senhora.

Que a sua criatividade nos ilumine durante muitos e muitos anos.

Vale a pena ler a entrevista, chama-se: «Morrer por uma canção»

Dá-nos uma pequena imagem de uma artista que não perdeu o humano em si.

Outra entrevista de Björk, no seu site, tem ainda mais reflexões interessantes:

«Acenando com uma bandeira pirata» [Inglês]