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Dia: 6 de Julho, 2004

6 de Julho, 2004 Carlos Esperança

A ICAR não gosta dos pérfidos judeus

Os judeus não serão já, para a ICAR, os «cães» que urge converter, como dizia Pio IX, mas o carácter anti-semita está apenas adormecido nesta poderosa seita.

A Polónia de JP2 tinha, antes da guerra, cerca de 4,5 milhões de judeus. Calcula-se que restem lá (incluindo todos os que chegaram provenientes de países ocupados pelos Alemães) apenas 10 mil.

Não se sabe o que pensou então o jovem Karol Wojtyla desse holocausto em tão larga escala. JP2, que não perdeu tempo a calar o teólogo suíço Hans Küng ou o teólogo americano Roger Haight, progressistas, demorou até 1993 para reconhecer Israel, reconhecimento só formalizado em 1994. Ainda em Maio de 1948 o L’Osservatore Romano, o jornal que repudiou a atribuição do Nobel da literatura a José Saramago, defendia que a «Terra Santa e os seus locais sagrados pertencem à cristandade», sendo o mais sagrado o «santo sepulcro», um minúsculo T-0 onde acreditam que esteve arrecadado o corpo de Cristo antes de ter «subido ao Céu».

O Evangelho de Marcos tem cerca de 40 versículos explicitamente anti-semitas, o de Lucas 60, o de Mateus cerca de 80 e o de João, cujo ódio aos judeus era particularmente intenso, 130, a que podem acrescentar-se cerca de 140 de Os Actos dos Apóstolos, o que dá cerca de 450 no rol organizado por Daniel J. Goldhagen.

Persiste a suspeita de que a ICAR beneficiou do ouro dos assassínios em série croatas. Os roubos às vítimas judias e sérvias podem ter ido para o Vaticano e a desconfiança mantém-se graças à recusa deste em permitir o acesso aos seus arquivos, ao contrário dos Suíços, em relação aos seus bancos.