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Dia: 12 de Fevereiro, 2019

12 de Fevereiro, 2019 Carlos Esperança

Arre…, que é demais

A Igreja católica não é a única onde os crimes sexuais atingem proporções avassaladoras, mas é a sua hipocrisia, quanto à sexualidade, e a insistência no celibato eclesiástico que fazem dela o alvo apetecido da comunicação social.

Da pedofilia à homossexualidade, sendo a última, legítima, é a insistência na moral da Idade do Bronze que a fragiliza aos olhos dos crentes e a expõe à voracidade da comunicação social, ávida de escândalos para um público cada vez mais superficial, que exonera o senso crítico e se baba de gozo com a humilhação alheia.

As perversões e os crimes encontram o melhor húmus nas instituições fechadas, que recalcam os instintos e criam códigos de silêncio. A Igreja católica foi uma dessas instituições e foi a sua abertura, ao contrário do que se pensa, que trouxe à tona a imundície dos corpos cuja alma é a criação de que se alimenta.

Curiosamente, são as preocupações sociais do atual pontífice que mais expõem a sua Igreja à voragem dos interesses que ela atinge. A pedofilia, o mais repulsivo dos crimes denunciados, acontece também no seio familiar e é comum a outras religiões, nomeadamente a islâmica, cuja denúncia, por razões inexplicáveis, é silenciada.

De qualquer modo, os crimes sexuais, tal como os outros, são casos de polícia e não problemas de fé, embora sejam problemas para a fé. E demolidores.

https://observador.pt/seccao/sociedade/religiao/igreja-catolica-religiao/abusos-na-igreja/?fbclid=IwAR3S3uTkUch5CLbgy3uK9kAyEC3OQRjSstlAQP1NlK2dNFEwGY5-w178iwQ