Loading

Categoria: AAP

8 de Fevereiro, 2014 Carlos Esperança

O que pode a superstição

Uma das muitas cartas dirigidas à Associação Ateísta Portuguesa (AAP). Por pudor não publicamos o nome completo.

«Muito boa noite,

o meu nome é Mariana M…… sou uma jovem de 22 anos e bastante católica (espero desde já não perder por isso).
Queria com este e-mail informar que li alguns dos artigos do vosso site e do meu ponto de vista os assuntos são debatidos com um extremismo desnecessário, por exemplo o artigo que fala sobre as testemulhas de Jeová que devem expulsar familiares que percam a fé está e devo realçar- Muito muito exagerado no conteúdo.Eles na prática nao o fazem. Dizer que fazem isso é o mesmo que dizer que a lei portuguesa se aplica 100% na pratica e nós sabemos que isso n é verdade. Há sempre nuances que na prática são lei morta. Eu sei isto porque a minha irmã estudou direito e muitas vezes o refere. Por falar na minha irma devo ainda informar que ela era ataeia e agora é Mulculmana, o meu Pai pouco acredita em Deus e a minha sogra é testemunha de Jeová, e portanto penso que estou qualificada o suficiente para dizer o que vou dizer a seguir:

Oiçam eu sei que não acreditam em Deus e que acham que religião é coisa ultrapassada. Eu costumava não acreditar em Deus viver a minha vidinha apenas em carne e osso e preocupar-me com os meus problemas….Até que..um dia perto do natal de 2008 eu…pela primeira vez em anos eu lembrei-me de Deus. Como alguém que se lembra de uma recordação de infância de à muito muito tempo atrás e de repente isso fez-me sentir confortável.
Devo dizer que foi o melhor dia do resto da minha vida- eu abri a porta nesse di.! Tal como Jesus disse: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” O próprio Cristo quando veio ao mundo foi rejeitado e mesmo realizando milagres havia homens que duvidavam Dele. Hoje em dia é igual!!! em 2000 anos nada mudou!!!
O que eu pretendo com isto tudo? Pretendo que as pessoas que hoje continuam a nao acreditar saibam ver as coisas sem extremismo, bem sei que o ateu se sente confortavel na sua posição, que ele sabe que a vida vai acabar e tenta aproveitar cada dia, que ele vive o presente a as pessoa à sua volta. Mas devo acrescentar…
O mundo está todo tão tão lixado tão “f” e nao ha maneira de fugir da conclusão que foram homens e mulheres que o puseram com está e continuam a por todos os dias pior e..bem…eu só penso…Se as pessoas conheçers«cem Deus, se as pessoas dispenssasem só 1 min por dia a pensar Nele antes de adormeçer. o quanto Ele nos maa e nos quer bem e quer que deia-mos bem uns com os outros… e sentissem o conforto que eu senti naquele dia imagine-se o que o mundo poderia ser?

E só mais uma coisa eu sei que me estou a alongar mas nao consigo deixar de referir que…Nao vivo mais sozinha, nao vivo mais por mim, agora é Cristo que vive em mim, e Ele é o meu melhor amigo, Ele nunca me deixa mesmo quando toda a gente o faz e Ele tem feito tantos milagres por mim:
1. EPela fé em Cristo a minha mãe curou-se de um tumos de 8KG- JURO QUE NAO ESTOU A BRINCAR OS MEDICOS DIZIAM QUE AQUILO TINHA UM PROGNOSTICO MUITO COMPLICADO DE DETERMINAR E IA SER DIFICIL!!!

2. Encontrei o homem dos meus sonhos após dois meses a rezar por um homem que tivesse um carater e personalidade de acordo com os meus e 2 meses epis, sem eu sequer fazer por isso conheçi-o. DEUS DEU-ME MUITO MAIS DO QUE EU PEDI, A SERIO ATÉ ARREPIA hoje sei que vou casar com a pessoa que Ele me reservou (sim o homem em questao é 12 anos mais velho que eu e nunca casou porque conheçeu muitas raparigas e nunca encontrou o que queria – também nao acreditava mais em encontrar alguem que tivesse as usas ideias e opinioes e gostasse do que ele gosta – bem isso nao foi muito dificil para Deus porque nós moramos a 500m um do outro sem NUNCA nos termos conheçido Deus só teve de pegar em duas pessoas proximas que queriam o mesmo e junta-las naquele dia.
3. Estava desempregada há 5 ou 6 meses e após muito rezar descobri uma pessoa que tem contactos com uma empresa onde eu posso ter um trabalho que é a minha cara. Coincidencia mais uma vez!?!? NAO. nao acredito! MAIS UMA VEZ EU NAO FIZ DE PROPOSITO PARA CONHEÇER ESTA PESSOA EU SIMPLESMENTE DEIXEI-ME DEPENDER DE DEUS P CONSEGUIR EMPREGO.DEPENDER DELE COMO OS MEUS PULMOES DEPENDEM DE AR e Ele respondeu através desta pessoa. Isto porque Deus fala através de pessoas aconteçimentos e situaçoes na nossa vida.
Este é oo meu testemunho EU CONFIEI EM DEUS e nao usei NENHUNS recursos humanos para conseguir estas 3 coisas. APENAS TIVE FÉ, MUITA FÉ NELE. CONSEGUI TUDO O QUE QUERIA SEM EU FAZER ABSOLUTAMENTE NADA DE FORMA HUMANA, ENTAO
COMO PODIAM TER ACONTECIDO ESTAS COISAS SE NAO FOSSE ATRAVÉS DELE? ESTAS 3 VEZES EU ESTAVA DESAMPARADA MAS APOSTEI TUDO EM COMO DEUS ME AJUDARIA, ESPEREI NELE E DEUS RECOMPENSOU A MINHA FÉ.
Eu fiz uma promessa a miM própria que contaria a toda a gente o que Ele fez por mim e que por onde fosse o mundo conheçeria o seu Nome. O DEUS SANTO E PODEROSO QUE A TODOS AMA E A TODOS OS CRENTES SOCORRE!

“Porque estás triste minha alma e te perturbas? Confia em Deus: Ainda o hei-de louvar” Salmo 116 (extrato)
“Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.”
Salmos 34:8

Espero sinceramente que voces possam esta noite perder 1 minuto a fantasiar que Deus existe só fantasiar por um bocadinho… Nao é abrir a porta é sóretirar as travancas da fechadura. só prometo uma coisa…quando acordarem amanha a vossa vida vai mudar tanto! vao encontrar o que eu encontrei: UMA VIDA CHEIA DE BENÇAOS COMO AS MINHAS, FELICIDADE E PLENITUDE COMO EU GARANTO NUNCA ANTES SENTIRAM. Também isto é dom de Deus.
O poder da oraçao é extraordinário. DEUS SEMPRE AGE EM FAVOR DOS QUE ESPERAM NELE SEM DUVIDAR.
ACREDITEM NISSO, SEI QUE PAREÇE LOUCURA MAS NAO É! DEUS EXISTE ELE SÓ AGUARDA QUE LHE ABRAM A PORTA P TRANSFORMAR TODA A VOSSA VIDA PARA MELHOR. TEM PROBLEMAS ? DEUS QUER AJUDAR.

Deus voa abençoe,

Mariana»

23 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Aos ateus:

Na sequência do email enviado ao bispo da Guarda, em 25 de junho de 2013, reenviado depois de férias, sempre através do endereço da AAP, e publicada anteontem no Diário de uns Ateus, recebi a resposta no meu endereço privado e, contrariamente ao direito, à ética e ao que chamam direito canónico, foi-me negado o direito à anulação do batismo, que solicitei.

O desprezo que tenho pelas religiões, contrariamente ao que tenho pelos crentes, de nada me vale para evitar ser considerado um católico e, com isso, engrossar o número daqueles que o clero exibe para chantagear o Estado na obtenção de privilégios.

O bispo da Guarda, como se pode ver pela carta que reenvio e, a seguir, transcrevo, nega-me o direito à desbatização, direito que a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tem ajudado a obter noutras dioceses. Oficialmente continuarei católico, apesar de não  acreditar no Deus do Sr. Bispo da Guarda, um deus em ele que não precisa de acreditar para exercer a sua profissão.

O bispo da Guarda foi célere a excomungar uma paróquia (Vermiosa) e é incapaz de o fazer a um ateu para não perder um cliente estatístico.

Para apreciação da exótica ilegalidade da diocese da Guarda, quando já vários sócios da AAP obtiveram o certificado de apostasia noutras dioceses, transcrevo a carta do bispo, enviada pelo padre Hugo Martins que, para salvar a alma, se escusou a referir o meu nome, o da AAP e a usar o endereço da nossa honrada Associação.

****************************

Diocese da Guarda

Nota sobre arquivos, paroquiais e outros

1. A história é, no seu passado, uma realidade cumprida, que não se pode apagar nem modificar.

2. Todos os arquivos são, por natureza, registos de acontecimentos históricos passados e, como tal, não podem anulados nem modificados.

3. Podem ser acrescentados, com dados novos que eventualmente surjam relacionados com o mesmo acontecimento registado.

4. Por isso, quaisquer tentativas que se façam com a finalidade de modificar registos dos nossos arquivos devem ser reprovadas e consideradas inválidas e quaisquer pedidos para esse efeito não podem ser considerados.

5. Há lugar para complementos de registos, com anotação à margem ou a aceitação de novos documentos para guardar no mesmo arquivo.

Guarda e Cúria Diocesana, 24 de Setembro de 2013

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

22 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Sob o título, «Numa semana papa provoca igreja católica», o jornalista Helder Robalo, publica hoje, dia 22, no DN, um trabalho que preenche a página 24, com 3 perguntas a cada um dos entrevistados:

– Carlos Esperança, em nome da AAP;

– Francisco Ferreira, ambientalista da Quercus;

– Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias;

– Maria João Sande Lemos, Movimento Nós Somos Igreja;

– João Teixeira Lopes, sociólogo.

As respostas, a seguir à identificação, com fotos, referiam-se às seguintes perguntas:

 

1 – Sabe o dia do seu batismo?

2 – Faz sentido celebrar o dia do seu batizado?

3 – O batismo ainda é uma questão de fé religiosa ou um ato mais social?

Curiosamente o que menos sabe de religião católica, a avaliar pela resposta que vou referir, é o presidente da União das Misericórdias, um organismo da ICAR.

À 3.ª pergunta respondeu: «É preciso ter em conta que há 50 anos, por exemplo, a mortalidade infantil era muito elevada. E as pessoas eram pressionadas socialmente para que, se lhes acontecesse alguma coisa, poderem ao menos aceder ao limbo».

O pio presidente da União das Misericórdias desconhece que, segundo a fantasia da sua Igreja, o batismo é um passaporte para o Paraíso (desde que, como é o caso das crianças de tenra idade, não cometessem «pecados mortais».

Já nem os católicos sabem o que a sua Igreja quer.

16 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP). Exposição ao M.A.I.

Exmº Senhor Ministro da Administração Interna

   Dr. Miguel Macedo

  Praça do Comércio

1149-015 – LISBOA

Senhor ministro da Administração Interna

Excelência:

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), vem expor e solicitar a V. Ex.ª o seguinte:

 

1 – A Junta de Freguesia de Grijó organizou uma peregrinação a Fátima, como se tornou público pelas cenas de pugilato a que a presença do candidato à Câmara de Gaia, Carlos Abreu Amorim, PSD/CDS, deu origem;

2 – A referida peregrinação foi organizada pelo presidente da Junta de Freguesia, Sr. Rogério Tavares, com a participação de 800 idosos distribuídos por 17 autocarros, como referido na comunicação social em 9 do corrente mês;

3 – Entende a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) que, num Estado laico, as autarquias não devem apoiar oficialmente a devoção a uma religião. Pelo contrário, devem respeitar criteriosamente o n.º 2 do artigo 13º e o n.º 4 do artigo 41º da Constituição da República Portuguesa e não beneficiar nenhum cidadão em razão da sua religião;

Assim, em nome da laicidade do Estado e da moralidade pública, vem a Associação Ateísta Portuguesa solicitar a V. Ex.ª se digne mandar esclarecer o seguinte:

1 – Qual a base legal para a despesa da Junta de Freguesia com o aluguer de autocarros, almoço e outros custos adicionais para uma manifestação de carácter particular;

2 – Qual o montante gasto na excursão;

3 – Quais os cuidados que a autarquia tomou relativamente aos idosos antes de submetê-los a tão longa e cansativa excursão;

4 – Se houve uma alternativa cultural, abonando em numerário o custo individual da excursão a Fátima a quem preferisse, por exemplo, visitar um museu.

Antes das respostas que aguarda, a AAP repudia, desde já, a atitude da Junta de Freguesia de Grijó que considera imprópria de um país europeu, laico e democrático.

Receosa do regresso aos tempos de Fátima, Futebol e Fado, a AAP considera ética e civicamente lamentável a promoção de peregrinações religiosas por órgãos do Estado ou pelas autarquias.

Em defesa da ética republicana e do carácter laico do Estado que impede a caça ao voto através de pias excursões e lamentáveis expedientes, a Associação Ateísta Portuguesa solicita ao senhor ministro da Administração Interna que, por intermédio da Inspecção-geral da Administração do Território, se digne averiguar eventuais ilícitos na matéria exposta e proceder em conformidade.

Aguardando que V. Ex.ª se digne esclarecer esta Associação, apresentamos-lhe os nossos melhores cumprimentos e subscrevemo-nos,

Odivelas, 15 de setembro de 2013

a) Associação Ateísta Portuguesa

7 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP) – Correio de leitores

Acabo de ler na imprensa uma notícia sobre a nomeação para escolas oficiais, que nós pagamos, de um número de professores de Religião e Moral – percebi bem? Portugal não é um Estado laico? Já é arrepiante ver padres e bispos católicos a participarem em cerimónias oficiais portuguesas, ver o presidente da República ir a missas na sua capacidade oficial, mas… Religião e Moral? Isso não era no tempo de Salazar?

Quando eu andava no Liceu, nos anos 50, o meu Pai, ateu “praticante”, requereu ao reitor do liceu, e em várias instâncias, até que eu fui autorizada a não assistir a estas aulas… agora voltam em força!

E conhecendo este governo não acredito que alguém desse autorização a que uma ateia fosse escusada da doutrinação obrigatória… Os ateístas não tomam medidas?

a) devidamente assinada.

Diário de uns Ateus – A Associação Ateísta Portuguesa tem usado o seu direito de reclamação, enviado petições e queixas ao Provedor de Justiça, e usado os meios ao seu alcance para combater esta vergonha. A cumplicidade dos sucessivos governos com a Igreja católica é uma constante que devia envergonhar o regime e a própria Igreja.

12 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

DN – Suplemento Q – LER (2) – FIM

Suplemento Q_o convidado. DN – 10_06_2013

Convidado como presidente da Associação Ateísta Portuguesa, deixo aqui as respostas que dei:

LER

«Porque não sou cristão» – Neste livro, Bertrand Russel, insigne matemático, filósofo e escritor, galardoado com  o prémio Nobel da Literatura, prestou um enorme contributo à causa do ateísmo. O seu ateísmo, que não era militante, impediu-lhe a docência numa Universidade americana, tal a sanha que o ateísmo despertava, e ainda desperta.

No fundo invocou dois argumentos para justificar o título e o conteúdo do livro. Um argumento intelectual, que o impedia de acreditar em afirmações que não pudessem ser comprovadas; e outro, de natureza moral, que o impelia a ter valores civilizados e humanistas completamente inexistentes na época em que Deus foi criado.

De facto, hoje, quando a pena de morte é um símbolo de atraso civilizacional, é com espanto que vemos o Deus que os homens criaram a exigir tal sacrifício, por vezes por razões tão fúteis como a apostasia e a blasfémia. B. Russel foi um verdadeiro pedagogo.

***

Antigo Testamento – É uma obra cuja leitura é recomendada pela Associação Ateísta Portuguesa (AAP). Estando na origem dos três monoteísmos ninguém ficará indiferente ao potencial de violência que contém. São particularmente significativos o Levítico e o Deuteronómio cujos horrores ultrapassam os preconizados pelos três outros livros que integram o Pentateuco.

Não foi por acaso que a Igreja católica proibiu a leitura da bíblia durante muitos séculos. Desde as contradições que encerra, até à fragilidade das afirmações científicas, há matéria suficiente para desconfiar de um Deus, se o houvesse, que fosse tão violento e reduzisse a criação humana a um mero trabalho de olaria. Mas o que mais perturba, mesmo quem tem convicções firmes sobra a natureza humana do AT, é o seu carácter misógino, que está na origem de séculos de sofrimento por metade da Humanidade –as mulheres. Veja-se, aliás, que a libertação da mulher foi conseguida, onde foi, no último século e sempre contra a vontade das religiões que a reduzem à menoridade, com especial violência no Islão.

***

Deus não é grande – Christopher Hitchens procura demonstrar através deste livro como a religião envenena tudo. Foi um ateísta militante que deu uma notável conferência, uma das últimas, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.  Este notável jornalista, escritor e crítico literário dedicou uma parte importante da sua vida a combater as religiões.

Talvez nenhum outro ateu tenha sido tão inflamado na defesa do ateísmo, uma opção filosófica que, contrariamente ao cristianismo e islamismo, não costuma ser prosélita.

A sua inteligência e sagacidade fez do livro «Deus Não É Grande» («God Is Not Great», no original), um libelo implacável contra a influência deletéria das religiões. Era temido pela rapidez do raciocínio e argúcia argumentativa.

Este livro é, para os ateus, uma referência que estimula o estudo das religiões. Hitchens, baseado nos textos ditos sagrados, documenta à saciedade como Deus é um reflexo do nosso medo da morte e desmascara, de forma inexorável, os dogmas responsáveis pela violenta repressão sexual e pelos caminhos ínvios que a humanidade, refém desses dogmas, percorreu.

***

O Conde de Abranhos – Eça de Queirós é um notável retratista. No Conde de Abranhos, mais do que a ironia, é o sarcasmo que domina a imagem impiedosa de uma figura do Constitucionalismo. Misto de biografia e de romance, Eça escreve a história privada de Alípio Abranhos e a sua ascensão social, num delírio de humor e escárnio com que cria uma figura de que todos os regimes, todos os países e todas as épocas têm um avatar.

A descrição do Conde de Abranhos, cuja origem se perde numa genealogia suspeita, entre relações adúlteras e a roda de crianças abandonadas de um convento, é uma sátira ao oportunismo de um medíocre bacharel em direito que passa por deputado e chega ao ministério.

Este exercício de humor corrosivo ficou como imagem de marca do grande romancista. A biografia deste político constitucionalista, pela pena do seu secretário e dedicado biógrafo, Z. Zagalo, é uma das mais demolidoras críticas com que Eça de Queirós criou mais um personagem da sua imensa galeria de retratados.

1 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa. Exposição ao M. E. C.

Exmo. Senhor

Ministro da Educação e Ciência

Prof. Dr. Nuno Crato

Rua da Imprensa à Estrela, 4

1200-888 Lisboa

http://www.sec-geral.mec.pt/

 

Exmo. Senhor Prof. Dr. Nuno Crato,

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tem recebido várias queixas de pais de alunos em relação à forma agressiva como as Escolas de várias Dioceses promovem as aulas de EMRC, pelo que vem expor e solicitar o seguinte:

O objetivo dos professores de EMRC é explicitamente revelado pela diocese do Porto em Educar, em tempo de escombros, revelando o proselitismo de que vários pais se queixam. Foram distribuídas, como oferta aos alunos, 75 mil pulseiras com a mensagem “EMRC! Eu quero.”, tendo sido impostas, dentro da escola pública, à revelia dos pais, durante o último ano letivo, em diversas escolas, e enviadas pelo correio (não havendo, nesta última situação, objeções da AAP).

Há queixas, que a AAP não pode comprovar, sobre a receção inamistosa aos pais que foram reclamar e, num caso, também sem possibilidade de averiguação, de represálias sobre o aluno.

Independentemente da convicção desta associação, de que a escola pública não deve ser um veículo de promoção de religiões particulares, está em causa, segundo as referidas queixas, um proselitismo incompatível com a laicidade do Estado que a CRP consagra.

A colocação de pulseiras, dentro da escola pública, contribui para a discriminação dos que a não aceitam e transforma-se num instrumento de coação para os filhos dos pais que não querem confiar a formação moral e religiosa aos agentes da Igreja católica.

Assim, vimos solicitar que seja feito um inquérito, nomeadamente ao agrupamento de escolas de Stº Tirso e, em especial, à Escola Tomás Pelayo onde a direção do referido agrupamento parece colaborar com o proselitismo musculado.

Em nome da laicidade e da liberdade religiosa, a AAP solicita a V. Ex.ª que mande averiguar as queixas apresentadas em relação a várias escolas e pede para ser informada das conclusões e providências para que a escola pública não se transforme em sacristia.

Esperando que o próximo ano letivo decorra sem proselitismo religioso nas escolas públicas,

Apresentamos os nossos cumprimentos e aguardamos as informações que a este respeito se digne mandar transmitir-nos.

Odivelas, 01 de julho de 2013

Associação Ateísta Portuguesa