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Autor: André Esteves

16 de Abril, 2004 André Esteves

Quão moral és tu?

O jornal electrónico Philosopher’s mag propõe um jogo electrónico que permite avaliar o quão morais nós somos.

Uma experiência a fazer…

Taboo!!, um jogo.

NOTA: As perguntas podem ser de natureza adulta e polêmica…

Uma visita ao site associado Borboletas e rodas., também se recomenda. Os assuntos versados são a moral, a ética e as culturas associadas numa perspectiva cognitiva, psicológica e filosófica.

Depois de ler algum material destes sites, percebi porque é que deus não proibiu a fornicação anónima de frangos congelados…

14 de Abril, 2004 André Esteves

Em memória de John Lennon.

God

God is a concept,

By which we can measure,

Our pain,

I’ll say it again,

God is a concept,

By which we can measure,

Our pain,

I don’t believe in magic,

I don’t believe in I-ching,

I don’t believe in bible,

I don’t believe in tarot,

I don’t believe in Hitler,

I don’t believe in Jesus,

I don’t believe in Kennedy,

I don’t believe in Buddha,

I don’t believe in mantra,

I don’t believe in Gita,

I don’t believe in yoga,

I don’t believe in kings,

I don’t believe in Elvis,

I don’t believe in Zimmerman,

I don’t believe in Beatles,

I just believe in me,

Yoko and me,

And that’s reality.

The dream is over,

What can I say?

The dream is over,

Yesterday,

I was dreamweaver,

But now I’m reborn,

I was the walrus,

But now I’m John,

And so dear friends,

You just have to carry on,

The dream is over.

John Lennon

Um homem que acordou do sonho e se descobriu Homem e ateu.

Enfrentou a guerra, a droga, a solidão do talento e lucidez, acabando morto por um louco religioso que amava-o demasiado no sonho.

A humanidade é construída da memória.

Não te esquecemos, John Lennon.

Homem como nós.

13 de Abril, 2004 André Esteves

Mel Gibson, a ICAR e a cultura popular portuguesa…

E julgam bispos e monsenhores que os ateístas são um perigo para a fé…

Como, de acordo com decisão do patriarcado, todos os novos bispos terão de ter no mínimo um doutoramento, creio que o seu maior perigo é a cultura popular portuguesa…

Talvez fosse melhor tirarem um curso de astrologia e leitura de búzios com o Sr. Dr. Prof. Karamba, o Mestre Sambu, o Astrólogo Mestre Faty ou até mesmo com o Professor Bambo que já têm programa no canal Viver.

Afinal, para os crentes… É tudo uma questão de fé e dos resultados dela.

Aparentemente para eles, a Nossa Senhora de Fátima, a Alexandrina e D.Nuno Álvares não chegam para os problemas que têm…

12 de Abril, 2004 André Esteves

Urbanidades…

Quem sair do SAP (Serviço de Apoio Permanente) do Centro de Saúde da freguesia da Glória, em Aveiro, depara-se com este enorme graffiti na parede oposta. Um abuso a quem sair do ambulatório, a sofrer física e emocionalmente.

O autor não parece conhecer o mandamento “Não usarás o nome do teu senhor, Deus, em vão..”.

Claro que, perguntamo-nos se ele lerá as escrituras, porque pelo menos, com aquela ortografia, deve ler à maneira de S.Agostinho…

12 de Abril, 2004 André Esteves

O kitsch religioso da semana

Quem se desloca pela auto-estrada em direcção ao sul de Portugal, vindo do norte, encontra nas estações de serviço, cafés e lojas em geral, o sinal de que nos aproximamos de Fátima…

A densidade de memorabília religiosa aumenta na inversa do quadrado da distância do santuário religioso.

Como que, manifestações de um estranho fenómeno forteano, o kitsch, o mau gosto, o absurdo manifesta-se…

Como explicar este estranho objecto?

Que mistura inconcebível e desígnio místico encerram a criação desta garrafa com a nossa senhora de Fátima presa num aquário? Só nos vêm à mente, a imaginação de toda uma indústria que copia, corta e cola, truncando significados, num repetido frenesim pela novidade comercial, sem respeito ou reconhecimento da identidade. Procurando inconscientemente no inconsciente colectivo, o sincretismo pelo caminho do lucro…

E que mistura de uma assentada só! O lótus budista, o meio aquático de Iemanjá, a metáfora do desejo do peregrino subentendido pela lâmpada de Aladino, talvez a sugestão da purificação da água que entre no vaso e contacte com a imagem…

Talvez nunca compreendamos o verdadeiro significado.

É uma relação única e pessoal entre o criador e a criatura.

8 de Abril, 2004 André Esteves

Um estado debaixo de deus, será para todos?



A regra dourada: “Age com os outros, como gostarias que eles agissem contigo”

Assistimos recentemente à apresentação de um recurso no supremo tribunal americano, para a modificação do chamado juramento de fidelidade conhecido em Portugal como juramento à Bandeira: a “pledge of allegiance”.

Ao contrário dos países de direito romano, o sistema legal americano, permite a qualquer cidadão americano recorrer aos tribunais para pedir a modificação de uma lei que considera injusta. Se o supremo concordar com o recurso, por voto dos seus juizes, é estabelecido um precedente que deve ser considerado ao aplicar-se a lei, ou até obrigando os estados da federação americana e o congresso americano a modificá-la. (uma versão interna dos recursos e precedentes existe na lei portuguesa, mas é exclusiva ao regulamento interno dos tribunais e logo de acesso exclusivo à elite dos juizes)

Aliás, até aqui podemos ver o dedo maléfico da religião.. o direito romano, que cresceu para lidar com a multiplicidade de povos do império romano, originalmente inclua a figura de recurso directo ao imperador. Com a queda do império e a entrada na idade das trevas, a igreja institui-se como único meio de interferência na lei pública, debaixo do seu olhar moral… A audiência passou a ser ao papa, mas o aparelho da igreja tratou de o corromper, seleccionando e controlando o acesso ao papa imperador. (com as excepções históricas que nós portugueses temos e com resultados anedóticos nos dias de hoje…)

O juramento à bandeira foi a invenção de um pastor baptista, convertido ao socialismo, Edward Bellamy. Bellamy achava importantíssimo educar os jovens e as crianças nos valores base da república americana. Na Liberdade, Justiça, Igualdade e Fraternidade…

Assim teve a ideia de criar um juramento aos valores republicanos e à república americana.

Na sua versão original:

‘I pledge allegiance to my Flag and the Republic for which it stands, one nation, indivisible, with liberty and justice for all.’

que em português, seria:

«Eu presto fidelidade à minha bandeira e à República que ela representa, uma nação, indivisível. com liberdade e justiça para todos.»

Bellamy seria eleito presidente da comissão de supervisionamento das escolas da Associação Nacional da Educação, com um programa baseado na adopção do seu juramento e com o apoio de campanha de vários jornais progressistas.

Bellamy concebeu o juramento, para, primeiro, reforçar a nação americana, saída da guerra civil com o sul esclavagista e segundo, instruir os jovens sobre seus direitos e responsabilidades como cidadãos da república.

O Juramento à Bandeira ganharia a partir daí, uma vida própria. Qualquer grupo ideológico tradicional das repúblicas ocidentais encontra no juramento algo que lhe agradaria e que ao mesmo tempo, desagradaria.

O juramento sofreu algumas modificações, desde então, sendo a principal a junção da expressão «sob deus», pela influência,nos anos 50, do lobby conservador americano «Cavaleiros de Colombo». Pretendia-se sobressair a distinção dos Estados Unidos democráticos, como país temente a deus, da União Soviética comunista e ateia.

Este argumento, no original, era uma chanchada…

Afinal a maior diferença entre os dois estados, era exactamente na liberdade e justiça para todos. E a partir desse momento, deixou de o ser…

A maior parte dos portugueses tem uma visão extremamente estilizada e ignorante da América. A jovem república americana foi palco de movimentos sociais muito variados, embora não fugindo às dicotomias do mundo moderno, do campo e da cidade, da educação e da fé… As duas guerras mundiais e a guerra fria tiveram um enorme impacto na estrutura e composição política da América de hoje. (e nós, europeus com as nossas guerras acabamos por ser também, aí, responsáveis.) Na luta pela supremacia militar e ideológica da guerra fria, bem como na organização da resposta às guerras europeias, houve uma militarização e um cerrar de fileiras de toda a sociedade americana. “Ou pertences ao grupo, ou és um traidor…” e claro, na América profunda onde é que se falava com as massas?

A partir do púlpito…

É desta movimentação histórica que temos a América de hoje.

Com o fim da guerra fria, houve um “relaxar” da pressão social para «cerrar as fileiras», mas com os atentados do 11 de Setembro, a pressão anterior voltou, mas desactualizada. É que a religião, até agora o mecanismo para «cerrar as fileiras», é que está na causa de todos os actuais problemas…

E é neste contexto que surge o recurso ao Supremo Tribunal.

Michael Newdow, californiano, ateu militante, encontrou no actual juramento à bandeira, uma intromissão inadmissível da religião no estado, que se quer com «liberdade e justiça para todos».

Newdow é pai de uma menina, com uma mãe crente. As crenças da sua companheira afastaram-na dele.

E com ela, foi a sua filha. Além da influência que a mãe dá à criança, temos todos os dias, na escola, a filha de Michael a declamar e a jurar um juramento que lhe diz que o seu pai não é americano e que não quer «liberdade e justiça para todos».

Quem é que gostaria, que o estado dissesse aos nossos filhos que nós somos seus inimigos?

A única situação que encontro com paralelo, ironicamente, é a da Rússia estalinista, onde as crianças eram educadas para entregar os próprios pais, como inimigos do estado…

A apresentação do recurso por Newdow à frente dos juizes do Supremo Tribunal (menos um.. um dos juizes conservadores declarou-se publicamente contra o recurso e teve que ser afastado pois não tinha uma posição inicial isenta para poder arbitrar o caso) foi no final do mês passado.

Dentro de dez meses, teremos a decisão.

E a América começará a mudar… para o fim da tirania da opinião da maioria ou para algo muito pior…

Referências:

– A história do juramento http://history.vineyard.net/pledge.htm

– Uma pequena biografia de Mike Newdow http://www.restorethepledge.com/mike_newdow/

Transcrição temporária do recurso

7 de Abril, 2004 André Esteves

A IURD em busca do amor…



Um pastor ajuda um futuro irmão a encontrar o seu amor em Jesus…

No supermercado espiritual da IURD tudo se encontra!!

Sabendo explorar bem a essência profunda das necessidades que as religiões satisfazem, temos observado esta grande “multinacional” pentecostal a apostar em diferentes sectores de mercado, procurando satisfazer os seus potenciais clientes.

No passado, eram os cancros, as paralisias e outros malefícios do corpo. Mas a quantidade de desesperados a quem não faltava a fé, trazidos pelos membros da igreja para a conversão e cura, continuaram a morrer de cancro, a ficar paralíticos e a sofrer as injustiças da vida.

Como tal era mau para a moral dos fiéis, o ênfase dos cultos modificou-se… Passaram a preocupar-se com as doenças do espírito, sob outra capa, claro. O mau olhado, os vícios, as insónias, as dores de cabeça, a visão de vultos e a audição de vozes tornou-se o novo filão…

Infelizmente, a aspirina, o Prozac, e até um simples vibrador têm-se revelado bons remédios para todos esses problemas.. Tanto que hoje, para manter o moral dos fiéis aos fins de semana, os obreiros da igreja, pagam a desempregados para se fingirem de possessos, quer do demónio, quer do espírito santo… O que esses actores amadores em part-time, chamam na gíria, “dar o tombo”.

Mas a igreja não se desarma!! Vai à luta, como todo o bom empreendedor!

A última novidade são os cultos para encontrar o amor… Não o de cristo, mas o de um qualquer elemento do sexo oposto.

Afinal os jovens sempre foram às igrejas para encontrarem bons partidos…

Confesso-vos que é divertido ver a IURD a converter-se num clube de solteiros…

Quando é que o “dom das línguas” (Glossolalia) se transformará no “dom de língua”?

6 de Abril, 2004 André Esteves

A Fé, a dor e a história de Karen

A História de Karen

A Fé cresce no medo da dor, de uma morte violenta, dolorosa e sinistra.

Nas promessas das religiões encontramos uma falsa esperança que nos promete acordarmos, depois da morte, para uma nova vida, sem dor, nem sofrimento…

Karen nasceu com uma doença extremamente rara… Não sente dor. Nenhuma…

O seu sistema nervoso não têm nenhum nervo periférico a funcionar para sentir a dor.

Contorcer-se nela. Gritar e sentir o medo dela. Fugir e correr da dor. Sobreviver.

Karen deveria estar no estado de graça antes da queda no jardim do Éden.

Ela deveria viver o mais próximo que possamos imaginar do paraíso…

Nada de mais falso.

Karen quase cegou de tanto coçar a córnea dos olhos. Não têm o reflexo de fechar as sobrancelhas. Os médicos ficaram tão preocupados que tiveram que lhe coser os olhos, até que fosse mais velha e pudesse racionalizar o seu comportamento. Ficou com queimaduras de segundo grau, por uma noite se levantar da cama e ficar á frente de um desumidificador…

A dor protege-nos, é nossa amiga.

É o nosso alarme primário à nossa integridade física.

Uma herança do nosso passado evolucionário.

Com a dor não podemos. Sem a dor não vivemos.

Fará o paraíso sentido? Um lugar sem dor, nem sofrimento? Será vida?

6 de Abril, 2004 André Esteves

Canal Viver com bruxos africanos…

Talvez sentindo a concorrência da IURD no canal Record, ou procurando explorar os nichos de mercado que ainda ninguém reparou, o canal Viver têm agora um programa com um “astrólogo” africano.

É com algum receio que esperamos que os problemas de impotência dos ouvintes, não sejam resolvidos da mesma maneira que em Moçambique, Senegal, Angola e África do Sul…

As mezinhas com pedaços de corpos humanos já se tornam um repetido fait-diver africano, que tende a se tornar mais em notícia do que em patranha… E não nos esqueçamos dos corpos de crianças negras que surgem um pouco por toda a Europa, sem identificação, nem partes anatómicas…

Para o canal Viver, creio que a receita anterior contra a impotência era bem mais eficaz… 4 horas de pornografia depois da meia noite. A ironia, é que a ICAR na sua sede de moralidade das aparências, eliminou os corpos nus em promiscuidade, mas acabou por abrir a porta a nova concorrência…