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Parabéns Brasil. Dilma derrota IURD e ICAR

A vitória de Dilma é, sobretudo, uma manifestação de apoio a Lula, em quem se revêem os brasileiros, e ao progresso económico e social registado durante os seus mandatos.

À partida não havia grande diferença programática entre os candidatos, sendo José Serra o mais experiente mas, para compensar o apoio de Lula a Dilma, ou por falta de pudor, cedo se deixou aliciar pelas poderosas forças religiosas que disputam o poder. A IURD e a Igreja católica, esta com a pujante e obstinada Opus Dei, trocaram a disputa política pela discussão sobre o aborto.

Bento 16, esquecido dos desastres da sua Igreja com a ingerência nos assuntos internos dos diversos países, sobretudo no apoio a ditaduras sul-americanas, regressou à habitual ingerência nos assuntos internos dos países que julga dominar, e pediu ao episcopado brasileiro para exortar os fiéis a não votarem em candidatos apoiantes do aborto, numa referência implícita a Dilma Rousseff, acusada de defender práticas abortivas.

Nunca as Igrejas investiram tanto nas eleições do Brasil, onde dominam a comunicação social e dispõem de imensos recursos. A própria candidata, Dilma Rousseff, tergiversou na sua posição sobre a descriminalização do aborto assustada com os bandos de beatos que lançavam a confusão entre a defesa do aborto e o direito à IVG em caso de risco de vida da mãe, malformações congénitas e violação.

Por isso a vitória de Dilma constituiu, para lá da gratidão para com Lula, a estrondosa derrota das forças obscurantistas que Serra acolheu na sua campanha. Mais do que uma vitória do PT foi uma estrondosa derrota para a Igreja católica e as várias evangélicas que se associaram contra Dilma numa campanha feroz e sem ética.

Com voto electrónico, o Brasil elegeu pela primeira vez uma mulher para a Presidência. Merece um lugar de vanguarda nas grandes democracias. Parabéns Brasil !