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Dia: 1 de Maio, 2007

1 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Turquia – Uma vaga esperança

O Tribunal Constitucional da Turquia abriu a porta a novas eleições, ao invalidar a votação do Parlamento para eleger novo presidente.

Seria a primeira vez que um presidente assumidamente muçulmano, cuja mulher se apresenta em público com o véu islâmico (o que é proibido constitucionalmente) ocuparia a presidência da Turquia laica.

Resta dizer que o poder judicial e as Forças Armadas são o garante da República laica que a Constituição consagra.

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1 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Igreja católica perde empregados

Durante 35 anos 69 mil padres despiram a sotaina. Entre 1964 e 2000 foram mais de 5 mil os que anualmente abandonaram o sacramento da Ordem, a maior parte para gozar as delícias do amor.

Julga o Papa que o hissope, na sua configuração fálica, apazigua as hormonas, que um Cristo com ar de marginal satisfaz os desejos dos clérigos e que a água benta, mesmo gelada, atenua os calores da paixão. Nem a Virgem com ar de mal amada!

A fé é uma doença infantil, frequentemente incurável, que se apanha em casa, na escola ou na catequese e que raramente atinge adultos. O vírus é inoculado pelos pais, padres, catequistas e outros infectados do divino.

A liberdade de pensamento e expressão é o antídoto mais eficaz para a moléstia da fé. É por isso que clérigos de todo o mundo e de todas as religiões se afligem com a ciência e o livre-pensamento.

Mas «não há machado que corte a raiz ao pensamento» e até os padres, fartos de hóstias e orações, da bíblia e do breviário, trocam a vida parasitária ao serviço de Deus por uma vida de amor de acordo com os seus sentimentos.

1 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Turquia à beira do abismo

A eventualidade de um presidente islamita é um passo sem retorno para a islamização do Estado turco.

Quando o poder se reclama da origem divina e os detentores se definem em função da fé que praticam, a democracia não está apenas em perigo, a ditadura vem a caminho.

A Turquia trava um braço de ferro entre o primeiro-ministro que se solidarizou com os terroristas de um atentado contra juízes que defenderam o carácter laico da Constituição e os sectores sociais, militares e judiciais que defendem o Estado laico. Com um presidente igualmente islamita é o fim da República laica que se avizinha.

De um lado estão os clérigos, o primeiro-ministro e o indigitado presidente à espera de virarem a Turquia para Meca e reporem a charia. Do outro estão as forças democráticas de que fazem parte o milhão de manifestantes em protesto contra a candidatura islamita à presidência e a favor de um Estado laico.

O paradoxo reside no carácter democrático da eleição que levou ao poder um partido confessional e na ilegitimidade dos militares para defenderem a Turquia plural, laica e democrática, certos de que o Islão não respeita o pluralismo.

Os democratas estão num labirinto. Se aceitarem um golpe militar traem a democracia mas se aceitarem os resultados eleitorais perdem a democracia. Os islamitas têm a legitimidade do voto mas a única lei que respeitam é o Corão.