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Dia: 27 de Dezembro, 2004

27 de Dezembro, 2004 Mariana de Oliveira

Contra a homofobia dos bispos

Vários grupos de defesa de lésbicas, gays e transexuais espanhóis manifestaram-se pela necessidade de o «Fiscal General del Estado» actuar oficialmente contra a Conferência Episcopal Espanhola pelo seu último documento aprovado relativo ao casamento homossexual.

Os porta-vozes destes grupos expressaram a sua indignação pelos termos empregados no texto redigido pelos bispos que, segundo a sua opinião, incitam à homofobia. Neste sentido, reclamam que o governo espanhol promova a aprovação de uma norma que condene este comportamento e que impeça a ICAR de proclamar, por exemplo, que a homossexualidade é «um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral».

A presidente e porta-voz da «Federación Estatal de Gays y Lesbianas» sublinhou que os bispos têm «uma atitude muito pouco cristã que incita à violência, ao ódio e à homofobia».

Esta atitude de condenação dos LGBT’s pela hierarquia católica levou milhares de madrilenos destas orientações sexuais a solicitar a desbaptização.

O presidente de outra associação, a «Asociación de Transexualidad Clínica de Madrid», chegou a afirmar que «temos de considerar se não é mesmo conveniente denunciar os acordos entre a Igreja e o Estado porque o Vaticano está a imiscuir-se nos assuntos internos da Espanha», referindo-se à posição dos bispos face aos projectos legislativos para a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Para tornar as coisas mais interessantes, a Conferência Episcopal espanhola iniciou ontem uma campanha contra o casamento homossexual e o seu direito à adopção que foi «celebrada por 69 dioceses do país, com a distribuição de sete milhões de desdobráveis nas paróquias espanholas, nos quais se indica que ‘no matrimónio, Deus une homem e mulher para que, formando uma só carne, possam transmitir a vida humana’».

É assim que a Igreja Católica Apostólica Romana promove a tolerância e a igualdade.

27 de Dezembro, 2004 Palmira Silva

Espírito natalício

A maioria dos creús acredita que a religião é condição sine qua non para a existência de um sistema moral, ou seja, insinua que o ateísmo é incompatível com a moralidade. Na realidade tais afirmações não passam disso mesmo, insinuações sem qualquer suporte experimental, são dogmas de fé que não carecem demonstração. E, aliás, os dados das prisões norte-americanas, que mantêm registos das religiões professadas pelos presos, indicam que os ateístas nas cadeias são apenas 0,21%, uma percentagem marcadamente inferior aos estimados 8-16% ateístas na população americana.

Para além da superioridade moral conferida pela verdade absoluta de dogmas revelados que não questionam, outra característica dos crentes consiste no paradoxo de se considerarem perseguidos se não puderem impor as suas crenças e dogmas. As suas prelecções de tolerância esgotam-se na imposição do seu proselitismo e os exemplos de intolerância em relação aos que não partilham as suas crendices são uma constante na História.

Um exemplo recente demonstra a vacuidade da apregoada tolerância cristã e do amor ao próximo, que era suposto caracterizar especialmente o tal espírito natalício.

Numa escola preparatória em Boulder, Colorado, os piedosos e promissores crentes de palmo e meio perseguem fisica e verbalmente os que não professam a fé cristã ou não a professam com o fervor adequado, acreditando em heresias ateístas como o evolucionismo. Os pais de vários alunos, vistos pelos colegas como perigosos ateus ou pagãos, queixaram-se em vão da perseguição de que estes eram alvo. Um dos abominados ateus de 13 anos chegou a ser preso por ter declarado num momento de desespero que ou o deixavam em paz ou suicidava-se e levava com ele todos os que o perseguiam. Apenas depois de outra aluna se ter tentado suicidar pelo mesmo motivo as autoridades escolares investigam finalmente o problema.