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Categoria: Vaticano

27 de Março, 2010 Ricardo Alves

Ratzinger protegeu ainda outro pedófilo… em 2007

É a semana de todas as revelações.

Soube-se agora que, em 2007, um responsável de uma ONG dirigiu-se à Santa Sé com denúncias de abusos sexuais de menores cometidos por um sacerdote italiano. A Santa Sé nada fez. A Conferência Episcopal Italiana também foi informada. E também nada fez.

O padre seria preso em 2008, acusado de abusos sexuais e prostituição de menores. Até hoje, a Congregação para a Doutrina da Fé não sancionou o padre, que só não exerce o seu cargo por se encontrar na prisão.

Em 2007, Ratzinger era Papa. E nada fez. Como nada fizera em 1996 quanto ao padre do Wisconsin que abusou de duzentas crianças surdo-mudas. Era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e nada fez. Como também não fizera nada em 1980 quando era arcebispo.

Agora, escreveu um texto a defender que se deve «colaborar» com os tribunais. Pois.

Esta semana, Ratzinger ganhou uma nova alcunha. Depois de ser «Nazinger» e «Sapatinhos Vermelhos», é o «Santo Protector dos Pedófilos».

26 de Março, 2010 Ricardo Alves

Ratzinger sabia… e nada disse à polícia

O New York Times traz hoje um novo artigo sobre a protecção e indulgência de Ratzinger para com sacerdotes responsáveis por crimes de abuso sexual de menores.

Em 1980, um certo padre Hullerman foi acusado, na diocese de Essen, de forçar um menor a ter relações sexuais com ele. Deve dizer-se, em abono da verdade, que a diocese o suspendeu das suas funções. Mas houve uma diocese que o aceitou: a de Munique, onde o arcebispo era o próprio Ratzinger. E que fez Ratinzger? Não colaborou com as autoridades judiciais (como recomenda agora) nem considerou o perigo que o padre representaria para as crianças da sua diocese. Pelo contrário, aceitou que o padre se mudasse para a sua diocese (ou seja, reabilitou-o), e até permitiu que ensinasse «Religião e Moral» numa escola pública. Em 1986, o padre foi condenado por um tribunal civil por um crime de abuso sexual de menor.

A semana passada, Ratzinger escreveu um texto a afirmar-se «escandalizado» com os abusos sexuais clericais na Irlanda, e convidando ao «arrependimento». Não explicou se ele próprio está arrependido.

Como já se vai dizendo, é a altura de perguntar «o que é necessário para um Papa se demitir»?

26 de Março, 2010 Carlos Esperança

As vítimas de Deus

Perante a bancarrota moral da ICAR, com a cumplicidade do que é hoje Papa, e o silêncio a que condenaram as vítimas, vale a pena ler o El País, de hoje.

25 de Março, 2010 Ricardo Alves

Ratzinger sabia… e protegeu o criminoso

Segundo um artigo publicado hoje no New York Times, Ratzinger recebeu em 1996 duas cartas do arcebispo do Wisconsin alertando para um sacerdote que já abusara sexualmente de cerca de duzentas crianças surdas. O que aconteceu? Aconteceu que Tarcisio Bertone, então vice de Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé, tentou abrir uma investigação canónica (e portanto meramente interna), mas bastou uma singela carta a Ratzinger do padre (internamente) acusado  para o processo ser engavetado por Bertone. O padre morreu em 1998, aparentemente sem remorsos de qualquer espécie.

Este caso, provavelmente apenas um entre as dezenas ou centenas de que Ratzinger terá tido conhecimento durante o quarto de século que passou à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, permite concluir que Ratzinger soube de crimes de abuso sexual de menores, e que nada fez para denunciá-los às autoridades civis. Antes pelo contrário, protegeu o criminoso. Agora, na recente carta irlandesa, pede «perdão» (o que não serve rigorosamente para nada) e fala em «cooperar com as autoridades civis». Mas a verdade é que ele próprio ainda não começou a cooperar, e é pouco crível que não tenha conhecimento de casos que ainda possam ir a tribunal. Afinal, há apenas cinco anos, em 2005, ainda era ele o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Se realmente quer ser um homenzinho e assumir responsabilidades, Ratzinger tem muito que contar.

Outra conclusão que se impõe é que a obrigação de manter segredo, dentro da ICAR e perante os tribunais civis, sobre crimes de abuso sexual de menores cometidos por padres, ainda se mantinha em vigor nos anos 90. Ninguém pode garantir que já não esteja em vigor hoje (Ratzinger reafirmou-a em 2001). E os bravos jornalistas portugueses poderiam ter a coragem de perguntar aos bispos e padres portugueses o que fariam perante casos destes. Ou investigar casos semelhantes, por exemplo na Madeira.

25 de Março, 2010 Carlos Esperança

O começo do fim…!

Por

E – Pá

O bispo John Magee, prelado da diocese de County Cork, que, no passado, foi secretário privado de João Paulo II, renunciou ao cargo, por cumplicidade nos encobrimentos dos casos de pedofilia ocorridos no seio da igreja católica irlandesa.
Não foi o primeiro, nem deverá ser o último.

Em Dezembro, o bispo de Limerick – Brendan Murray – já tinha resignado sobre a pressão dos mesmos escandalos.

Todavia vai ser difícil à ICAR contornar a exigência dos “violentados” e das associações defensoras das vítimas de abusos sexuais, relativamente ao primaz da Irlanda – cardeal Sean Brady – um “príncipe da Igreja” que será o segundo alto responsável pela cascata de encobrimentos registada.

O primeiro responsável é, naturalmente, Bento XVI, chefe da ICAR, cuja explícita responsabilidade não teve a coragem de assumir na tão mediatizada “carta-pastoral” aos católicos irlandeses.

Mas dificilmente a ICAR conseguirá evitar o “efeito dominó”.

23 de Março, 2010 Carlos Esperança

O Papa e os negócios da fé

Quando este Papa visitar Portugal vem promover o negócio de Fátima ou pedir perdão pelo padre Frederico e pelo bispo resignatário do Funchal, D. Teodoro, que o protegeu?

Ou, num acto de coragem, vem dizer quem o ajudou a fugir para o Brasil sem cumprir a pena?

22 de Março, 2010 Ricardo Alves

«Que dirá Deus da sua Igreja?»

Artigo de opinião de Manuel António Pina no Jornal de Notícias.

  • «Trata-se de uma organização que habitualmente enche os ouvidos dos fiéis de moralismo sexual (basta ouvi-la falar de divórcio, casamento homossexual, aborto) e que, enquanto isso, encobria milhares de abusos sexuais de crianças praticados no seu seio. Agora, quando já não é possível continuar a encobri-los, o Papa vem de novo pedir “desculpa”, mas omitindo qualquer sanção quanto a abusadores e encobridores (ele próprio terá participado nesse encobrimento quando arcebispo de Munique e Freising). A hipocrisia foi ao ponto de, um dia depois, o Papa ter exortado os católicos a não se assumirem como juízes “dos que cometem pecados”. É em alturas assim que um ateu como eu lamenta que não haja um Deus que julgue gente desta.»
22 de Março, 2010 Carlos Esperança

Vaticano – Rebentou o esgoto

Intolerante face aos desvios ao seu padrão moral, encobriu, até agora, abusos sexuais de padres

Finalmente, Bento XVI falou sobre os abusos sexuais de menores cometidos por padres. Numa carta pastoral dirigida aos católicos irlandeses, expressou perdão e vergonha e prometeu uma investigação rigorosa de todos casos.

O Papa dirigiu-se à Irlanda, mas ignorou os milhares de queixas idênticas na Áustria, Holanda, Suíça, Espanha, Brasil e Alemanha, onde, só desde Janeiro, surgiram mais de 300 denúncias de abusos em escolas católicas.

21 de Março, 2010 Ricardo Alves

As responsabilidades e a fuga

O mito central do cristianismo pode ser lido como uma alegoria sobre a transferência de responsabilidades. Segundo a interpretação mais difundida, Jesus Cristo teria morrido pelos «pecados» da humanidade inteira, «pecados» que não cometera e pelos quais não era responsável. Obviamente, os «pecados» incluem desde comportamentos inócuos e até banalizados na nossa civilização (como relações sexuais consentidas entre adultos), até actos que serão sempre crime em todas as sociedades (como o homicídio). Há duas formas diferentes de encarar o sacrifício crístico: ou se o entende como um heróico exemplo a seguir, e portanto deve-se assumir a responsabilidade pelos próprios actos e até pelos de outrém (e estar disponível para sofrer as consequências), ou pelo contrário transferem-se as responsabilidades para uma entidade transcendente («Cristo morreu por nós, e só a Deus prestamos contas»).

Ratzinger publicou ontem o seu documento sobre os abusos sexuais cometidos por padres irlandeses. A «imprensa amiga» tenta convencer-nos de que «assumiu a responsabilidade». Nada mais falso: Ratzinger nada disse, por exemplo, sobre a carta que ele próprio escreveu em 2001, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a exigir o «segredo clerical» para as denúncias de abuso sexual de menores dentro da ICAR. Nessa época, não recomendava a colaboração com tribunais civis. Também não assumiu, que eu saiba, a responsabilidade por um caso em que teve responsabilidade directa: o acolhimento de um padre pedófilo em Munique quando aí era arcebispo. (mais…)