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Autor: jvasco

21 de Junho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Temos que partir daquilo em que concordamos. Por exemplo, que Odin não é um deus de verdade. Não é irrefutável, não é dogma, não é algo que eu não pretenda demonstrar ou não possa justificar. Mas é uma opinião que partilho com o Bernardo e com muitos outros crentes. É um bom ponto de partida para um diálogo porque não precisamos perder tempo a discuti-lo. Outra premissa útil é que uma longa tradição religiosa considerou Odin um deus de verdade. Não é axioma, mas é outra premissa aceitável. E destas premissas deduz-se que a tradição religiosa não justifica a crença num deus.

    Partindo de premissas aceites por todos e seguindo um raciocínio que todos considerem válido garante-se que todos irão concordar com a conclusão, seja qual for a sua opinião inicial. Assumindo que estão honestamente interessados no diálogo. Quem admite que A é verdade e que A implica B mas mantém a sua fé que B é falso não quer dialogar. E se cada um se limita a proferir os dogmas que considera irrefutáveis ninguém se entende. Como exemplo, aponto mil e quinhentos anos de animado diálogo entre o Cristianismo, o Judaísmo e o Islão.»(«Diálogo difícil, parte 1.», no Que Treta!)

  2. «Os mitos de destruição escatológica, que se traduzem na crença num apocalipse seguido de um julgamento final para alguns, são característicos de religiões sortidas, dos Maias aos Hindus. A ideia de que uma força maior efectivará a vingança das provações dos «justos», que aqueles que vemos como os nossos opressores sofrerão horrores inimagináveis, nem que seja no fim dos tempos, tem um apelo evidente para muitos.»Apocalipse Now», no De Rerum Natura)
  3. «Tal como acontecia na ocasião, também agora os sunitas e os shiitas continuam a lutar no Médio Oriente, os muçulmanos e os hindus na Caxemira, os budistas e os hindus no Sri Lanka, e os muçulmanos e os judeus em Israel.
    Mas duas coisas acontecem agora nesta nossa época pós-moderna e pós-Guerra Fria: a religião, frequentemente disfarçada de pressupostos ou fundamentos étnicos regressou à arena política; e as religiões continuam sem saber como conviver em paz umas com as outras.»
    Será que é realmente possível aprendermos a gostar das pessoas que não são como nós?», no Random Precision)
19 de Junho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Em casos como o João César das Neves a verborreia sempre limita a densidade de disparates, com a palha a roubar espaço à treta nos interstícios. Mas, em geral, incomoda-me a falta de consideração pelo leitor ou ouvinte. As palavras desnecessárias só dão trabalho a ler e fazem perder tempo. As frases mal estruturadas mostram que o importante era pôr as palavras cá fora e não quem as quer pôr de novo lá dentro. Termos confusos e ambíguos proclamam “não tenho nada de jeito a dizer mas ouçam-me à mesma”.»(«Treta da Semana: A verborreia.», no Que Treta!)
  2. «O Museu da Criação perverte assim tudo o que sabemos sobre a História Natural. Os Museus de História Natural desenvolveram-se com o espírito iluminista, tentando abrir e mostrar a todos colecções enciclopédicas de objectos naturais abertos a investigação e organização. A evolução darwiniana trouxe a primeira teoria a esta massa de dados mais ou menos caótica. E a moderna genética proporcionou à evolução a sua base teórica num contexto bioquímico. Cada vez que tomamos vacinas anti-gripe confiamos implicitamente na teoria da evolução e selecção natural feita em tubos de ensaio.

    Do ponto de vista do Museu da Criação, a catástrofe é recente: tudo começou quando a autoridade literal da Bíblia foi abandonada pelos filósofos da Igreja que a começaram a tomar em sentido apenas figurado e não literal, bem como pelos filósofos do Iliminismo. Para o Museu e seus ideólogos, foi o plano inclinado que levou à crise actual do livre pensamento, do qual Deus nos guarde.»A CRIAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA!», no De Rerum Natura)

  3. «Mas a mecânica quântica, a física nuclear e a relatividade geral também merecem as atenções dos «cientistas» com senso comum. Assim, consideram que a mecânica quântica, a relatividade e a física nuclear são anti-ciência e anti-biblícas. Consideram ainda que o atomismo “é incompatível com os princípios judaico-cristãos porque o atomismo apresenta a matéria independente de Deus, seja porque existe por toda a eternidade e nega a criação por um Desenhador Inteligente seja porque os seus movimentos e acontecimentos são independentes do controle por um Ser Soberano”.»Física Bíblica», no De Rerum Natura)
14 de Junho, 2007 jvasco

A Amnistia Internacional e o Vaticano

«”A Igreja Católica deixará de financiar a Anistia Internacional devido à mudança de posição decidida”, anunciou oficialmente o chefe do Conselho Pontíficio Justiça e Paz.»

Devo confessar que tinha ficado positivamente impressionado quando soube que a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) ia deixar de financiar a Amnistia Internacional, não por deixar de o fazer (e por alardoá-lo numa tentativa de manipulação patética), mas porque não esperaria que o Vaticano fosse doar dinheiro para uma instituição que tanto respeito. Parti do princípio que não fosse muito, mas ainda assim fiquei positivamente impressionado.

«”Jamais recebemos fundos do Vaticano, nem de entidades que dependem da Igreja Católica. Isso nos garante independência de organização como previsto em nossos estatutos”, anunciou Riccardo Noury, porta-voz da seção italiana da Amnistia International.»

Agora entendo: foi mais uma das mentiras do Vaticano, que volta a revelar-se como sendo uma instituição sedenta de dinheiro, que não hesita na distorção da verdade, mentindo descaradamente. Agora o alegado estado inequivocamente ditatorial vem apelar às pessoas para que não doem dinheiro à Amnistia Internacional. Estas tentativas de controlo e manipulação metem-me nojo, quer pela mesquinhez dos objectivos, quer pela falta de escrúpulos nos meios usados.

14 de Junho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Bem e mal são classificações que damos a actos voluntários. A algo que se faz, e não algo que é. Dizer que Deus é o Bem é tão disparatado com dizer que Deus é o Espirro.[…]

    Um acto é bom ou mau porque Deus decide, e pronto. Quando no antigo testamento Deus aconselhava os pais a apedrejar as filhas que descobrissem não ser virgens, isso era bom por definição. Supostamente, entretanto mudou de ideias e agora é mau. Ora isto não é ética. É capricho. O bem e o mal não pode ser assim à escolha do freguês. Nem mesmo que seja o Freguês.»(«Ética, parte 3: Deus?… Para quê?», no Que Treta!)

  2. «Quando temos gripe espirramos. Porquê? Uma possibilidade é que espirrar traz ao engripado vantagens que compensam a energia despendida. Mas não há evidência de tais vantagens para quem espirra. Por outro lado, o espirro é óptimo para o vírus. Apanha boleia nas gotinhas e assim espalha-se por vários hospedeiros. A hipótese mais provável é que o espirro é uma adaptação do vírus, e não do hospedeiro. O vírus evolui e adquire características úteis à sua propagação. Fazer espirrar, por exemplo.

    Podemos ver uma situação semelhante em vários conjuntos de memes. É típico das religiões condenar a apostasia e exortar os fiéis a ensinar a sua religião aos filhos. São também comuns os rituais e credos que têm que ser executados ou proferidos sempre da mesma exacta maneira. Nada disto beneficia o crente ou o seu deus. Quem beneficia com a repetição à letra do «Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome…» é esse meme, que assim é propagado com alta fidelidade. Tal como os vários genes de um vírus, os vários memes de uma religião colaboram para a sua propagação. Não em benefício do hospedeiro, mas em benefício daquele conjunto de comportamentos propagados por imitação.»Memes.», no Que Treta!)

  3. «Mas, mais importante ainda, o Museu do Criacionismo desvenda-nos finalmente essa gigantesca conspiração de cientistas por esse mundo fora que se dedicam exclusivamente a propagar esses tenebrosos mitos ateístas, como o são o Evolucionismo ou os diferentes métodos de datação, como por exemplo por Carbono-14.

    Logo à entrada, todos os visitantes são convidados a “penetrar no espírito” do Museu e são aconselhados:
    Não pense, escute somente e acredite“»
    O Museu do Criacionismo», no Random Precision)

11 de Junho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Henrique, que mandou coligir o primeiro livro de leis inglês e descentralizou a justiça – dotando os magistrados com poderes de agir em nome da coroa e implementando o julgamento por júri-, determinou igualmente em 1164 que os membros do clero que tivessem cometido crimes de direito comum fossem julgados por tribunais civis e não eclesiásticos.

    Thomas Becket, recusou assinar as constituições de Clarendon, «Constitutions of Clarendon», que cerceavam claramente os privilégios e poder da Igreja e diminuiam a influência de Roma na política inglesa. A diatribe entre Becket e o rei, que o papa Alexandre II tentou diplomatica e infrutiferamente mediar, agravou-se em 1170»Os Contos de Cantuária», no De Rerum Natura)

  2. «Criar a religião também não custa nada. Pega-se num bazaroco facilmente impressionável com um nome sonante, crucifica-se o tipo, deixa-se marinar durante três dias e ressuscita-se a gosto para mostrar a toda a gente que a religião é salvação e mais não sei quê. Como ninguém sequer se lembra que se não fosse a religião, o tipo nem sequer teria sido crucificado para começar, a malta fica impressionada e adere.
    Esta foi a parte fácil, o complicado veio a seguir.»
    A verdadeira razão porque não se pode entrar de chuteiras na igreja.», no KrippArt)
  3. «Não posso culpar o destino porque essa treta não me convence. Se Deus despachou o universo em 7 dias, é porque estava com pressa para bazar. Não é gajo para se pôr a escrever destinos para esta gente toda.
    Ir à igreja rezar também não me cheira. É preciso ser muito optimista para achar que um boneco de madeira de um tipo semi-nu espetado numa cruz tem coisas mais interessantes a dizer sobre os meus problemas que eu.»
    Querer e Não Ter», no KrippArt)
8 de Junho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Imaginemos que não há bombistas suicidas, que não houve 11 de Setembro, nem 7 de Julho, que não houve cruzadas nem caça às bruxas, que não existe guerra na Caxemira nem existe qualquer conflito entre a Índia e o Paquistão, que não há guerra entre israelitas e palestinianos, que não houve massacres sérvios/croatas/muçulmanos, ou que não há qualquer “problema” na Irlanda do Norte.
    Imaginemos que nunca houve talibans a destruir estátuas centenárias, que não se chicoteiam mulheres por mostrarem uns centímetros de pele, que não se decapitam blasfemos ou apóstatas em público.

    Imaginemos que nunca houve perseguições a judeus, e até que nem há já judeus de sobra para perseguir, porque, sem a sua religião, há muito que os judeus se tinham integrado nas populações dos países em que vivem.»Imagine», no Random Precision)

  2. «Eu me considero ateu por não admitir possibilidades de deus existir, e não deixo de ser cético por isso, pois dentre as possibilidades que conheço não vejo lógica mas estou aberto a discussão e ao diálogo sobre o conceito de deus e sobre a sua suposta existência.»É o agnosticismo uma fuga?», no Filosofia Ateísta)
  3. «[…] filósofos que mais admiro pela qualidade de seus textos acerca do ateísmo um deles é Sartre, em que sua obra O Ser e o Nada demonstra a existência como sendo validada por si própria e fala da ma-fé que a crença em deus e na religião trazem ao anular a responsabilidade do homem. Outro filósofo é Feuerbach, que era teólogo e se aprofundou na antropologia e explicou como o homem faz a projeção do que há de melhor em si neste ser imaginário que é deus. E afirma que o amadurecimento do homem se dá com a perca da infantilidade de fazer essa projeção.»Deus não existe», no Filosofia Ateísta)
4 de Junho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Mas, para lá de permitir semelhantes exercícios desconstrucionistas, o livro de Tipler é fundamentalmente desonesto. Ele afirma que o nascimento de Jesus a partir da Virgem Maria se deu essencialmente por geração espontânea, sendo Jesus portanto homozigótico XX, sendo parte de um dos cromossomas X inactivado para funcionar como Y. A prova está na análise de DNA ao sangue deixada por Jesus no Sudário de Turim – que, infelizmente para Tipler, há muito se sabe ter sido forjado no século XIV. Não contém sangue: contém tintas.

    Andar sobre o mar? Ressuscitar dos mortos? Simples. Bastou esperar 21 séculos para percebermos. Segundo Tipler, as partículas dos átomos do corpo de Jesus decaíram espontaneamente em neutrinos e antineutrinos. Para andar sobre as águas, estes proporcionaram uma espécie de “almofada” de partículas sobre a qual a caminhada teve lugar. Para a Ressurreição, o processo essencialmente inverteu-se: as partículas, ao terceiro dia, “des-decaíram” e voltaram a formar o corpo de Jesus.

    Tão simples quanto isto. Mas quando eu parto um copo, os cacos não se voltam a unir, pois não? É uma chatice, chamada Segunda lei da termodinâmica. Para Jesus é pior: o decaimento do protão conduz a uma diferença de cerca de 100 ordens de grandeza! Impossível, não? Não para Tipler: ele usa uma versão grotesca do princípio antrópico que afirma que, se estamos aqui, é porque aconteceu. Curiosamente, esse princípio é aplicável não apenas ao Deus cristão, mas a qualquer Deus, ou mesmo a qualquer crença.»E ao terceiro livro passou-se: a pseudociência do ano», no De Rerum Natura)

  2. «Pessoalmente, e como já referi, só subscrevo o CRAP (Princípio Antrópico Completamente Ridículo), e concordo com Neil deGrasse Tyson, director do Hayden Planetarium do American Museum of Natural History em New York, quando este diz que livros como os de Tipler são fruto de homens brilhantes que aproveitam o filão «Deus» para encher as respectivas contas bancárias.»O que é o princípio antrópico?», no De Rerum Natura)
  3. «Atualmente como ateu eu acredito na inexistência de Deus assim como acredito na inexistência de muitas outras coisas que poderiam ser imaginadas. O clássico exemplo do “dragão invisível na garagem” do livro “O mundo assombrado pelos demônios” de Carl Sagan aborda muito bem este assunto. Ser agnóstico pode corresponder tanto à incerteza da existência de Deus como da incerteza da existência de algum “dragão invisível na garagem”. O ser humano racional deve procurar por indícios e provas sobre qualquer assunto pelo qual deseja esclarescer, por mais polêmico que seja. Não é incoerente afirmar que algo não existe enquanto não houver evidências que reforçe a crença de sua existência. Por acaso seria incoerente afirmar que duendes não existem? Alguma pessoa teria a “sensatez” de dizer que “a existência de duendes é algo ainda incerto”? Renunciar à certeza da inexistência de Deus pode ser comparado à renúncia de diversas outras certezas.»Ceticismo em debate: agnosticismo x ateísmo», no Narkus)
31 de Maio, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Mas a crença teimosa não é a pior de todas. A pior de todas é a crença que se vê como virtude. Como o racismo extremo. É uma opinião (errada) acerca de algumas características humanas, é tida como certeza absoluta mas, mais ainda, é vista como uma virtude. Para o racista, o racismo é um dever moral. É assim que deve ser, e é moralmente errado não ser racista.

    A crença religiosa também é assim. Não é a crença de todos os religiosos, porque há muitos religiosos com formas diferentes de crer. Mas a religião apregoa a virtude da certeza absoluta. Os crentes fieis são recompensados. Os que renegam a crença cometem o maior pecado. São traidores. A dúvida é má e condenável. […]

    É isto que me separa mais da religião. Não é a proposição «Deus existe». Acho que é falsa, mas mudarei de opinião se as evidências justificarem. Nem é o problema da certeza absoluta. Já me enganei vezes demais para ter certezas absolutas, mas como duvidar requer algum esforço pode ser que um momento de fraqueza ou aflição me faça esquecer a dúvida. Mas só com uma grande pancada é que consideraria uma virtude ter tal certeza sem qualquer evidência.»Crenças, crenças, e crenças.», no Que Treta!)

  2. «Resta saber se estes poucos verdadeiros cristãos os quais Ratzinger diz querer pastorear são suficientes para compensar esta esta estrutura política de propaganda que chamamos de Igreja. Porque é inegável que o cristianismo é essencialmente proselitista, necessita de pregadores para espalhar a “boa nova”; ainda no berço, o cristianismo destruiu templos pagãos e adaptou a maioria para servir ao próprio culto, do mesmo modo que Mehmet II fez com a Santa Sofia.» («Propaganda é Violência», no Pugnacitas)
  3. «Afirmar que não se sabe se deus, ou melhor um deus existe ou não porque nunca se viu é o mesmo que afirmar que não se sabe se existem marcianos ou cavalos verdes, porque nunca se viu nenhum.[…]

    o agnosticismo é a ausência de racionalização dos problemas, a religião é a transferência desses problemas (passar a batata-quente) e o ateismo é a assunção desses problemas de frente e com a coragem que a vida nos exige.»(«Agnósticos, ateus e religiões», no Croquete-matinal)