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  • 11 de Setembro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

A nossa solidariedade

Por

Frei Bento

Caríssimos irmãos em Cristo, pegai lá a minha bênção em nome do Pai, do Filho e do Novo… do Espírito Santo.
Amém.

Sabeis, porque tendes visto, ouvido e lido, não necessariamente por esta ordem, mas certamente separadamente ou em simultâneo, que Sua Santidade o Papa Francisco apelou às paróquias, mosteiros e conventos, ermidas, capelas, et coetera, que acolhessem tudo o que fosse migrante ou refugiado, que a comunicação social não sabe distinguir. Eu também não, confesso.

Obviamente, o nosso santo Abade Faria, também conhecido por Abade de Priscos, vá lá saber-se porquê, logo entrou em histeria tipo menstrual, a berrar que “o mais rapidamente possível” tudo teria de estar em ordem para acolher os refugiados que Deus se dignasse conceder-nos porque, está escrito, nada acontece, nem uma folha cai de uma árvore se não for essa a vontade de Deus. Ou seja, temos andado numa azáfama fod… terrível, a substituir, embora não totalmente, crucifixos por crescentes, mas ainda não entendi como é que aquele crescente mais parece um minguante, enfim, quem sou eu, que nada percebo de astronomia.

Como se não bastasse, gastou uma pipa de massa para vir um informático, ainda por cima ateu, fazer o daunlod de uma coisa que lhe chamam guglemapes, só para afinar com a direcção de Meca. A seguir, mandou comprar tapetes de Arraiolos, que foram devidamente benzidos pelo cheique David, e mandou colocá-los na estufa onde costumávamos cultivar e coçar tomates tendo, previamente, mandado destruir toda a plantação. Ou seja, não temos tomates para coçar, mas temos um lindo mostruário de tapetes de Arraiolos, todos devidamente alinhados em direcção a Meca. Tudo para que não seque a torneira do Vaticano, que está para nós como a torneira de Bruxelas está para os políticos, formadores, empresários e outros aldrabões.

Entretanto, temos tido umas aulas de comunicação religiosa, onde somos instruídos no sentido de convencer aquela gente de que Deus há só um, que é o da Bíblia, e que o outro mais não é do que um patético macaco de imitação. Mas temos de dizer isto sem os ofender, que aquela gente até corta pescoços.

A medo, que o gajo não é para brincadeiras, ainda perguntei ao nosso santo Abade se tinha em mente um espaço para a tralha ateísta, que isto de refugiados nunca se sabe o que aparece; respondeu-me com maus modos que nos países islâmicos não há ateus, porque são países muito mais evoluídos, religiosamente falando, do mesmo modo que, “et pour cause”, também não há panel… homossexuais.

Cá os aguardamos, com a bênção de Deus e o patrocínio de Maomé.

Saúde e merda, que Deus não pode dar tudo.