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Dia: 27 de Fevereiro, 2015

27 de Fevereiro, 2015 Carlos Esperança

Não me parece o melhor caminho

Áustria aprova reforma polémica em lei que regulamenta o islamismo

Lei proíbe investimentos estrangeiros em mesquitas e gera críticas de muçulmanos.

Da BBC

O parlamento da Áustria aprovou nesta quarta (25) mudanças polêmicas em uma lei centenária que regulamenta o islamismo no país.

Um dos objetivos da reforma é coibir o islamismo radical. Por isso, ela veta, por exemplo, o financiamento estrangeiro de mesquitas ou de imãs (líderes religiosos). No entanto, a nova lei também amplia a segurança jurídica aos muçulmanos que vivem no país.

A aprovação das mudanças gerou protestos entre a comunidade muçulmana, que é numerosa no país – 7% da população, segundo dados de 2013.

Criada em 1912, a Lei do Islã tornava o islamismo uma religião oficial da Áustria e, na época, chegou a ser considerada um “modelo” para a Europa na forma de inclusão dos muçulmanos. Isso permitiu que eles ganhassem os mesmos direitos de católicos e judeus, tais como poder aprender sobre sua religião em escolas do Estado, por exemplo.

O Ministro da Integração da Áustria, Sebastian Kurz, defendeu as reformas, mas alguns líderes muçulmanos dizem que elas não os tratam com igualdade diante das outras religiões.

Ainda assim, algumas mudanças foram consideradas positivas pelos seguidores do islamismo. De acordo com a reforma, muçulmanos poderão, por exemplo, faltar ao trabalho em feriados religiosos sem receber punição e têm liberdade de orientação espiritual quando forem servir o Exército.

Por outro lado, quem é contrário à mudança diz que a proibição de investimento estrangeiro é algo “exclusivo” para muçulmanos, já que católicos e judeus não têm de seguir as mesmas regras.

Eles dizem a nova lei reflete uma desconfiança generalizada em relação aos muçulmanos e alguns estão pensando em contestá-la no tribunal.

Controle externo
O ministro Kurz disse à BBC que as reformas foram um “marco” para a Áustria e têm como objetivo acabar com a influência política de certos países muçulmanos que usam os meios financeiros para isso.

“O que queremos é reduzir a influência política e controle externo. Queremos dar ao Islão a oportunidade de se desenvolver livremente dentro de nossa sociedade e de acordo com os nossos valores comuns europeus”, disse.

Kurz também fez questão de reforçar que a reforma não foi uma reação aos recentes ataques perpetrados por extremistas islâmicos na França e na Dinamarca.

No entanto, a nova lei do país despertou reações diversas de muçulmanos pelo mundo, com o chefe de relações religiosas da Turquia, Mehmet Gormez, deixando clara sua insatisfação na última terça-feira.

“A Áustria vai regredir 100 anos em liberdade com essa reforma da lei do Islã”, disse Gormez, segundo a agência de notícias estatal Anadolu.

Quase meio milhão de muçulmanos vivem na Áustria hoje em dia, cerca de 7% da população – muitos deles têm origem turca ou bósnia.

27 de Fevereiro, 2015 Carlos Esperança

A pastoral rodoviária continua em vigor ou foi um fracasso?

Em 2007, o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Emigrantes tinha em vista a criação de espaços de oração e encontros pios nas áreas de serviço e lugares de descanso das autoestradas. Bento XVI jubilou-se sem recolher frutos da nova pastoral do camionista, uma forma de proselitismo rodoviário, de que não mais se ouviu falar.

A ideia continua original e adequada à proliferação de autoestradas num período em que a fé esmorece.

Chega um condutor com a bexiga cheia e sai-lhe uma freira com uma pagela do Sagrado Coração de Jesus. Vem aflito, após 400 km de autoestrada, a ruminar uma sanduíche de atum, ansioso por um urinol, e um padre para-o para rezar uma ave-maria e, quando espera aliviar o globo vesical, pergunta-lhe se quer aliviar-se dos pecados e confessar-se.

Vem esfomeado outro, a pensar em presunto e queijo, e aguarda-o uma missa no interior de um camião e, à saída, um versículo da Bíblia debitado por um diácono.

Antes do restaurante passa pela sacristia. Antes de alcançar a latrina leva com conselhos pios e, quando um camionista se prepara para comprar uma revista com fotos de corpos apelativos, dá com uma pagela de Santo Escrivà numa das mãos e a da Virgem Maria na outra, sem mão disponível para urinar.

O garoto que obriga o pai a parar, para comprar o gelado que há duzentos quilómetros reclamava, leva primeiro com um pai-nosso que a catequista de serviço reza com ele.

Em vez de prostitutas que aguardam camionistas, há semanas fora de casa, as estações de serviço vão parecer conventos de portas abertas e freiras à solta para reconduzirem ao redil da Igreja jovens com cio.

Quando, finalmente, permitem o alívio de uma sanita ao fatigado camionista, este já não precisa de se preocupar com o papel higiénico, leva consigo vários santinhos e um desdobrável com imagens do Papa, a cores.

Benditos padres que recorrem aos «camiões para rezar» em vez de deixarem descansar os condutores. Certamente, conseguem substituir o habitual desabafo de um camionista, perante a manobra desastrada de outro condutor, por um piedoso e contido alívio:

«Vai para o padre Escrivá, filho de Deus».