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Mês: Outubro 2011

26 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

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A ICAR critica novo romance de José Rodrigues dos Santos

É uma surpresa que uma instituição que sobreviveu dois milénios a um passado pouco recomendável e com um presente pouco auspicioso, caia no erro grosseiro de criticar livros, filmes, músicas, pinturas e outras manifestações culturais ou artísticas.

O novo romance de José Rodrigues dos Santos, «O Último Segredo» não precisava de mais publicidade. O autor tem uma escrita sem a profundeza literária de Saramago mas domina uma prosa escorreita, ágil e agradável de ler. Acresce que se documenta bem e é uma figura mediática, condições para lhe granjearem o sucesso de todos os seus livros.

Não precisava da ajuda da Igreja católica mais conhecida pelas mentiras dos milagres que rubrica do que pela virtude dos seus padres. No entanto, a irritação do crítico de serviço e a ligeireza do ataque ao novo romance constituem um poderoso incentivo à sua leitura.

O padre Tolentino de Mendonça acusa de «uma imitação requentada, superficial e maçuda» a obra do escritor e perde-se em considerações morais inúteis. Um doutorado em teologia bíblica, tal como um especialista em cartomancia ou bruxaria não é um especialista em história da religião nem um mensageiro do deus em que diz acreditar.

Censurar uma obra porque não reconhece a virgindade de Maria, o dogma da Santíssima Trindade ou o local atribuído ao nascimento de Jesus é um atestado de idoneidade passado pelo exótico Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC). José Rodrigues dos Santos está de parabéns pela irritação do padre Tolentino.

O medo de que os últimos crentes sejam sensíveis a «O Último Segredo» levou a ICAR a promover o livro que foi lançado na última quinta-feira e já vai na terceira edição.

A intolerância e a falta de senso viram-se contra os seus autores.

26 de Outubro, 2011 Raul Pereira

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basta provocar a ira das sotainas. Foi o que fez José Rodrigues dos Santos com o seu novo romance, intitulado O Último Segredo.

Como não li o livro (nem tenciono ler), transcrevo, sem mais comentários, a resposta dada pelo jornalista/escritor à nota publicada pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura:

 

«O Secretariado da Pastoral de Cultura da Igreja emitiu um comunicado a criticar em termos violentos o meu romance O Último Segredo. O mais interessante nessa crítica da Igreja é que não é negada uma única das afirmações sobre Jesus e a Bíblia que eu faço nesse romance. Em vez de negar a substância do livro, a Pastoral de Cultura prefere concentrar-se em questões laterais. Fá-lo, claro, porque não pode negar o essencial da obra.

José Rodrigues dos SantosVejamos as questões laterais que são levantadas:

Diz o Secretariado da Pastoral de Cultura que “José Rodrigues dos Santos propõe-se, com grande estrondo, arrombar uma porta que há muito está aberta.” Esta afirmação é interessante, porque se trata de um reconhecimento implícito de que as afirmações que constam no livro são verdadeiras. De facto, no livro nada é dito de novo – para o mundo académico, claro. Porque a verdade é que o cidadão comum nunca ouviu ninguém dizer que Cristo não era cristão, que há indícios no Novo Testamento que questionam seriamente a virgindade de Maria e que existem textos fraudulentos na Bíblia. Os académicos sabem disto, a Igreja também. O público é que não. De facto não arrombei nenhuma porta. Limitei-me a trazer esta informação para o grande público.

Diz o Secretariado da Pastoral de Cultura que “A quantidade de incorrecções produzidas em apenas três linhas, que o autor dedica a falar da tradução que usa, são esclarecedoras quanto à indigência do seu estado de arte.

(mais…)

26 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

Até agora reinou o silêncio

O Vaticano ordenou uma investigação sobre denúncias de abusos sexuais contra crianças e adolescentes cometidos por padres numa abadia de Londres, a primeira deste tipo no Reino Unido revela nesta terça-feira o jornal britânico The Times.

Como detalha o jornal, alguns ex-padres e antigos professores laicos da Abadia de Ealing e do colégio particular St. Benedict’s, ao noroeste de Londres, estariam envolvidos nos abusos cometidos entre os anos 1960 e 2009.

25 de Outubro, 2011 José Moreira

Milagres…

A cada passo somos confrontados com fenómenos inexplicáveis – ou convenientemente deturpados de modo a dificultar a explicação. Ou é o olho da D. Guilhermina que se cura milagrosamente graças à intercepção de D. Nuno Álvares, ou é uma freira que, milagrosamente, vê a sua doença de Parkinson desaparecer, ou é uma mulher que vê regredir um cancro na garganta.
Quando a ciência não pode – ou não sabe, que a ciência não sabe tudo e ainda bem, acrescento eu – explicar os fenómenos, aparecem os aproveitadores do costume a berrar que nem ovelhas desmamadas, “milagre, milagre!”.
Era assim nos primórdios da Humanidade, quando o Homem foi confrontado com fenómenos na altura inexplicáveis; foi assim que nasceram os deuses, posteriormente reunidos num só, suponho que por razões económicas.
Em resumo: quando ocorre um fenómeno inexplicado, é milagre. E o presumível autor do “milagre” começa a percorrer o rápido caminho para a santidade
Ponto final.
A televisão tem-nos dado conta de uma senhora que deu à luz uma criança que nasceu sem uma das mãos. Hoje mesmo, perante as câmaras, a senhora afirmava ter tido uma gravidez e um parto normais, e que a ciência não encontrava explicação para o fenómeno.
Estão, pois, creio eu, reunidas as condições para que o fenómeno seja considerado milagre, e para a senhora ser beatificada. Ou santificada, sabe-se lá… Com a vantagem da originalidade: o milagre deu-se com a autora ainda viva, não deixando margem para dúvidas ou especulações, enquanto os outros têm ocorrido com os presumíveis autores já defuntos, não podendo haver certezas quanto à autoria. Só suposições.
A Congregação Para a Causa dos Santos está à espera de quê? De que a senhora morra?

25 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

Da Primavera Árabe ao inverno muçulmano

O júbilo da comunicação social dos países democráticos com a queda das ditaduras do Norte de África pareceu-me sempre exagerado. Não que a queda dos ditadores me deixe triste mas porque, em contexto religioso, pressinto os piedosos facínoras que se seguem.

Assustou-me a amnésia colectiva em relação à ascensão da Frente Islâmica de Salvação (FIS) na Argélia cujo pavor levou ao golpe de Estado que impediu a segunda volta das eleições em 1992, eleições que, a terem lugar, como estava previsto e era justo, dariam a vitória aos fanáticos religiosos. Não esqueço a onda de euforia que percorreu o Irão após a queda de Xá Reza Pahlavi, um déspota corrupto, com o regresso do exílio do aiatola Khomeini, com cheiro a santidade.

Não esqueço as palavras do infalível Pio IX que considerava o catolicismo incompatível com a democracia e a liberdade, nem as tolices do Corão que nas mesquitas e madraças intoxicam desde a infância as legiões de crentes.

Não conheço nenhuma religião que tenha lutado pela democracia e pela liberdade mas não faltam exemplos de ditaduras apoiadas pela fé e violências cometidas em nome do deus imposto. A vocação totalitária é comum ao cristianismo e ao islamismo mas, enquanto o primeiro foi moldado pela cultura grega, pelo direito romano, pela Reforma e pela pressão secular, o islamismo não conheceu o Iluminismo, a Revolução Francesa e a derrota dos seus próceres. O Papa foi derrotado por Garibaldi, o secularismo sobrepôs-se às sotainas e o pluralismo e a emancipação da mulher criaram a superioridade moral das democracias em relação às teocracias.

A decadência da civilização árabe, a pobreza e o atraso dos povos submetidos ao Corão, fizeram do Islão o mais implacável monoteísmo, uma cópia grosseira do cristianismo que legitima todos os poderes e as atrocidades praticadas nos países árabes e não árabes, nomeadamente no Irão e na Turquia.

Há a tendência de apelidar de moderado o proselitismo islâmico em curso na Turquia onde os pilares da laicidade – os militares e os juízes – vão sendo assassinados ou neutralizados. O legado de Kemal Atatürk vai definhando com o apoio e simpatia dos países europeus e dos Estados Unidos. Nos países islâmicos, até prova em contrário, não está em curso uma Primavera política, assiste-se à queda de ditadores laicos a substituir por ditadores pios. O Iraque, a Tunísia, o Egipto e a Líbia conquistaram a liberdade de votar democraticamente a supressão da democracia.

Como espero enganar-me!!!   E não ouvir falar da sharia como fonte de todos os direitos, isto é, de todas as iniquidades.

23 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

JP2 – Mais um santo a sair da fábrica dos milagres

Vários supostos milagres do beato papa João Paulo II já chegaram ao conhecimento do postulador de sua causa de canonização, Slawomir Oder, que disse que espera conhecer a documentação completa para começar o processo que o leve à santidade.

“Posso dizer que até o momento recebi numerosos testemunhos muito significativos (de supostos milagres) e estou à espera de toda a documentação para fazer um estudo sério e ver a oportunidade de iniciar o novo processo (de canonização)”, disse o sacerdote polaco à Radio Vaticano.

Nota: Como descobre a ICAR o cadáver responsável pelos milagres ?