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Mês: Fevereiro 2011

23 de Fevereiro, 2011 Carlos Esperança

A ICAR e a moral_1

Tenho para mim que a «moral» é a ciência dos costumes e que a humanidade, no seu progresso constante, se tem tornado mais exigente e justa à medida que a diversidade se afirma, a instrução se democratiza e as religiões recuam.

A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), frequentemente referida no Diário Ateísta, está longe de ser a pior. Infelizmente. Apenas conseguiu ser a pior de Portugal durante oito séculos e meio por não ter deixado medrar outras.

Até se compreende que a ICAR, como fenómeno empresarial de sucesso, perdidas as armas repressivas, desabituada da tortura e esquecidos os autos de fé, procure a via legal, ganhando na secretaria, com o Estado, o que perdeu com a deserção dos créus.

Em Portugal, o ultraje à liberdade e à igualdade de todas as crenças tem origem na Concordata negociada nas alfurjas do poder por prelados sonsos e governantes pios. Sempre que se concedem privilégios alguém ganha e alguém perde e a Concordata é a capitulação do Estado, dito laico, perante a última teocracia europeia – o Vaticano.

A ICAR gosta de apresentar-se como defensora da moral e dos bons costumes, apesar da sordidez do seu passado e das misérias do presente. Nos últimos tempos o divórcio, o aborto, a eutanásia e os casamentos homossexuais fazem parte da sanha persecutória da última ditadura europeia.

O Vaticano esqueceu a facilidade com que no passado anulou casamentos em que único obstáculo era o custo da decisão, só ao alcance dos muito ricos.

Mas há um episódio interessante da nossa História que convém lembrar. A Igreja que se baseia na Bíblia, onde o incesto e outros crimes aparecem com natural condescendência é a mesma igreja que abençoa o adultério e incensa os adúlteros.

Quem passar por Alcobaça vá ver os magníficos túmulos de D. Pedro e D. Inês, junto ao altar-mor, para mais facilmente os amantes se encontrarem face a face, no dia de juízo final, quando no Vale de Josafat, entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, o criador do Céu e da Terra vier julgar os vivos e os mortos.

D. Pedro preferiu a bela Inês à rainha D. Constança, teve quatro filhos da adúltera, e a Santa Madre Igreja sepultou os amantes juntos, para gozarem as delícias da eternidade junto ao altar-mor do convento de Alcobaça, perante a indiferença de Deus e a cumplicidade dos padres.

Boa gente !

22 de Fevereiro, 2011 Carlos Esperança

C O N V I T E – Lançamento de livro

Onofre Varela é dirigente da Associação Ateísta Portuguesa

Este fim-de-semana no Porto
VENHA TOMAR UM CAFÉ COM ONOFRE VARELA!

O Novo livro de Onofre Varela, SOU GAJO PARA TOMAR UM CAFÉ, é apresentado, este fim-de-semana, no Porto, em dose tripla!
Assim, na 6ª feira, a partir das 21.30h, Onofre Varela estará no Centro Comercial Parque Nascente (no corredor em frente ao Jumbo), em Rio Tinto.
No sábado, às 17h, mais um café, desta vez na Fnac de Santa Catarina e no domingo, em vez de descansar, o autor/ator/ilustrador vai estar na Fnac do Gaia Shopping, também às 17h.

A anteceder todas as sessões de apresentação deste livro (de humor, pois claro!), haverá momentos de boa disposição com o próprio a interpretar alguns sketches teatrais. Porque tristezas não pagam dívidas (alegrias, ao que parece, diz Onofre Varela, também não. Por isso…)!

Não há, pois, desculpa para recusar o convite. Venha tomar um café (um cimbalino, como prefere dizer o autor) com ONOFRE VARELA!

o livro…
Sou gajo para tomar um café… e é mesmo. Ou, como prefere dizer, bem à moda do Porto, um cimbalino.

Neste livro, Onofre Varela convida o leitor a com ele partilhar episódios de humor. São histórias, a maior parte delas vivenciadas pelo autor, recheadas de boa disposição, mesmo naqueles dias em que tudo corre mal. E, já que tristezas não pagam dívidas (alegrias, ao que parece, também não), o melhor é enfrentar as adversidades com um sorriso nos lábios. Pode não resolver completamente o problema, mas acreditem que ajuda!
Ator e humorista, teme pelo seu emprego nesta área devido à temível concorrência dos políticos: “esses gajos cada vez me fazem rir mais”, diz o autor

o autor…
Onofre Varela nasceu no Porto em 1944, estudou pintura e exerceu a atividade de desenhador gráfico em litografia e agências de publicidade, antes de abraçar a carreira de jornalista (na área do cartune), em 1970,
no jornal O Primeiro de Janeiro. Colaborou com a RTP desenhando em direto a informação meteorológica no programa Às Dez e animando espaços infantis.
Foi caricaturista e ilustrador principal no Jornal de Notícias, onde também escreveu artigos de opinião, crónicas e entrevistas. Premiado em Portugal e no estrangeiro nas áreas da caricatura e da criação de
logótipos, expôs os seus trabalhos satíricos em Portugal, Espanha, França, Turquia, Macau e Brasil.
Publicou Cimbalino Curto, Lugar da Palavra, 2009, e O Peter Pan não existe, Caminho, 2007; é coautor de Cinco Enterros do João, Arca das Letras, 2006.

22 de Fevereiro, 2011 Carlos Esperança

Preparação do espectáculo pio

A vigília de preparação, a celebração da beatificação, a exposição dos restos mortais, a missa de agradecimento e a cerimónia privada de sepultamento. Esses são os principais momentos previstos para a beatificação de João Paulo II, que a Igreja irá proclamar bem-aventurado no próximo dia 1º de maio.

Esse importante evento eclesial será realizado em cinco etapas. Continuar a ler…

21 de Fevereiro, 2011 Ricardo Alves

Egipto: ser ou não ser islâmico

  • «O Islão é a Religião do Estado. O Árabe é a língua oficial, e a principal fonte de legislação é a Jurisprudência Islâmica (chária).» (Artigo 2º da Constituição do Egipto)
Centenas de egípcios, principalmente cristãos coptas, pediram ontem nas ruas a revogação do artigo 2º da Constituição egípcia. Compreende-se porquê. Um Estado com religião de Estado, seja essa religião a cristã, a judaica ou a islâmica, não é um Estado para os cidadãos. É um Estado para a divindade, para o além, para o que quiserem, mas não é um Estado para os problemas reais dos cidadãos concretos no único mundo que todos temos a certeza de existir. No ano em que o mundo árabe entrou em convulsão, há clérigos como o Grandessíssimo Cheik da Universidade Al-Azhar que consideram «subversão» revogar o artigo supra. A Irmandade Islâmica deve concordar. Os homens e mulheres livres, antes pelo contrário.
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
21 de Fevereiro, 2011 Ricardo Alves

Poligamia é liberdade religiosa?

É essa a opinião da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons fundamentalistas), e estão a defender essa reivindicação em tribunal.

A poligamia entre os mórmons fundamentalistas parece ser inseparável de casamentos com raparigas adolescentes, números elevados de filhos por mulher, e expulsão da comunidade de rapazes e homens que não casam. Um esquema autoritário e machista, «abençoado» pelo «Deus» dos mórmons.

21 de Fevereiro, 2011 Carlos Esperança

O deus do Papa odeia a Internet

Por

José Moreira

Pelos vistos, este mosteiro continua na Idade da Pedra.

Claro que esta minha conclusão poderá ser um pouco leviana. Por definição, um mosteiro é um local de reclusão. Ou seja, não há contactos com o exterior, a não ser em casos absolutamente obrigatórios – passe a redundância. Por exemplo, para ir ao médico. Aliás, numa entrevista de que só vi a parte final, a freira assegura isso mesmo. Daí que não se compreenda que a notícia chame “convento” ao mosteiro.

Na verdade, se a freira estava em reclusão – perdão, em clausura, não tinha nada que se relacionar com o mundo exterior, mesmo que através do Facebook. Clausura é clausura, ponto final. Agora, o que lamento é que Deus não tenha mandado um sinal à freira, a indicar-lhe que estava a afastar-se do caminho da “salvação”, seja lá isso o que for. Ou então, a “nossa senhora” poderia aparecer-lhe e explicar-lhe que essa coisa da Internet é assunto demoníaco.

Mas, se calhar, a “nossa senhora” ainda não regressou dos EUA…

Resultado: a freira teve de se inscrever num muito secular centro de emprego, porque Deus tem mais que fazer do que aturar pecadores e freiras relapsas.

20 de Fevereiro, 2011 Ricardo Alves

Tunísia: a vanguarda laicista do Magrebe

Há três meses atrás, seria considerado louco quem manifestasse a esperança de ver uma manifestação pela laicidade nas ruas de uma capital do Magrebe. Pois aconteceu ontem, em Tunes.

O pretexto imediato foram eventos como o assassinato de um padre católico, uma manifestação islamista anti-semita diante de uma sinagoga, e a tentativa, por islamistas, de incendiar uma rua de prostituição. A manifestação que podemos ver no filme afirmou claramente os valores da laicidade, da tolerância e da paz. Contra o perigo islamista.
Se existe um risco real de a revolução egípcia ser anulada pelos generais ou pelos islamistas, na pequena Tunísia há sinais de um movimento laicista e democrático que poderá desmentir todos os «civilizacionistas» e xenófobos que há décadas nos tentam convencer que um país árabe de população muçulmana não poderia nunca ser uma democracia laica.
Discute-se a perseguição às prostitutas; o véu islâmico; o papel das mulheres; o lugar da religião na vida pública; no fundo, a laicidade. Vivemos tempos de incerteza, mas fascinantes. A Tunísia, país da primeira revolução democrática árabe, dá-nos esperança de que tudo corra pelo melhor.
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
20 de Fevereiro, 2011 Carlos Esperança

Sur la bonne voie…

Por

E – Pá

Marek Rybinski - foto dnia/news/polski

Cerca de 1 mês após a fuga de Ben-Ali, a Tunísia, enfrenta as primeiras questões sobre a laicidade do futuro regime.

O rastilho que acabou por provocar a primeira manifestação pela laicidade na Tunísia foi o assassínio de um pastor católico polaco, Marek Rybinski, nas proximidades de Tunes, ao que parece, envolvendo esbirros “benalistas”.

O governo interino da Tunísia apressou-se a condenar este atentado à vida e a intolerância religiosa que lhe está subjacente.
No entanto, é de registar que o principal movimento islamita tunisino, Ennahda, também condenou, veementemente, esta morte. Mais, o Ennahda, denunciou este caso como “uma manobra para desviar os tunisinos dos objectivos da revolução”liberation.frEntretanto, na rede social Facebook circula uma petição mais concreta: “Por uma Tunísia laica” e “Fim aos actos extremistas”