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  • 27 de Outubro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Comentadores que a fé intoxica

Quem vem ao Diário Ateísta não pode esperar encontrar um vídeo com os pastorinhos de Fátima, um texto a condenar o preservativo ou o incitamento a que se mate quem trabalha ao 7.º dia, como piamente ensina a bíblia.

Os colaboradores do DA podem ser vigorosos na denúncia do que julgam as mentiras da fé e consentem que os comentadores ataquem o que julgam os nossos erros. É uma boa forma de crentes e ateus verem se a humanidade ou a crueldade são apanágio de um dos lados.

Há, no entanto, dois ou três comentadores a quem a hóstia faz pior do que os cogumelos e o padre Formigão fizeram aos pastorinhos de Fátima.

Um dos assíduos, quiçá por falta de vocabulário, quando se refere aos ateus só conhece o verbo ladrar. Pode ser hábito de família ou um uso nortenho mas é uma idiossincrasia que o coloca ao nível dos melhores amigos do homem. Eu seria incapaz de denunciar os latidos do devoto, os uivos do beato ou os roncos do primata. Quanto ao ódio, é uma das facetas que as madraças de qualquer religião ou a catequese de outro sistema totalitário conseguem imprimir nos espíritos que exoneram a crítica das lérias que lhes impingem.

Mas como dizer a um bem-aventurado que as palas impedem de ver os lados da estrada, que há mais mundo para além da religião que julga única, da crença que julga verídica, do deus que pensa ter sido oleiro há seis mil anos para criar Adão e Eva?

Deixemos que o Paraíso espere por estes benditos que julgam que os livres-pensadores beldam, que os ateus rosnam, que os descrentes uivam ,enquanto eles, os ungidos de um senhor que lhes inventaram, viajam de joelhos ou de rastos, de santuário em santuário, sem que um único neurónio ou uma só sinapse se mobilizem para um único raciocínio.

Ateo gratias.