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Dia: 3 de Outubro, 2007

3 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Visitantes fundamentalistas

Vêm por vagas. Saem desencabrestados das sacristias e entram no Diário Ateísta como solípedes em busca de ração e desatam aos pinotes por falta de cevada e alfarroba. Ora, o DA não é um órgão paroquial, o Cavaleiro da Imaculada ou outra qualquer publicação de louvores à Virgem e hinos ao fundador da seita.

Porque respeitamos a liberdade religiosa, não vamos aos blogues pios a debitar insultos, não comparecemos nas missas a interromper as homilias, não visitamos o Vaticano para insultar o último teocrata europeu. Temos o tino suficiente para respeitar os negócios da fé e deixar os crentes à mercê das sotainas.

Ora, na casa que é nossa, no espaço que portugueses e brasileiros mantêm como farol do livre-pensamento, é legítimo que advirtamos os incautos para as mentiras da religião e os vícios dos seus padres. Só crê no martírio de Deus quem quer e só se comove quem acredita na improvável existência de quem nunca fez prova de vida ou manifestou o mais leve interesse pelo destino da Humanidade.

Ultimamente, uma legião de mitómanos assaltou as caixas de comentários do DA para negar os crimes da sua Igreja e reabilitar os piores correligionários. Não lhes levamos a mal o proselitismo e a mitomania, apenas nos surpreende a facilidade com que mentem, a satisfação com que insultam, a ousadia com que põem os pés – todos – na casa alheia e vêm insultar, caluniar e ameaçar os ateus.

Ninguém nos acuse de parcialidade contra qualquer religião. Achamo-las todas falsas, todas perigosas, todas violentas, verdadeiros alfobres de evangelizadores capazes de recorrer à bomba para mostrarem a superioridade do seu Deus.

O que acontece com os crentes mais recentes é que já não disfarçam o ódio que lhes merece a democracia, o desprezo que nutrem pela liberdade, a aversão à modernidade e a simpatia pelos regimes autoritários e antidemocráticos.

Deus é, de facto, um veneno demasiado perigoso. Pior do que se existisse.

3 de Outubro, 2007 Helder Sanches

O espírito de Natal em alta

Hoje, dia 3 de Outubro, a 83 dias de 25 de Dezembro, a loja de pronto a vestir da Diesel na Praça de Camões, em Lisboa, já tem as suas montras com decoração de Natal. Viva o espírito natalício!

3 de Outubro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Tratado de Ateologia – Michel Onfray


Foi lançado este mês o Tratado de Ateologia de Michel Onfray, em português, pelas Edições Asa com tradução de Francisco Oliveira. Escrito em 2005 este livro já tinha uma tradução em português do Brasil pela Martins Fontes Editora, fica agora disponível em português de Portugal e mais facilmente acessível aos portugueses.

Fica uma sítese da obra de Onfray, escrita pelo próprio: «Os três monoteísmos, animados pela mesma pulsão de morte geneológica, partilham uma série de desprezos idênticos: ódio à razão e à inteligência; ódio à liberdade; ódio a todos os livros em nome de um só; ódio à vida; ódio à sexualidade, às mulheres, ao prazer; ódio ao feminino; ódio aos corpos, aos desejos, às pulsões. Em vez de tudo isso, o judaísmo, o cristianismo e o islão defendem: a fé e a crença, a obediência e a submissão, o gosto pela morte e a paixão do além, o anjo assexuado e a castidade, a virgindade e a fidelidade monogâmica, a esposa e a mãe, a alma e o espírito».

O escritor inicia o seu Tratado com um excerto do genial Nietzsche, do livro Ecce Homo: «”A ideia de “Deus” foi composta, foi investida como ideia contrária à vida – nela, em simbiose estupenda, se resume tudo quanto é nocivo, venenoso, caluniador, todo o ódio mortal contra a vida. A ideia do “além”, do “mundo-verdade”, foi inventada apenas para depreciar o único mundo que existe – para destituir a nossa realidade terrestre de todo o fim, razão e propósito! A “ideia” de alma, de “espírito” e, ao fim ao cabo, ainda de “alma imortal”, foi inventada para desprezar o corpo, para o tornar doente – “sagrado” – para tratar todas as coisas que merecem atenção na vida – as questões de alimentação, habitação, regime intelectual, cuidados com os doentes, higiene, temperatura – com a mais espantosa incúria! Em vez de saúde, “salvação da alma” – quer dizer uma loucura circular que vai das convulsões da penitência à histeria da redenção! A ideia de “pecado” foi inventada com o complementar instrumento de tortura, o “livre-arbítrio”, para extraviar os instintos, para fazer da desconfiança para com os instintos uma segunda natureza!»

Links úteis:
Tratado de Ateologia – Ed. Martins Fontes
Wikipédia: Michel Onfray

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