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Mês: Julho 2007

10 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Enquanto o Desenho Inteligente ou neo-criacionismo tenta disfarçar os seus propósitos religiosos sob uma capa de pseudo ciência, os criacionistas puros e duros pelo menos são mais honestos intelectualmente. De facto, assumem abertamente não só os seus pressupostos – nas palavras de Ken Ham «A Bíblia é a palavra de Deus, a sua história é realmente verdade, estes são os nossos pressupostos ou os nossos axiomas» – como o seu desprezo pela ciência, em especial pelo evolucionismo, que asseveram estar «a virar inúmeras mentes contra o evangelho de Cristo e a autoridade das Escrituras», para além de ser responsável por tudo e mais umas botas, da tragédia de Columbine à morte de Steve Irwin, o conhecido “Crocodile Hunter”.»(«Uma crítica construtiva», no De Rerum Natura)
  2. «No meio dos seus delírios religiosos George W. Bush não tem qualquer pejo em confidenciar-nos como vai longe a lucidez que se esperava do governante mais poderoso do mundo, há muito substituída pela irracionalidade e pela loucura fanática de uma fé completament alucinada:

    “Estou a cumprir uma missão que Deus me confiou. Deus disse-me: George, vai combater os terroristas no Afeganistão. E eu fui. E depois Deus disse-me: George, vai acabar com a tirania no Iraque. E assim fiz”
    “E agora, mais uma vez, sinto que ouço as palavras de Deus: Vai arranjar um Estado para os palestinianos e estabelecer a segurança em Israel. E, por Deus, vou conseguir esse objectivo”
    Governar em nome de Deus», no Random Precision)

  3. «A história da igreja católica é conhecida – os factos estão estudados, foram analisados e comentados por estudiosos das mais variadas orientações. Sabe-se das condenações oficiais do lucro, da anatemização do “juro” e da censura clerical dos mais rudimentares princípios da liberdade económica (e não só). De há muitos séculos a esta parte este foi o tom oficial.
    Também se conhece bem a história da Inquisição e os efeitos tremendos que as perseguições e convivência centenária com a intolerância aportaram. A história da igreja católica, certamente, não se resume à Inquisição mas é impossível compreender uma sem a outra – e o caso português, neste particular, constitui um verdadeiro case study.
    »(«O “EQUÍVOCO MOLINA”», no Blasfémias)
9 de Julho, 2007 Carlos Esperança

ICAR – A interrupção voluntária do celibato

O bispo dos Açores admite a interrupção voluntária do celibato eclesiástico tornado obrigatório pelo concílio de Latrão, em 1139.

Quando os bispos começam a pronunciar-se no sentido de interromper uma tradição, de mais de oito séculos, é, de certeza, uma tentativa para auscultar reacções da clientela e a resposta do mercado da fé.

Não é uma questão religiosa que está em causa, é um problema de recursos humanos da ICAR que urge resolver.

Há, todavia, no casamento dos padres três perigos que facilmente se adivinham:

1 – O possível aumento de candidatos numa altura em que a espécie se encaminha para a extinção;

2 – O acréscimo da força de vendas da fé católica com o regresso de muitos dos 100 mil padres casados;

3 – A diminuição drástica dos escândalos sexuais contribuindo para a dignificação do clero e para o aumento do número de crentes.

O único aspecto positivo residirá na discriminação das freiras, a quem o Vaticano nunca apoiará a mais leve tentação libidinosa e, muito menos, o direito reprodutor, acentuando o carácter misógino e a desigualdade de sexos que fazem parte da tara genética comum às três religiões do livro.

9 de Julho, 2007 Ricardo Alves

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu que as aulas obrigatórias de religião nas escolas públicas da Noruega violam o artigo 2º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem. O caso resultou de sete famílias norueguesas, há 10 anos atrás, terem decidido levar a tribunal a obrigatoriedade de aulas de religião. Estas famílias perderam em todos os tribunais noruegueses, tendo decidido recorrer para o Tribunal de Estrasburgo.

Este avanço para a liberdade de consciência na Noruega poderá alimentar o debate sobre a separação entre Estado e igreja num país que mantém um regime de igreja de Estado perfeitamente anacrónico.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
9 de Julho, 2007 Ricardo Alves

Bin Laden, o Bom Samaritano

No início dos anos 80, nos hospitais de Peshawar, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, havia um homem que ia de cama em cama, a dar uma palavra amiga aos feridos, distribuindo chocolates e frutos secos, e tomando nota do nome e endereço de cada mujahedin. Em casa, a família destes bravos lutadores contra o comunismo ateu recebia um chorudo cheque, com os cumprimentos do senhor Ossama Bin Laden.

A prática da caridade, para a qual nunca faltou dinheiro a um dos filhos de uma das mais ricas famílias sauditas, não é contraditória com a jihad. Amor para os nossos, e hostilidade para os de fora, são os dois preceitos que asseguram a estabilidade de muitos grupos sociais. Com uma ou outra variação, e com maior ou menor clareza, esta mecânica existe em todas as comunidades religiosas. E funciona.

Bin Laden ficou conhecido como «o Bom Samaritano». Anos depois, os pobres do Afeganistão e da fronteira paquistanesa ainda se recordam dele. Sacrificou uma vida serena, com dinheiro e conforto, pela sua fé. Um exemplo.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
7 de Julho, 2007 Carlos Esperança

A liturgia e a fé

Quem é um ateu para se imiscuir na liturgia da Igreja católica? Que tem a inteligência a ver com o Cristo servido às rodelas na língua dos devotos ajoelhados ou passado de mão em mão de um presbítero para o beato?

Não fora a vocação totalitária da religião e os ateus dedicar-se-iam a outras tarefas.

A liturgia é o circo da fé com Cristo a saltar do cálice, com duplo mortal e pirueta sobre a patena, para acertar na língua do devoto e percorrer o tubo digestivo até acabar na rede de saneamento após a descarga do autoclismo.

As religiões vivem de rituais como os ilusionistas da prestidigitação. O Papa de serviço é um avatar dos papas medievais que sofre a mágoa de não poder acender fogueiras e de ver os ímpios indiferentes ao Inferno e aos castigos divinos.

No regresso à Idade Média, no eterno retorno ao fanatismo e à intransigência, o pastor alemão sente a raiva da impotência e o ódio à modernidade. Sob a tiara, pensa na forma de fazer ajoelhar os homens e pôr de rastos os cidadãos.

Nada é mais desconfortável para B16 do que viver num mundo que não se persigna, ajoelha ou submete à vontade dos padres e às ordens do seu Deus. O Vaticano é uma ditadura encravada na União Europeia e o último Estado teocrático da Europa, herdeira do Iluminismo e da Revolução Francesa, berço da democracia e reduto da liberdade.

No bairro das sotainas germinam 44 hectares de ódio, cultivados pela legião de padres, monsenhores, cónegos, bispos e cardeais. Fabricam santos, bulas e indulgências, mas é o horror à liberdade que os anima, a conspiração contra a democracia e a aversão à modernidade.

O Vaticano é o Estado criado por Mussolini mas é, sobretudo, o furúnculo infecto num espaço onde o sufrágio universal não conta com o voto de Deus, ausente dos cadernos eleitorais.

7 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Por exemplo, o relato Blínico da criação fala-nos da Papa de Aveia primordial de onde foi criada toda a Terra. Do leite que sobrou foi formado o Coalho, que os Blin, na Sua sabedoria, transformaram em Queijo Fresco, criando assim a Lua. De Galileu ao início do século XX isto era apontado por muitos como contradizendo o conhecimento científico, pois observava-se que a Lua seria composta por rocha e cinza mineral, não por queijo fresco.

    Com o advento da mecânica quântica a ciência teve que recuar e admitir a viabilidade do relato Blínico. Sabemos agora que toda a matéria é composta por partículas sub-atómicas, e que a rocha e o queijo fresco são apenas arranjos diferentes dessas mesmas partículas. Deixa de haver contradição, pois a Lua é assim precisamente rocha e queijo fresco em simultâneo, num sentido quântico e metafísico transcendente. E alguns cientistas até admitem a incapacidade de provar categoricamente que o núcleo da Lua não contenha queijo fresco. Sendo que o relato Blínico não contradiz a ciência, justifica-se depositar nele a nossa fé absoluta. E justifica-se rejeitar a ciência caso seja novamente contrária a este relato metafísico revelado. Afinal, a ciência muda, mas o relato Blínico é sempre o mesmo.»»(«Ecumenismo Blínico.», no Que Treta!)

  2. «Ser Cadete: Código de Honra 9. O Aluno da Academia Militar ama devotadamente a sua Pátria e forja os seus ideais no culto dos grandes valores humanos e cristãos que a encheram de glória no passado. […] É completamente inaceitável que o Código de Honra da Academia Militar faça menção ao cristianismo. Seria suficientemente grave que qualquer escola ou universidade pública submetesse os seus alunos ao respeito dos “valores cristãos”. Que os militares, que são quem no limite deve garantir a segurança e estabilidade do regime, tenham um código de ética que vai contra a Constituição é duplamente grave. Impõe-se a denúncia deste caso e a alteração do referido código.»Pela Laicização da Academia Militar», no Blogue Liberal Social)
  3. «Para manter as aparências as seitas não podem pôr anúncios nos jornais ou na TV, por exemplo, dizendo que a seita X leva o adepto mais depressa para a salvação (o que quer que isso seja) sem estragar o fato. Têm que ser mais subtis, arranjam uns programas pseudo-culturais em que o objectivo é o mesmo, enviam visitantes a casa, ou abordam os incautos na rua. É isto o proselitismo. Acusar uma seita, como a ICAR, de proselitismo é o mesmo que acusar uma vaca de dar leite, ou uma águia de voar: faz parte da sua natureza e sem essa atitude não sobreviveriam.»(«O proselitismo das religiões», no Croquete-matinal)
6 de Julho, 2007 Ricardo Alves

No final do primeiro mandato da Comissão da Liberdade Religiosa

A Associação República e Laicidade enviou uma carta ao Ministro da Justiça onde faz o balanço do primeiro mandato de actividade da Comissão da Liberdade Religiosa (CLR). A carta destaca que a comissão que agora termina o seu mandato (nomeada por Celeste Cardona em Fevereiro de 2004) não espelhou a diversidade existente em matéria religiosa em Portugal, tendo sido deliberadamente excluídas da sua composição quer os defensores da laicidade do Estado, quer pessoas sem religião. Esta limitação traduziu-se num empobrecimento das perspectivas representadas na comissão, que foi particularmente visível nos colóquios promovidos, onde jamais foi convidado alguém que defendesse a laicidade do Estado ou uma pessoa que não tivesse religião. Efectivamente, e apesar de Portugal ser teoricamente um Estado laico, esta comissão estatal preferiu convidar oradores abertamente anti-laicistas (como Bacelar Gouveia, que foi ao ponto de confundir laicidade do Estado com ateísmo de Estado). Estive presente no primeiro colóquio promovido pela Comissão, e perguntei porque tinham sido convidados apenas oradores que descreviam os sistemas de relações entre Estado e igrejas na Alemanha, no Reino Unido ou na Espanha, e porque não era dada atenção aos sistemas mais laicistas da França ou dos EUA. Foi-me respondido taxativamente que essas perspectivas «não interessavam».

No entanto, a liberdade mais fundamental é a liberdade de consciência, que inclui a liberdade religiosa como um caso particular, mas que inclui também a liberdade de não ter religião e a liberdade de criticar a religião. Por querer restringir-se a pessoas e entidades religiosas, a CLR acabou por ver passar-lhe ao lado os debates mais importantes que neste período agitaram a sociedade portuguesa, nomeadamente sobre religião e violência, sobre a questão dos crucifixos ou sobre o protocolo de Estado. No período final, a CLR entrou em roda livre, com sugestões do seu presidente de «levar a religião às universidades», e com a proposta, no segundo colóquio, de uma disciplina obrigatória de religião. Note-se que qualquer uma destas propostas, se adoptada, afectaria os cidadãos sem religião ou sem prática religiosa (que constituem, registe-se, a maioria da população portuguesa).

A Comissão da Liberdade Religiosa, criada pela Lei da Liberdade Religiosa (2001), é formada por um presidente nomeado pelo Conselho de Ministros, três representantes das comunidades religiosas «radicadas» nomeados pelo Ministro da Justiça, «cinco pessoas de reconhecida competência científica» nomeadas pelo Ministro da Justiça, e dois membros directamente nomeados pela ICAR (que é a única confissão religiosa a que a Lei da Liberdade Religiosa não se aplica). Este arranjo é criticado pela Associação República e Laicidade num documento cuja leitura recomendo.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
5 de Julho, 2007 Carlos Esperança

Vaticano – O regresso ao Concílio de Trento

Os «pérfidos judeus» de uma oração da Sexta-feira Santa (abolida só em 1960) podem voltar pela vontade de Bento 16 cujo ímpeto reaccionário e proselitismo religioso só encontram paralelo nos mais histéricos mullahs.

Pedir a Deus que tenha piedade, «até dos judeus», inscreve-se no mais demente espírito persecutório do anti-semitismo cristão cujas consequências estão vivas na memória do holocausto. Do antro do Vaticano sopra o ódio vesgo, o racismo do Novo Testamento, a xenofobia romana, o horror à diferença e à liberdade.

B16 é a incarnação de todos os demónios totalitários a vomitar latim por entre odores de incenso e borrifos de água benta, ao som do cantochão. O tirano conhece bem a história mas não aprendeu a democracia que viu florir á sua volta como obra do Demo.

Hitler aprendeu no cristianismo a odiar os judeus. Bento 16 aprendeu na Bíblia que sabe de cor, no ódio que lhe percorre a face, da tiara até às orelhas, e nas fogueiras do Santo Ofício que o seu Deus só se impõe à humanidade através da exterminação dos inimigos.

A face tolerante do cristianismo não é mais do que a máscara que cobre a raiva e o ódio que a Reforma, a Revolução Francesa e o secularismo o obrigaram a afivelar. Se, por um instante descurarmos a vigilância contra o asco que crepita envolto em sotainas não tarda que novas cruzadas e velha fogueiras defendam a pureza da fé católica e o ódio torpe dos clérigos romanos á democracia e à civilização numa orgia totalitária ao gosto do pastor alemão.

Do livro «A Igreja católica e o Holocausto – Uma dívida moral», Daniel Jonah Goldhagen, respigo os dados seguintes:

– O Evangelho segundo S. Marcos tem cerca de 40 versículos anti-semitas;

– O Evangelho segundo São Lucas tem cerca de 60 versículos explicitamente anti-semitas e apresenta João Baptista a chamar aos judeus «raça de víboras»;

– O Evangelho segundo São Mateus tem cerca de 80 versículos explicitamente anti-demitas:

– Os Actos dos Apóstolos têm cerca de 140 versículos explicitamente anti-semitas:

– O Evangelho segundo S. João contém cerca de 130 versículos anti-semitas.

«Só estes cinco livros contêm versículos explicitamente anti-semitas suficientes, num total de 450, para haver em média mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia» (pág. 316 e seguintes).

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Nota: O cartoon foi publicado por amável deferência do autor.
5 de Julho, 2007 Carlos Esperança

Alá abandonou-os

O líder da Mesquita Vermelha, Abdul Aziz, apelou esta quinta-feira através de uma entrevista à televisão pública, aos 1000 radicais barricados no templo para se renderem.

O líder religioso foi detido quando tentava abandonar a mesquita (palco dos confrontos entre os radicais islâmicos e as forças de segurança paquistanesas) disfarçado com uma «burqa» negra.

Comentário: Deve ser duro, para um líder religioso, viajar de burka, ser preso assim vestido e ver-se abandonado por Deus.