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Dia: 15 de Fevereiro, 2006

15 de Fevereiro, 2006 Palmira Silva

Grupo islâmico assume culpas na guerra dos cartoons

Enquanto a guerra dos cartoons continua a incendiar os países islâmicos, Ahmad Akkari, o libanês residente na Dinamarca que reclama representar 27 grupos islâmicos deste país, assumiu parte da responsabilidade nesta polémica.

Em declarações à Associated Press, Akkari assumiu um terço da culpa pela guerra dos cartoons, responsabilidade que quer igualmente repartida pelo governo dinamarquês, que não lhe deu a atenção a que achava ter direito, e pelo jornal Jyllands-Posten, que publicou os cartoons.

O grupo, que é acusado pelo governo de dar uma imagem errada da Dinamarca e que um inquérito recente indica ser culpabilizado pelos dinamarqueses pelos desenvolvimentos do incidente, irrelevante não fora a intervenção de Akkari, afirma que se foi «queixar» da «dupla» ofensa aos líderes da Organização da Conferência Islâmica porque o governo dinamarquês não lhe deu ouvidos nos protestos iniciais (quiçá por considerar que a questão deveria ser apreciada nos tribunais e não pelo governo…).

Assim, munido de um port-folio com os cartoons (inócuos) a que adicionou mais 3 (estes sim ofensivos) e alusões a uma proposta de censura ao Corão de um grupo de extrema-direita dinamarquês (cuja popularidade subiu com esta guerra), Akkari viu-se «forçado», com a preciosa ajuda dos líderes dos países muculmanos reunidos em Meca em Dezembro passado, a transformar um incidente local irrelevante no problema à escala mundial cujas consequências temos podido avaliar em todos os meios de comunicação, nacionais e internacionais!

15 de Fevereiro, 2006 Carlos Esperança

Culpadas são as vítimas

Bastavam os padres:

Serras Pereira, que considera que «qualquer relação sexual que não vise a procriação é perversa e que «o aborto é um crime pior do que a pedofilia»;

Cláudio Franco, dos Açores, que, para além dos dislates mais descabelados, publicou os «10 mandamentos do demónio aos católicos não praticantes»;

Humberto Gama, que numa sessão de exorcismo, exibe o órgão viril para extrair os demónios pela vagina da possessa.

O catedrático de Teologia jubilado Gonzalo Gironés, sacerdote valenciano, debitou no boletim paroquial «Aleluya», editado pelo Arcebispado de Valência, a prosa mais vil, misógina e pusilânime que se possa imaginar:

Traduzo do «EL PAÍS, de ontem:

«Uma mulher queixava-se a um jornal da agressão que sofre metade da humanidade, ou seja as mulheres, por parte da outra metade. Prova disso são as 63 mulheres mortas às mãos dos cônjuges em Espanha no ano de 2005. Sem negar que seja verdade, convém ser preciso.

Primeiro: nada se diz do que fizeram as vítimas, que mais de uma vez provocam com a sua língua. (O varão, geralmente, não perde as estribeiras por domínio, apenas por debilidade: não aguenta mais e reage descarregando a sua força que se abate na provocadora).

Fica ainda uma segunda observação: Não tiveram em conta que houve em Espanha, durante o mesmo período, 85.000 abortos reconhecidos? Por cada mulher morta às mãos de um homem houve 1.350 crianças assassinadas por vontade das mães. É pior.»

Os talibãs estão aqui tão perto.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta/Ponte Europa)

15 de Fevereiro, 2006 Carlos Esperança

Deus – A descer

De acordo com sondagens realizadas pelo respeitado Instituto Gallup Internacional em 65 países, o numero de pessoas que se consideram religiosas ou afirmam acreditar num Deus qualquer não pára de diminuir: eram 87% em 2000 e apenas 66% em 2005.

O número dos que se vinculam a uma religião passou de 88% para 60% na Europa Ocidental; de 84% para 65% na Europa de Leste; de 77% para 50% na Ásia/Pacífico; de 91% para 71% na América do Norte e de 96% para 82% na América do Sul.

O Gana está em 1.º lugar em percentagem de crentes (96%) seguido pela Nigéria 94%).

À cabeça do ateísmo está Hong-Kong com 54%. E dos sem religião a Tailândia (65%) seguida pelo Japão (59%).

Em todo o lado, excepto África, a prática religiosa retrocedeu. Apenas se verifica, para gáudio dos prosélitos, que o envelhecimento traz Deus de volta.
A sondagem de 2005 aponta uma relação de causa/efeito entre o fenómeno religioso e a situação social e económica das pessoas: quanto mais elevados os níveis de instrução, mais baixos são os níveis de religiosidade.

Não é ainda o fim das religiões que se anuncia nem os primatas paramentados estão em vias de extinção. Mas é um bom augúrio para uma sociedade liberta da opressão divina, um princípio do fim dos medos, uma alteração na correlação de forças que submete os crentes à opressão do clero.

É nesta fase de declínio da fé que a raiva eclesiástica atinge o paroxismo. As feras, no seu estertor, são perigosas.

Fonte: LA VANGUARDIA.es Lunes, 13 de febrero de 2006
Dios se siente solo – SAMIR GHARBI – 12/02/2006JEUNE AFRIQUE L´INTELLIGENT, París, 11 / II / 2006