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Dia: 28 de Janeiro, 2006

28 de Janeiro, 2006 jvasco

Entrevista com Douglas Adams

Vagueando pela internet, dei de cara com uma entrevista ao Douglas Adams feita pela “American Atheists” (já bem antiga, até…). As respostas que deu pareceram-me particularmente sensatas, e decidi traduzir alguns excertos que acho melhores:

«Na Inglaterra parece que se tem visto uma deriva de um vago Anglicanismo não muito convicto para um Agnosticismo não muito convicto – ambos dos quais creio que mostram o desejo de não pensar muito nas coisas»

«[Em relação a ser Ateu e não Agnóstico,] outras pessoas perguntam como é que eu posso alegar que sei? Não é a crença de que deus não existe tão irracional e arrogante como a crença de que existe? Para estas respondo negativamente por várias razões. […] Eu acredito ou não acredito na minha filha de 4 anos quando ela me diz que não fez aquela sujeira no chão. Eu acredito na justiça e no desportivismo […] Eu também acredito que a Inglaterra devia entrar na União Monetária Europeia […] Poderia facilmente estar errado e sei disso. Estes parecem-me usos legítimos da palavra “acreditar”. […] Eu estou, no entanto, convencido de que não existe deus […]»

«Eu não aceito a teoria da moda de que cada ponto de vista merece tanto respeito como o oposto. A minha perspectiva é que a Lua é feita de rocha. Se alguém me disser “bem, tu nunca lá estiveste, pois não? Se não viste por ti, a minha perspectiva de que é feita de queijo de castor norueguês é igualmente válida” – eu nem me vou dar ao trabalho de discutir […]. Deus era a melhor explicação que nós tínhamos, e agora temos ums série de explicações melhores. Deus deixou de ser a explicação de alguma coisa, mas passou em vez disso a ser algo que exige uma quantidade incontável de explicação. Então, não me parece que estar convencido que deus não existe seja tão irracional ou arrogante como acreditar que existe. Nem me parece que sejam comparáveis»

«O que me espantou, no entanto, foi a percepção de que os argumentos a favor de ideias religiosas são tão débeis e patetas comparados mesmo com os de assuntos tão interpretativos e subjectivos como a história. De facto, eram vergonhosamente infantis»

Também achei muito curioso ficar a saber que Douglas Adams passou do agnosticismo para o ateísmo com a leitura dos excelentes livros de Dawkins. No meu caso a obra de Carl Sagan teve alguma inflência pois levou-me às reflexões que acabaram por resultar nessa mudança (do agnosticismo para o ateísmo).

28 de Janeiro, 2006 Palmira Silva

Teoria de Cordas e a Ilusão do Desenho Inteligente


A teoria de cordas por uma qualquer razão que não ainda não percebi preenche o léxico do imaginário de insuspeitos cidadãos, nomeadamente os meus alunos recém-chegados ao Técnico, quiçá devido a títulos como o deste comunicado de imprensa da Northeastern University, que, recheado de referências à teoria de cordas, indica que cientistas desta Universidade e da UCIrvine, encontraram sinais de dimensões extra. Na realidade, resolvi investigar o artigo original que motivou toda a excitação de evidências para as «exóticas previsões da teoria de cordas» e, mais uma vez, não me pareceu detectar qualquer confirmação desta teoria, bem pelo contrário.

Mas como de teoria de cordas dizer que não percebo muito é um eufemismo e todos os semestres vejo um olhar incrédulo nos meus alunos quando o confesso, há uns tempos que ando para comprar um livro de divulgação científica sobre o tema que preencha as lacunas de conhecimento que as conversas com os meus amigos físicos não conseguem colmatar.

Hoje descobri um livro, que já encomendei, que junta o útil ao agradável, um que dá título ao post e que é o primeiro livro de divulgação escrito por um dos pais da teoria, Lenny Susskind.

Nele, para além de descrever para «o povo» a teoria, Susskind afirma não ser necessário qualquer desenho inteligente associado ao princípio antrópico, que basicamente tem sido utilizado para afirmar impossível ser a vida na Terra o que é subjacente ao evolucionismo, ou seja, o produto do acaso, e propõe que o Universo e as leis da Física foram «desenhadas» para a existência do Homem. Ou seja, como o próprio afirmou, «Descobri [em blogs e websites religiosos] esta enorme cultura de pessoas que acreditam que o princípio antrópico significa desenho inteligente. O que foi educacional para mim. Este livro é sobre não serem necessárias explicações sobrenaturais».

Apesar de para mim o princípio antrópico ser simplesmente uma pescadinha de rabo na boca será interessante ver a abordagem de Susskind ao tema!