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Dia: 6 de Junho, 2004

6 de Junho, 2004 André Esteves

O kitsch religioso da semana

Aparentemente alguém tem a ideia que este conjunto que vêem à vossa esquerda é uma boa companhia para uma reunião de amigos á volta de uns cocktails… Não imagino quem será suficientemente fanático para apanhar uma carraspana das antigas, tendo por companhia este João Paulo II sorridente.

Isto de copos e polacos, fez-me lembrar umas histórias… Alguém já ouviu falar dos prémios Darwin?

Bem… Há uns anos atrás, o agricultor polaco Krystof Azninski resolveu tomar uns copos com os amigos… o nível de álcool aumentou de tal modo no grupo, que a partir de certa altura, alguém sugeriu que se despissem, fossem para o meio da neve e jogassem “jogos de homens de barba rija”. E assim aconteceu… Primeiro, começaram por bater com nabos congelados nas cabeças uns dos outros, e nas próprias cabeças, para demonstrar o quanto conseguiam aguentar de dor, ao mesmo tempo que gritavam:

– Estão a ver!! Estão a ver!! Não há ninguém mais macho do que eu!!!

Sendo um “jogo de homens de barba rija” a coisa entrou logo em escalada… Um dos membros do grupo, no meio desta orgia de álcool e testosterona, ligou uma moto-serra e cortou os dedos de um pé, exclamando:

– Não há ninguém mais macho do que eu!!

Krystof Azninski não esteve com meias medidas, pegou na moto-serra, olhou nos olhos do seu amigo e disse:

– Então olha isto!!! Não há ninguém mais macho do que eu!! – E cortou, num só golpe o próprio pescoço.

Posteriormente, os amigos, já no meio da ressaca, afirmaram que, sim.. Krystof tinha morrido como um homem de barba rija, apesar de quando era pequeno gostar de vestir as roupas da irmã (?).

Imagino que se na Polónia os bares domésticos, tivessem uma instalação como a que vemos na imagem, não ouviríamos falar de cenas deste género… Claro que haverá sempre a eterna discussão que «a culpa era do materialismo comunista» que esteve na tão católica terra da Polónia, ou se o machismo será um valor espiritual (as famílias crentes do latino sul da Europa, assim parecem pensar…).

De resto… Qual é a semiótica da coisa? Muito simples. Para o público feminino, dá-lhe mais descanso. Afinal com todo o uso que das imagens, o catolicismo faz, imagino que as esposas fiquem a pensar que os seus maridos ficarão em boa companhia.

Quanto aos homens? A partir da segunda garrafa, pouco importa…

Quanto a mim.. Na presença de uma tal instalação, só me apetecia fazer uma coisa: apanhar uma valente bebedeira. Desopilava o fígado quando começasse a falar com o mural…

6 de Junho, 2004 André Esteves

Mil veses a morte



Esta imagem é um cartaz do início do século XX, de uma empresa portuguesa de revenda de tripas secas e salgadas. A classe burguesa era constítuida por muitos livre-pensadores e anti-clericais, que vieram a empenhar-se na revolução republicana. Embora os valores expostos, com humor, neste cartaz, sejam o estoicismo com um certo grau de niilismo, não deveriam deixar de chamar a atenção e chocar os pobres consumidores de tripas.

Como alguém já disse: «Não há boa ou má publicidade – só há publicidade.»

Se não podemos gozar com a morte, com o que poderemos?

6 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Peregrinos atropelados a caminho de Fátima

«Dois peregrinos morreram e quatro ficaram feridos, dois em estado grave, atropelados por um automóvel às 03:30, perto de Pombal, quando se dirigiam para Fátima» – informa o Portugal Diário.

Os resultados preliminares desta peregrinação apontam para 2 mortos, 4 feridos e 0 ressuscitados. Há muito que o número de mortos bate claramente o dos miraculados. E de ressuscitados não há qualquer registo.

Não se sabe a graça que imploravam ou as promessas que cumpriam. Sabe-se apenas como Deus os atendeu. Tudo o que Deus faz é bem feito – dizem os padres.

Quanto a estes mortos e feridos, o Santuário ainda não reconheceu o milagre.