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Categoria: Vaticano

20 de Abril, 2016 Carlos Esperança

Discriminação pia

Cedência vergonhosa do Estado laico ou quota excedida na teocracia?

De qualquer modo, é uma cedência que atraiçoa os Direitos Humanos.

Paris retira indicado a cargo na Santa Sé após 15 meses de tenso silêncio do Papa. No papel, Laurent Stefanini era candidato ideal
BRASIL.ELPAIS.COM|POR CARLOS YÁRNOZ
23 de Março, 2016 Carlos Esperança

O beijo na mão e o beija-mão

Não, não sou contra o beijo, essa revelação de afeto que pode começar na mão e acabar onde a geografia do corpo e o entusiasmo dos sentidos possa levar, num percurso a que as hormonas e o consentimento mútuo marcam a duração, intensidade e reciprocidade, numa explosão de alegria e satisfação.

Desprezo o beija-mão, uma tradição de reverência que na minha juventude se praticava em relação aos pais, padrinhos e párocos, de que os hábitos familiares me exoneraram. As origens medievais, na cultura lusófona, fizeram dele o costume monárquico, herdado depois pela corte imperial brasileira, em que o vassalo mostrava reverência ao monarca, em cerimónia pública ou, antes de solicitar alguma mercê, em privado.

Há sociedades onde o beija-mão permanece, não como mera tradição, mas com carácter imperioso, nas religiões e na máfia, duas instituições onde os graus hierárquicos são de respeito obrigatório e, na última, condição de sobrevivência.

Permanece em algumas religiões o hábito do beijo recíproco, entre iguais, (são sempre homens os clérigos) e o beija-mão do inferior ao superior e do crente ao clérigo.

Em sociedades democráticas, laicas e secularizadas, subsiste nas cerimónias privadas, pias e discretas, sem que os chefes de Estado humilhem os países que representam em atos públicos de obsoleta reverência.

É inaceitável que, sendo católicos, o presidente da Junta de Freguesia, oscule a mão do pároco, o presidente da Câmara a do arcipreste ou a do bispo, quando autarca na sede de distrito, o edil de Lisboa a do cardeal-patriarca e o PR a do Papa de Roma.

O poder civil, democraticamente sufragado, não pode, por respeito ao carácter laico da Constituição, e por decência, dobrar-se servilmente, genufletir-se ou atirar-se ao anelão de um bispo com o denodo com que S. Tiago se atirava aos mouros.

22 de Março, 2016 Carlos Esperança

Bênção do Papa é mais eficaz?

Cidade do Vaticano (RV) – O brasiliense Gabriel del Fiaco, voluntário brasileiro para a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, em julho, participou da celebração do Domingo de Ramos com o Papa Francisco, no domingo.

Em entrevista à Rádio Vaticano, ele conta sobre a passagem por Assis e Montecassino, na Itália, de onde provêm os ramos que foram abençoados pelo Papa e que serão levados à Cracóvia e distribuídos em uma ocasião especial.

16 de Março, 2016 Carlos Esperança

O Inferno já não assusta os padres

Padre admite ter passado documentos do Vaticano a jornalistas

15 Mar, 2016 – 12:11

Padre espanhol Vallejo Balda diz ter sido pressionado para divulgar segredos da Santa Sé pela arguida Francesca Chaouqui, que lhe terá dito que era dos serviços secretos italianos.

O padre Vallejo Balda admite ter passado documentos secretos a jornalistas. Foto: DR

O sacerdote espanhol Vallejo Balda, que trabalhava na curia romana, confessou ter fornecido documentos secretos do Vaticano a jornalistas, no âmbito do processo que ficou conhecido na imprensa como Vatileaks II.

14 de Março, 2016 Carlos Esperança

O Vaticano já não pode confiar nos empregados

Detido novamente padre acusado de revelar segredos da Santa Sé

O Vaticano voltou a deter o padre espanhol Lucio Vallejo, acusado de revelar segredos da Santa Sé, revogando a prisão domiciliária a que estava sujeito, por ter comunicado com o exterior.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou hoje que Lucio Vallejo, acusado com outras quatro pessoas no caso conhecido como “Vatileaks 2”, ficou novamente detido na polícia do Vaticano para não continuar a comunicar com o exterior.

7 de Março, 2016 Carlos Esperança

A indústria dos milagres é uma vergonha

O obscurantismo é o húmus da Igreja católica

Vaticano: Igreja vai ter dois novos santos
Cidade do Vaticano, 04 mar 2016 (Ecclesia) – A Igreja Católica vai ter dois novos santos, depois de o Papa ter autorizado hoje a publicação de decretos relativos a milagres atribuídos à intercessão de Emanuel González e Isabel da Trindade, beatos da Espanha e França.

D. Emanuel González García (1877-1940), antigo bispo de Palença, é o fundador da União Eucarística Reparadora e da Congregação das Irmãs Missionárias Eucarísticas de Nazaré, tendo vivido durante o “trágico período” da guerra civil em Espanha, recorda a Rádio Vaticano.

A emissora pontifícia apresenta depois a futura santa francesa Isabel da Trindade como uma “grande mística”.

Isabel Catez (1880-1906), religiosa carmelita, morreu aos 26 anos, após um longo sofrimento causado pela Doença de Addison.

Além das duas canonizações, o Papa abriu caminho à beatificação da carmelita francesa Maria Eugénia do Menino Jesus (1894-1967) e à religiosa argentina Maria Antonia de São José (1730-1799).

OC

25 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

O papa católico e a abolição da pena de morte

A pena de morte, execrável e irreversível crueldade, que subsiste, mesmo em países ditos civilizados, é uma ofensa à civilização e ao humanismo que é seu apanágio.

Parece que o número expressivo de inocentes, não faz tremer a mão de quem condena e de quem assina a autorização das execuções. Há tradições que se perdem no tempo e se conservam com sádica vigilância dos povos que não renunciam à violência.

A tradição permanece em vários países e a humanização das penas continua à espera de legisladores corajosos e da educação cívica para erradicar a crueldade.

A pulsão assassina está inscrita no código genético das populações tribais e no desejo de vingança que habita populações que não evoluem. As religiões são, aliás, um veículo da violência através do culto dos valores tribais em que nasceram.

É por isso que o pedido de abolição da pena de morte pelo Papa Francisco, ao arrepio da sua própria Igreja, assume particular relevância e deve ser saudada.

É um ato corajoso que rompe com a tradição e redime valores bárbaros que as religiões perpetuam. Sendo uma voz com influência nos crentes do seu Deus é de crer que países como o EUA possam romper com tão bárbara tradição de que raros dos seus Estados se emanciparam.

É pena que os dignitários islâmicos, os bispos do protestantismo evangélico e os rabinos dos judeus das trancinhas não sigam o exemplo do Papa católico, mas todas as grandes caminhadas começam com pequenos passos.

17 de Fevereiro, 2016 Carlos Esperança

João Paulo II (JP2) – a canonização adiada

A morte de JP2 relembrou a dor e sofrimento manifestados na URSS quando o pai da Pátria, José Estaline, exalou o último suspiro, e o histerismo demente que rodeou a morte do aiatola Khomeini em todo o mundo islâmico, particularmente no Irão. Em comparação, as mortes de Franco, Salazar e Pinochet foram choradas de forma contida.

O absolutismo papal que restaurou com o apoio entusiástico do Opus Dei, Libertação e Comunhão, Legionários de Cristo e outros movimentos integristas, tornou JP2 o Papa da Contrarreforma, antimodernista, infalível, intolerante, substituindo os arcaicos autos de fé pela propaganda e pela diplomacia.

O Papa da Paz, como os devotos o designam, apoiou a Eslovénia e a Croácia (católicas) e a Bósnia e o Kosovo (muçulmanos) contra a Sérvia cuja obediência à Igreja Ortodoxa constitui um entrave ao proselitismo papal que tem nos ortodoxos a principal barreira ao avanço do catolicismo para leste. Já assim foi na II Grande Guerra.

A proteção aos padres que participaram ativamente no genocídio no Ruanda é mais um desmentido ao boato sobre o alegado espírito de paz que o animava.

A intervenção de JP2 a favor da libertação de Pinochet, quando foi detido em Londres, é coerente com a beatificação de Pio IX, do cardeal Schuster, apoiante de Mussolini e do arcebispo pró-nazi Stepinac. O apogeu da afronta foi a canonização veloz do admirador de Franco e fundador do Opus Dei, Josemaria Escrivá de Balaguer.

JP2, ele próprio profundamente supersticioso e obscurantista, chegou a ser obsceno na forma como engendrou milagres para 448 santos e 1338 beatos cujos emolumentos contribuíram para o equilíbrio financeiro da Santa Sé e para o delírio beato dos fiéis.

Desde a prática do exorcismo à exploração de indulgências, da recuperação dos anjos à aceitação dos estigmas como sinal divino (canonizou o padre Pio), tudo lhe serviu para alimentar a fé de sabor medieval e o desvario místico.

O horror que nutria pela contraceção, o aborto, a homossexualidade e o divórcio são do domínio da psicanálise. O planeamento familiar era para o papa medieval um crime. Considerava a SIDA um castigo do seu Deus e, por isso, combateu o preservativo, tendo o Vaticano recorrido à mentira, afirmando que era poroso ao vírus (2003). A misoginia, a conceção do carácter impuro da mulher e o horror à emancipação feminina foram compensados pelo culto insalubre da Virgem, recuperado da tradição tridentina.

Como propagandista da fé, pressionou Estados, intrometeu-se na política de numerosos países, ingeriu-se nos assuntos relativos ao aborto, à eutanásia ou ao divórcio e instigou populações contra governos democraticamente eleitos. Apoiou os comandos antiaborto, estimulou a desobediência cívica, em nome da fé, pressionou a redação da prevista Constituição Europeia e chegou ao disparate de pedir aos advogados católicos que alegassem objeção de consciência e se negassem a patrocinar divórcios.

O Papa da Paz que condenou a atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago; que envidou todos os esforços para obter o da Paz para si próprio, que justamente lhe foi negado; que excomungou o teólogo do Sri Lanka, Tyssa Balasuriya por ter duvidado da virgindade de Maria e defendido a ordenação de mulheres; que perseguiu e reduziu ao silêncio Bernard Häring, Hans Küng, Leonardo Boff, Alessandro Zanotelli ou Jacques Gaillot; que marginalizou Hélder da Câmara e abandonou Oscar Romero; que combateu o comunismo e ficou em silêncio perante as ditaduras fascistas; João Paulo II morreu uns dias depois de o Vaticano ter proibido a leitura ou a compra do «Código Da Vinci», do escritor Dan Brown, sem nunca ter criticado a fatwa que condenou à morte o escritor Salmon Rushdie.

O Papa que morreu, segundo a versão oficial, no dia 02-04-2005 (soma=13), às 21h37 (soma=13), curiosidades «assinaladas» pelo bispo de Leiria/Fátima, foi o beato algoz da liberdade, autocrata medieval e fanático supersticioso. A sua morte consternou chefes de Estado e de Governo, alimentou noticiários das televisões de todo o mundo, rendeu biliões de ave-marias e padre-nossos, e pôs milhões de pessoas a rezar o terço, vestígio do Rosário da Contrarreforma, a que adicionou um novo mistério.

JP2 era certamente uma pessoa de bem que escondeu essa faceta para ser celebrado por dignitários políticos, religiosos e outros hipócritas. É desse Papa que conheci, que deixo um esboço, quando as cartas particulares, acabadas de revelar, o humanizam e mostram que não era alheio à influência das hormonas.

A canonização de JP 2 era capaz de deslustrar a imagem do papa Francisco, o papa que tanto pode prorrogar o prazo de validade da sua Igreja como tornar-se para o Vaticano o que Gorbatchov foi para a URSS.

As cartas que revelam “uma relação intensa” com Anna-Teresa Tymieniecka podem custar a João Paulo II a privação do alvará para obrar mais milagres e, depois de ter curado uma freira com doença de Parkinson, da qual ele próprio sofreu em vida, e lhe permitiu a beatificação, pode falhar o milagre que lhe falta para a canonização.