Loading

O feriado do Corpo de Deus

O exótico feriado traz-me à memória os ensinamentos das catequistas da minha infância.

«Deus está em toda a parte».

A deformidade do corpo deve acompanhar o delírio da sua representação antropomórfica. Ainda que ocupe só o Planeta que habitamos, não se pode esperar de tal corpo menores malformações do que as que sofre a Terra.

Pretendem alguns celebrar o mistério da Eucaristia, o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo, um processo alquímico que nas mãos de um consagrado clérigo transforma uma rodela de pão ázimo em corpo e sangue do Deus-filho, transformação que só crentes radicais conseguem notar.

A Igreja católica, que se pela por milagres, mistérios e comemorações, em vez de celebrar o corpo de Deus de uma só vez, podia festejá-lo em peças, ao osso, ao músculo, ao nervo, à víscera ou ao órgão.

Bastava fazer a Deus o que faz à mãe da estrela da companhia, JC. O sagrado coração, a ascensão, a assunção, o parto e as viagens de burro são objeto de comemorações.

Há poucas coisas tão estúpidas como as religiões.