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Dia: 7 de Outubro, 2014

7 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Empório do Vaticano

Os números do poder eEconómico do Vaticano

Estima-se que o Vaticano seja o dono de cerca de 20% a 30% dos imóveis da Itália – incluindo igrejas, escolas, hospitais, clínicas e até hotéis
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Vista aérea de Roma e da Cidade do Vaticano

Vista aérea de Roma: Bento XVI vai deixar de ser chefe de Estado que tem pouco mais de 800 moradores e menos de 0,5 quilômetro quadrado

São Paulo – No final de fevereiro, o papa Bento XVI deixará o cargo. Assim, ele deixa de ser chefe do Estado da cidade do Vaticano, o menor Estado do mundo em tamanho e um dos menores em população.

7 de Outubro, 2014 Luís Grave Rodrigues

A Mulher Católica

As principais religiões do mundo definem-se a si próprias como defensoras de princípios éticos de honestidade, de paz e de tolerância e amor ao próximo.
No entanto, o que é facto é que, na prática, TODAS elas – quer historicamente, quer ainda agora – acabam por ser acérrimas opositoras de quem não perfilha as mesmas ideias, ou de quem tão simplesmente pratica o culto ao seu Deus de modo distinto.
É mesmo das religiões que provêm os mais chocantes exemplos de intolerância e preconceito.

E, se a Igreja Católica Apostólica Romana não é excepção, ela caracteriza-se também pela mais profunda e abjecta homofobia e pela mais inqualificável misoginia. Provavelmente mais ainda do que as restantes religiões.

Se não vejamos:

Logo nos princípios fundamentais das religiões cristãs, transmitidos directamente e sem intermediários pelo próprio Deus a Moisés, consta como mandamento: «não cobiçar a mulher alheia».

Ora, quer isto dizer que o próprio Deus reduziu a mulher a um mero e passivo objecto de cobiça, sem autonomia de vontade para a negar ou para lhe resistir.
E quer isto dizer que não resta ao homem outra alternativa para resguardar da cobiça alheia a mulher de que é “proprietário”, não a vontade da própria mulher (que a vontade da mulher não é para aqui chamada), mas somente o último recurso: a vontade divina.
E como a autoridade suprema só tem de legislar em função daquilo que é necessário e que é previsível que aconteça, nem sequer se deu ao trabalho de prever um mandamento que, reciprocamente, proíba a mulher de cobiçar o homem alheio.
Obviamente que a mulher não tem capacidade suficiente para levar a cabo uma tarefa tão masculina como é essa de «cobiçar».
Como está absolutamente fora de questão a própria mulher querer vir um dia… a ser cobiçada…

Na verdade, se alguma coisa é característica da Igreja Católica é o modo como a mulher é encarada como algo sujo e pecaminoso, um ser de segunda categoria e absolutamente desprovido de raciocínio, e que deve ao homem obediência cega.
O próprio celibato do clero não visa mais do que afastar todos aqueles santos homens, representantes de Deus na Terra, dessa coisa abjecta que é a mulher, que só os distrai das sagradas tarefas de Deus e os aproxima inexoravelmente do pecado.

Principalmente desde o Século IV com Santo Agostinho (que deve ter sido um tarado sexual de primeira apanha), o próprio modo como a Igreja Católica encara o sexo – simplesmente como algo porco e um horrível pecado contra Deus – reflecte-se imediatamente no modo como é encarado o “objecto” desse sexo: a mulher.

Assim, como poderia a Igreja Católica permitir a ordenação dessa coisa suja e abjecta que é a mulher? A mulher nem sequer tem dignidade para ajudar à missa, quanto mais para ser padre!

Desde há séculos, a mulher não é mais do que o oposto polo aristotélico do homem, e não serve para mais do que, pela negativa, o afirmar positivamente. Como o mal afirma o bem; como o negativo afirma o positivo.
E não são raros os exemplos históricos das mulheres que, por falharem nesse seu sagrado desígnio, foram queimadas como bruxas. Bastava que alguém desconfiasse que pensavam por si, ou que tão somente demonstrassem qualquer aptidão artística.

As próprias mulheres que se aproximaram de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, são tratadas pela Igreja Católica com um machismo e uma misoginia que não se entende que ainda prevaleça e se aceite nos nossos dias.

Teria sido absolutamente normal que Jesus Cristo, afinal um homem, tivesse casado com Maria Madalena, a quem teria tratado como sua igual, e que teria sido sua fiel e confidente companheira. E que o teria acompanhado nos momentos mais difíceis da sua vida, e que nunca o abandonou, nem mesmo na hora da sua morte.

Mas, como está absolutamente fora de questão que Jesus Cristo, Deus e filho de Deus, do alto da sua santidade de Espírito Santo se tenha alguma vez «conspurcado» pelo contacto com uma mulher, desde logo a Igreja Católica imediatamente reduziu a pobre Maria Madalena ao nível mais baixo do escalão mais baixo que já por si era como mulher: passou a ser uma prostituta.

Mas o exemplo mais paradigmático da misoginia da Igreja Católica é o que se passa com a própria mãe de Jesus Cristo, a Virgem Maria.

A Maria de Nazaré foi pura e simplesmente negado ser mulher.
E para que Maria pudesse ser mãe, mesmo sem ser mulher, foi então determinado que fosse virgem, obviamente por intermédio de um dogma, que é para não haver mais discussões.
De tal modo que ninguém se importou que com isso o carpinteiro com quem era casada fosse automaticamente transformado assim numa espécie de «corno manso», incapaz de consumar o seu próprio casamento.

Uma vez mais com a persistente ideia (que para mim é inegavelmente muito suspeita) de que o sexo é uma coisa abjecta e suja, a Igreja Católica passou a tratar a mãe de Jesus como a «Virgem», a «Imaculada» ou outros impropérios do género, fazendo-a subir aos Céus toda ela, em alma e corpo, com hímen e tudo, sem sequer lhe dar direito a ter tido uma simples relação sexual na sua vida terrena.

Porque, para a Igreja Católica, depois de ter tido uma relação sexual a mulher nunca mais será a mesma e não serve já para mais nada.
Ao contrário do que acontece com o homem que, como toda a gente sabe, está acima dessas coisas. Até o seu esperma é sagrado e não pode ser derramado inutilmente, sob pena de morte.

A mulher, não. Porque a mulher já foi «tocada». Já foi «suja». Já tem uma «mácula» que nunca mais sai.
E, nem que fosse só para ser mãe, uma mulher assim «manchada», já não poderia subir aos Céus.

E mais: assim numa coisa que parece muito próxima de uma vulgar e africana excisão ritual de clitóris, nem sequer foi dado a Maria de Nazaré o direito de subir aos Céus sem antes ter tido um orgasmo.
E agora é tarde, porque nos Céus não há cá dessas porcarias.

Porque, como é óbvio, Deus não quer.
Pois se Deus é pai, é filho e é espírito santo, então, e como toda a gente sabe, Deus… é HOMEM!

Uma coisa é certa: 
nunca deixará de me surpreender como é que uma MULHER, digna desse nome e orgulhosa da sua condição, pode em plena consciência intitular-se CATÓLICA!

7 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

“EM VERDADE VOS DIGO” (2/5)

Crónica Ateísta de

Onofre Varela 

O que é a Verdade?

Espero que os leitores não vejam no título genérico desta rubrica uma provocação à sua fé, nem entendam que uso uma frase religiosa fora do contexto bíblico. As considerações de um ateu estão inseridas no contexto da Bíblia, porque um ateu é um crítico do conceito de Deus.

Logo, assuntos como a Bíblia, os Evangelhos, outros textos religiosos, históricos, científicos e filosóficos, mais os discursos de papas, bispos e sacerdotes, são o material das suas reflexões.

Escolhi a frase evangélica “Em Verdade vos digo”, referida por Marcos e Lucas, com a intenção de dizer o mesmo que Jesus Cristo (JC) pretendeu dizer quando a proferiu (a crer nos evangelistas). Era intenção de JC sublinhar a Boa Nova que apregoava, na contradição de textos e conceitos que os judeus aceitavam por verdade, ou de outros
que não relevavam como deviam. “Em Verdade vos digo” foi o modo encontrado por JC (ou que os evangelistas colocaram na sua boca) para reafirmar frases sábias inseridas no Levítico, como, por exemplo, “Ama o próximo como a ti mesmo”, que JC via sempre tão esquecida nas atitudes dos sacerdotes que se pretendiam modelos de comportamento. Do mesmo modo eu pretendo chamar a atenção dos religiosos de mente fechada a outras interpretações, para o facto de haver quem pense de outro modo com a mesma legitimidade que reivindicam para si. Note-se que a Verdade de algo é a sua essência, e esta raramente é consensual.

“A verdade é só uma”, diz o Povo, mas cada um tem a sua!… e nas religiões as verdades multiplicam-se. Os quatro evangelistas têm, cada um, a sua verdade para JC! É neste contexto de a Verdade não ser una, que os ateus defendem a sua, desde os tempos da Antiga Grécia.

O Ateísmo é uma filosofia que nega a existência real e concreta de uma divindade por não haver prova da sua existência, e não especula sobre a sobrenaturalidade. O ateu entende que Deus é um conceito, vive muito bem sem ele e assume-se responsável pelos seus actos, dá valor à sua vida e à dos outros, cultiva a Razão, a amizade e a entreajuda, e confia no método científico para construir modelos da realidade, rejeitando a fantasia da vida para além da morte.

(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)