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  • 9 de Setembro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

Cunhas a Jesus Cristo. Recordar JP2

A ICAR marcou indelevelmente a sociedade portuguesa cujo atraso é, em boa parte, obra sua. Já Antero de Quental definiu de forma notável as «Causas de decadência dos povos peninsulares», decadência que parece acentuar-se na faixa mais ocidental.

JP2 ao pedir a Cristo «que não abandone o Homem» estava convencido de que a cunha subserviente era útil ou comportava-se com hipocrisia para disfarçar uma influência que não tinha, para impressionar os fregueses espalhados pelo mundo? No pedido, JP2 aproveitava para informar JC de que a humanidade precisa dele. No seu peculiar jargão dizia «Recordai-vos de nós, Filho eterno de Deus. A humanidade inteira, marcada por tantas provas e dificuldades, necessita de Ti». Ou Cristo não sabia disso, e precisa que o Papa o lembrasse, ou sabia, e não o levava a sério. Para os ateus é ponto assente que um cadáver não vê, não ouve, não sente e, sobretudo, não aceita cunhas.

Mas o mais surpreendente foi o pedido à entidade patronal para as igrejas do Oriente e Ocidente e os seus líderes, «para que a luz que receberam, a comuniquem com liberdade e com valor a todas as criaturas». Esse ato, de quem disputa o mercado das almas à concorrência, só podia ser encarado como atitude de profundo cinismo e de fingimento de uma bondade que dois mil anos de proselitismo desmentem.

Os apelos à paz e os pedidos pelos doentes, crianças da rua e outros desgraçados bem sabia JP2 e o seu séquito que eram inúteis e que não se resolviam com orações e apelos públicos a JC, durante a missa, apesar dos meios técnicos usados, incluindo telefones de última geração que, pela primeira vez, no seu pontificado transmitiram a Missa do Galo.

JP2 devia lembrar-se de que, segundo a sua superstição, Deus faria bem melhor em evitar as desgraças do que esperar que o Papa lhe pedisse para as tornar menos obscenas. Evitava o espetáculo deprimente de enganar os simples com promessas que não podia cumprir, pedidos a quem não ouve e a criação de expectativas vãs a quem já tem do sofrimento um razoável quinhão.

O resto eram as habituais lamúrias pela proteção da vida, desde a conceção, obsessão doentia de quem se desinteressa da explosão demográfica que ameaça o Planeta e sabe que quanto maior for a miséria mais a devoção se acentua.