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Dia: 17 de Agosto, 2013

17 de Agosto, 2013 David Ferreira

Canal História – uma vergonha para a ciência

O canal História é uma vergonha para a ciência. Não satisfeito por nos brindar com uma série puramente especulativa onde se defende a criação da Humanidade por extraterrestres, sem que para tal existam provas credíveis, brinda-nos agora com “As portas do Inferno”, uma série absolutamente indescritível e facciosa sobre uma das criações mais perversas e absurdas da humanidade: o Inferno. Como não poderia deixar de ser, os comentadores selecionados são, na sua maioria, sacerdotes, atingindo-se o êxtase com a demência abstrusa dos pastores evangélicos norte-americanos. O clímax atinge-se com a audição do próprio Inferno em gravação digital, sons distorcidos de alegadas almas torturadas e em perpétuo sofrimento gravadas algures num buraco na Sibéria. Não explicam os sacerdotes como poderá um corpo imaterial sofrer dores que apenas um corpo físico pode proporcionar e sentir…

De há muito que se apercebe a influência de grupos religiosos organizados, poderosos e endinheirados, no referido canal. E deste modo se vai escrevendo e reescrevendo vergonhosamente a mentira e a estupidez de alguns alucinados, certificada por uma suposta credenciação científica.

Este mundo necessita desesperadamente de razão e lucidez tanto como de ar para respirar.

17 de Agosto, 2013 David Ferreira

Richard Dawkins e as generalizações

Ao que parece, um recente tweet de Richard Dawkins tem provocado acesa celeuma, não apenas entre os visados mas também entre muitos ateus, agnósticos, humanistas e livres-pensadores. O tweet em questão reza o seguinte: “Todos os muçulmanos do mundo têm menos Prémios Nobel que o Trinity College, em Cambridge. No entanto, eles fizeram grandes coisas na Idade Média.”

Não é de agora que Richard Dawkins divide opiniões, tanto entre os que o odeiam, como pelos que partilham e compreendem a sua filosofia e o seu empenho pela globalização do conhecimento científico, embora não corroborando com a sua militância obstinada e incisiva contra as religiões que o leva, por vezes, a fazer afirmações consideradas como meras generalizações desprovidas da ponderação necessária a um intelectual do seu gabarito com credenciais mais que firmadas.

Deixemo-nos de tretas. Todos somos hipócritas de uma forma ou de outra. A hipocrisia é a máscara que usamos para suscitar a aceitação por parte do outro, tanto individual como colectivo, preservando o Eu que não queremos expor às intempéries sempre imprevisíveis do julgamento e da apreciação alheios. Esta máscara serve-nos de igual modo para enfrentar os nossos adversários com uma aparente cortesia defensiva, mas que tem a utilidade de conseguir precaver e antecipar um possível ataque, defendendo e inocentando numa mesma acção um dissimulado grito de guerra. Vivemos na era do politicamente correto e as regras do convívio social, alicerçadas na tolerância cultural e intelectual, bloqueiam demasiadas vezes a verdadeira essência do que realmente somos e sentimos e do que intentamos transmitir à sociedade, mesmo que não pretendamos um efeito borboleta ideológico ou filosófico.

Vem isto a propósito dos debates a que tenho assistido passivamente nos grupos e páginas das redes sociais dedicadas ao ateísmo e onde a postura alegadamente insultuosa de Richard Dawkins tem sido criticada por muitos ateus, alguns dos quais classificam a sua postura como racista. Devo dizer que não concordo com esta interpretação que alguns fazem do que considero apenas uma mera provocação. Se é descabida ou não, fica ao critério de cada um. Se é criticável ao ponto de alguns afirmarem a irrelevância de Dawkins para um recomendável e aconselhável “bom nome” do ateísmo, não deixa de ser também o colocar do dedo numa ferida ostensiva que debilita impunemente e que a cobardia moral da tolerância generalizada a todo o custo e em todas as frentes socioculturais tende a alimentar.

Não pretendo com isto defender ou desculpabilizar Dawkins por todas as afirmações que faz. Não sou apologista do endeusamento de homens tanto quanto não creio em deuses inventados por eles. Admiro o seu trabalho, o seu empenho e compreendo, porventura em demasia, as suas motivações. Resumindo, reconheço o valor inestimável e muitas vezes incompreendido da causa que defende para o futuro da humanidade. Dawkins sabe o que diz. Sabe quem pretende atingir. Infere apenas de uma observação empiricamente indesmentível: que o fanatismo islâmico tem implodido deploravelmente uma civilização que foi outrora colossal e grandiosa, a quem a humanidade tanto deve. Diz aquilo que todos pensamos mas que a hipocrisia que cultivamos nos impede de manifestar publicamente com receio de sermos apontados a dedo tanto pelo juízo académico, racional e filosófico do emprego despropositado de lógicas falaciosas, como pela recatada prudência dos que tudo acham que devem tolerar, até a intolerância, com um enorme sorriso amarelo. As generalizações poderão ser falaciosas se aplicadas ao todo. Mas e se forem aplicadas não ao todo, mas a uma grande parte dele? E que dizer de todos os que afirmam que uma grande parte do todo é representativa do todo, como por exemplo os que afirmam que Portugal é um país católico por ter uma grande maioria de crentes católicos? E nesta observação, não se generaliza de igual modo? Ou serão as generalizações apenas falaciosas quando carregadas de uma hipotética carga negativa? Fica à interpretação de cada um.

Meus caros, quando os glóbulos brancos se organizam para combater corpos estranhos ao organismo, há sempre vermelhidão e intumescência na pele. A dor é apenas um sinal de aviso, um toque subtil de alerta. E é nestes momentos em que o corpo está enfraquecido que todos os curativos, todos os apoios, todos os contributos são bem-vindos. Ter conhecimento da doença e não a combater por todos os meios razoáveis apenas por se julgar que o corpo causador da enfermidade também é um corpo que deve ser protegido, é aceitar a doença passivamente. E quem assume aceitar e conviver com a doença não tem moral para se queixar dos efeitos nefastos que a pandemia causa ou possa vir a causar.

17 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Dias de cólera e de demência

No Egito trava-se um combate cruel e sanguinário. De um lado encontram-se os que foram apeados do poder a que acederam democraticamente, odiando a democracia; do outro, os que o conquistaram por um golpe de Estado e repudiam a submissão à sharia.

Há quem pense que a democracia confere à maioria o direito discricionário e que tudo é permitido, mas não há democracia onde os direitos das minorias não forem respeitados.

Entre a força das armas dos militares e as hordas de fanáticos islâmicos não se brinca à democracia e à incerta laicidade, é a geoestratégia global que arma os militares e excita os Irmãos Muçulmanos. Por entre uma confrangedora orgia de sangue e violência.

E não acusem os suspeitos do costume desta manifestação de intolerância fascista.