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  • 19 de Outubro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

A primeira santa australiana

A Austrália está eufórica. O Vaticano criou a primeira santa autóctone, alargando o mercado da santidade a um continente. Só falta descobrir um prodígio a alguém que se instale na Antárctida, para cobrir de santidade o Planeta.

Mary MacKillop (1842/1909) foi para o Inferno pois a isso a condenou a excomunhão que lhe foi aplicada por ter denunciado um padre pedófilo. Um Papa infalível (em matéria de fé) entendeu que devia condená-la às labaredas perpétuas onde um diabo lhe mergulhava a alma em azeite fervente, como se faz às rabanadas por altura do Natal. O mesmo Papa ou outro, tanto faz, igualmente infalível encomendou-lhe dois milagres e tornou-a santa.

Fizeram o mesmo a Joana d’Arc com a curiosidade de ter sido reabilitada pelos mesmos bispos que a haviam condenado. Aliás, a santidade foi atribuída a vários Papas católicos cujos crimes esgotavam a lista dos pecados e os altares acabaram por receber pai, filho e neto, todos papas, todos igualmente dados à luxúria e ao incesto. Enfim, insondáveis desígnios do deus de Bento 16 e de numerosos seguidores.

Claro que as pessoas de são juízo se interrogam como funcionam os transportes no Paraíso e no Inferno, as duas criações mais lucrativas da ICAR depois de ter fechado o Purgatório.

Terá a santa uma guia de marcha passada pelo diabo para poder sair do Inferno ou um salvo conduto do deus de B16 para poder viajar para o Paraíso?

E quem paga a viagem, fornece o transporte e corrige os livros de registos das almas?

São questões teológicas que não me ensinaram na catequese.